Efeito Borboleta

Conexão

O vento soprava fortemente naquela manhã. O silêncio no ambiente deduzia que todos no acampamento dormiam. Todos menos uma pessoa.

Renata não conseguia prender os olhos, sentia que a guerra estava casa vez mais perto. Mais perto do que imaginava e precisava urgentemente aprender a controlar seus poderes. O controle de animais havia sido fácil, saber da ciência das ervas também, ela já havia tido algumas experiências quando morou sozinha na mata. O fogo foi algo difícil porém a mesma conseguiu com muita persistência.

O que era quase impossível para a menina era controlar a magia e os sonhos. Isso lhe rendia horas e horas de treinamento árduo, mais do que de Irani resultando em um extremo cansaço porém a mesma não podia dormir uma noite inteira, somente cochilos no máximo de dez minutos ou quinze, consequência da maldição da...

— Não conseguiu dormir? — A Caipora escuta uma voz suave.

— Não. — Renata responde com um suspiro profundo.

— É a maldição não é? — A jovem sereia pergunta recebendo um aceno como resposta. — Sinto muito minha amiga. Queria poder ajudar você. — Irani senta atrás da outra, penteando suavemente os cabelos negros de Renata.

— Só estou preocupada com o teste de amanhã. — Renata olha séria para a chuva que caía fora da cabana.

— Eu entendo. Também estou preocupada pelo teste, saberemos se podemos já viver entre os humanos ou não. Faz tanto tempo que não vejo um. — Irani sorrir, começando um penteado simples no cabelo da outra.

— Um ano precisamente. — Renata fala. Fria e sem entusiasmo.

— Um ano que nos conhecemos. Que somos amigas. — Irani fala doce fazendo Renata sorrir pela primeira vez no dia.

— Um ano que conhecemos aqueles dois patifes. — As duas começam a rir com a fala de Renata.

— Sinto saudades do Cacá. — Irani fala rindo um pouco. — E também do jeito estressado do Caíque.

— Duas. — Renata fala rindo um pouco.

— Amiga, seu cabelo está enorme. Acho que deveria cortar só as pontinhas, pra ficar só na cintura sabe. — Irani fala medindo o cabelo da outra que assente.

Calmamente, a jovem serei pega uma tesoura e corta as pontas do cabelo da outra, deixando fielmente na cintura.

— Você sabe que se cortar as pontas, seu cabelo cresce mais saudável e encorpado? — Irani fala finalizando o cabelo da menina.

— Sabia, só que as vezes me esqueço. — Renata rir risonha se virando lentamente em direção a sereia. — Um ano é muito tempo. — Renata murmura pensativa.

— Eu sei. E a propósito, tenho algo pra te dar. — Irani corre para dentro da cabana e pega um embrulho. — Aqui. Toma.

— O que é? — Renata pergunta surpresa.

— Abra e saberá. — Cantarola Irani.

Renata pega o pacote e abre lentamente. Dentro da caixa estava um colar feito a mão, com uma pedra roxa entrançada em uma linha preta.

— Que lindo. — Renata olha encantada para o colar.

— É de ametista. Protege contra energia ruim. Eu mesma fiz com a ajuda da mãe Jaci. — Irani fala risonha.

— Obrigada. — Renata fala olhando a amiga com carinho.

Delicadamente, a adolescente coloca o colar e joga o cabelo para frente fazendo a sereia bater palmas entusiasmada.