Segunda Fase ( O retorno)

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A madrugada estava fria e chuvosa naquela noite. O silêncio da rodoviária fazia com que o local ficasse mais sombrio e propenso a aparições que fariam o mais corajoso dos homens temer. Se os quatro fossem meramente humanos comuns, corriam grandes riscos de serem assombrados por almas que vagavam por aqueles locais em busca de ajuda, ou apenas para pagarem suas penas.

Porém os adolescentes não eram somente humanos, tinham a aparência de pessoas comuns mas dentro si, carregavam algo valiosos, principalmente uma certa garota, que encostada em uma coluna dividia sua atenção em ler um livro que estava em sua mão e observar tudo e a todos.

Seus olhos estavam atentos a cada detalhe. Tudo o que podia acontecer ou alguém que poderia surgir para causar problemas. A menina carregava dentro de si mesma, um instinto de proteção com os seus, era melhor não mexerem com quem ela amava, o preço seria muito caro.

O menino mais novo era o que estava mais descontraído, com suas bolas de tênis, fazia malabarismos às vezes fazendo a mesma flutuar no ar, o que era repreendido pelo outro rapaz, que trajava uma calça jeans escura, com uma blusa branca com um casaco preto de coro e óculos escuros. O mesmo assobiava uma canção antiga, que contava sobre um pequeno índio que morrerá por um trágico acidente de canoa.

Havia também uma outra menina, que estava sentada em umas das cadeiras da rodoviária. A garota era linda, pele negra que brilhava a luz do luar, olhos cor de mel que em que havia uma doçura e delicadeza, e cabelos longos cacheados. A mesma estava sonolenta, de vez em quando fechava os olhos cansada, só queria poder dormir um pouco.

O silêncio pairava sobre os quatro. O ponteiro do relógio já marcava 3:00 da manhã e ao longe, podia se ouvir um pequeno barulho de gotas de água caindo fortemente.

Enquanto o silêncio persistia na rodoviária, o tic-tac do relógio ecoava como uma contagem regressiva para o desconhecido. Cada gota de chuva que caía parecia sussurrar segredos insondáveis, criando uma atmosfera densa e carregada de mistério.

Na penumbra, objetos esquecidos ganhavam vida própria, suas sombras dançando entre as colunas desgastadas da estação. Uma mala abandonada no canto emitia um leve zumbido, como se contivesse algo mais do que simples roupas e pertences pessoais. Os 3 adolescentes trocavam olhares nervosos, conscientes de que não estavam sozinhos naquela hora deserta da madrugada enquanto única que parecia saber o que estava acontecendo, lia um livro, sossegada.

De repente, um lampejo de relâmpago cortou o céu escuro, iluminando brevemente o interior da rodoviária. Por um instante fugaz, uma figura fantasmagórica pareceu se materializar no canto mais distante, sua presença sinistra dissipando-se tão rapidamente quanto apareceu.

A garota de pele negra estremeceu, seus olhos cor de mel fixos na escuridão além das janelas embaçadas. Ela sentiu um arrepio percorrer sua espinha, como se algo além da compreensão humana estivesse espreitando nas sombras.

Os outros 2 adolescentes, agora completamente alertas, trocaram um olhar silencioso, seu medo compartilhado unindo-os em um pacto silencioso de sobrevivência. Eles sabiam que aquela noite reservava segredos sombrios que estavam prestes a serem revelados, e estavam determinados a enfrentá-los juntos, não importa o custo.

— Esse ônibus não chega não Renata? — Caíque pergunta impaciente. Já haviam esperado bastante e paciência não era seu forte.

— Paciência é uma virtude que todos precisam ter, Caíque. — Irani fala ao ver que a caipora não havia respondido o filho do curupira, pois estava muito atenta em seu livro.

— Ixi, tá falando de paciência pro filho do curupira? A entidade mais cabeça quente de todas as outras? — Caio fala rindo.

Renata ergueu os olhos do livro, um sorriso divertido brincando em seus lábios.

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⏰ Última atualização: Aug 07 ⏰

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