O segurança

Capítulo 22

Ela dormiu e fiquei a observando por um tempo. Ana se tornou uma mulher forte, determinada e quase destemida. Se fosse a alguns anos atrás ela se trancaria, sairia correndo ao escutar que tem pessoas querendo fazer a mal a ela, mas ao invés disso ela escutou, tentou entender e foi sábia ao compreender a gravidade da situação. 

Deixei Ana na cama e fui trabalhar, eu precisava localizar Ravi e ver todo esquema de segurança da fazenda para a minha ida com Ana. O cara que está aqui no Brasil, possivelmente a mando de Ravi vive em um bar afastado da cidade. Típico de pessoa que não quer ser notada. 

Minha empresa tem acesso a vários sistemas visuais da cidade, em todos os lugares temos olheiros, câmeras de segurança, território. Se esse cara está atrás de Ana Lara, ele que se prepara para bater de frente comigo, por que na minha mulher ele só toca se eu estiver morto. 

Com as informações a qual Caio me enviou, eu pude adiantar muitas coisas com relação a esse assunto e poder bolar o plano peneira. Só quero fazer isso quando formos para fazenda, poucas pessoas sabem a localização desse lugar, sempre que vou lá é de helicóptero e das únicas vezes que fui por terra soube selecionar meus seguranças. Se o furo estiver no comboio que vai conosco, eu descobrirei quem é. 

Olhei para o relógio e já eram quase 3:00h da manhã, prometi a Ana que não passaria a noite trabalhando, então desliguei meu notebook, guardei os papeis que estavam em minha mesa e fui para o quarto. Ela dormia agarrada ao travesseiro, sorri pois parecia que me procurava na cama. Deitei-me ao seu lado e a trouxe para mais perto de mim, cheirei seus cabelos que tinham um cheiro maravilhoso e fechei meus olhos. Essa mulher agarrada a mim tem o poder de me transformar, de um homem inabalável, inferível aos olhos de muito, para um homem de barreiras baixas, suscetível. Mas ao mesmo tempo em que pareço ter baixo a guarda ao seu lado, também estou mais atento a tudo ao meu redor, minha atenção redobra e mesmo as vezes perdendo a concentração com ela ao meu lado, sempre estou pronto para revidar a um ataque. 

Acabo pegando no sono e só acordo quando sinto Ana se debater em cima de mim. Ela estava suada e seus cabelos estavam revoltos. Sentei-me na cama e a balancei chamando por ela, mas a mesma não acordava de jeito nenhum.

- Ana, acorde. - chamei balançando mais seu corpo e dessa vez ela acordou e se agarrou a mim. 

- Não deixa que me levem de novo, Huan. - pediu chorando - era doloroso, eles falavam coisas horríveis, e-eles me tocavam... - ela não conseguia mais falar, e essa sua última declaração partiu meu coração. 

- Meu amor, fica calma. - pedi - você está comigo, está segura aqui. - disse tirando seu cabelo de seu rosto banhado por lágrimas - ninguém vai te fazer mal, eu prometo! 

- Eu chamava todos os dias por você, sabia que me encontrariam, mas houve um momento em que pedi que me matassem, eu não aguentava mais passar por aquilo, eu quis morrer. - cada palavra dela me quebrava um pouco mais. Sei que fui fraco em não ter ido atrás dela por medo de encontrá-la morta. 

- Me desculpa - pedi sentindo o nó se formar em minha garganta. - eu não pude ir, não tive coragem de chegar lá e ter que ter ver morta. 

- Não se culpe pelo que fizeram comigo, pessoas ruins estão dispostas a tudo por dinheiro ou apenas para sanar seus instintos ruins. 

- Não! - balancei a cabeça - eu deveria ter ido, eu te prometi que a manteria segura e falhei. Mas eu prometo que dessa vez eu não vou falhar, eu prometo! - disse a abraçando mais forte. 

- Ainda dói. - disse levantando seu cabelo me mostrando uma cicatriz - mas me lembra que estou viva. - a olhei com dor. Minha menina passou por coisas terríveis - Mas houve um momento em que eu quis desistir, em que eu simplesmente me convenci que não voltaria para casa, que não veria meus pais, meus irmãos, você. - abaixou o olhar - e então Gabriel chegou junto a polícia, João e Gael. Fiquei feliz, mas...