Capitulo 11

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Renata olha para o vazio que lhe é oferecido, sabe se que um dia em seu íntimo isso aconteceria mas não esperava que fosse tão cedo.

Existe várias dores. A dor simples de um machucado. A dor pelo sermão longo dos seus pais. A dor de não ter amigos. A dor de precisar se impor todos os dias para que ninguém passe por cima de você. E bem, vem a dor da morte.

Essa Renata não sabia que aconteceria tão cedo, foi como se uma angústia subisse pelo seu estômago indo diretamente para o seu peito a sufocando com uma tamanha intensidade que a menina não conseguia se mover.

E depois, a paz que tanto procuramos  e almejamos. Ali só existia ela mesma, sem preocupações, sem a pressão que a sociedade impõe. Só o grande vazio infinito.

— Sabes que ainda não é a tua hora. — Uma voz fala no tamanho silêncio. Parecia uma pequena agulha quando cai no chão vibrando com toda a sua intensidade.

— Será mesmo? Não existe hora certa para morte. — Renata pronuncia as palavras na calma mais possível que se existe em seu ser. Claro, ali não precisava de pressa.

—  Não és a tua hora porque não cumpristes o teu propósito na terra. — A voz fala mais séria. — Todos tem um propósito a ser concluído, só precisa achar o teu.

— Será que irei conseguir? — Renata olha para aquele imenso mar a sua frente. — Tenho medo do desconhecido.

— E quem não tem? O desconhecido te tira da tua zona de conforto assim, te elevando para algo maior. — A voz parecia circular a menina como uma ventania suave. — Não tem problema ter medo, ele nos ajuda na maioria das vezes. Porém não o deixe te dominar.

— Vou poder conhecer o dono da voz? — Renata fala antes de se levantar.

— Quem sabe um dia quando eu renascer, caipora. Por enquanto estarei nos teus sonhos, velando eles. — Renata fecha os olhos lentamente recebendo a brisa como um beijo suave em seu rosto.

Se levanta e caminha em direção a porta onde ali estava, olha para trás e sem hesitar avança caindo na imensa escuridão.

— Filha! — Renata abre os olhos bruscamente. — Vamos para a escola? — Márcia está na sua frente. Foi tudo apenas um sonho.

— Certo. Já estou indo. — A menina passa as mãos pelos cabelos o arrumando.

— Você está bem? — Márcia pergunta confusa.

— Estou, só com preguiça mesmo. — A menina rir leve quando sua mãe sai pelo quarto a fora a gargalhadas.

Se levanta recebendo um olhar de preocupação do tucano a sua frente.

— Não se preocupe, não vou te deixar tão cedo meu precioso Rafael. — Renata beija o longo bico do animal e vai para o banheiro se aprontar para a escola.

Depois de arrumada, se despede de Rafael que não gosta muito da ideia. Pega sua a coisas e se despede de Márcia que a deixa na porta da escola.

— Qualquer coisa liga pra sua mãe tá? — Renata confirma e sai deixando uma ponta de preocupação no peito da mulher.

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Inês arrumava o bar com Camila, hoje tinha decidido abrir o mesmo já que vazia dias que não o abria.

Com a volta do corpo seco, a mulher ficou mais focada em protejer sua filha além de qualquer coisa. Protejer a filha e a outra mãe dela.

— Terminamos aqui. Pode ir Camila, lhe espero de noite. — A sereia assente e parte porta a fora.

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