Um, dois, três... um, dois, três... Ouvi os ''bips" de algum aparelho, estava longe, tentei acompanhar. Um, dois, três. Meu corpo estava dormente, minha consciência voltando aos poucos, como se ela não me pertence por algum tempo e, enfim, voltasse para mim.
Abri meus olhos identificando de onde vinha o barulho, mas não sabendo aonde eu estava. Olhei para o lado, mas o movimento fez o meu pescoço doer, resmunguei de dor e parece que o mero barulho foi suficiente para fazer seja lá quem for que estivesse no ambiente levantar e vir até mim assustado.
Huan.
Ele tinha olheiras profundas, seus cabelos estavam em um coque bagunçado e pareceu ter perdido peso. O que houve?
- Oi, amor. - Sussurrou ele parecendo não acreditar muito no que estava vendo, seus olhos minavam lágrimas. - Vou chamar o médico para vir ver você, tudo bem? - assenti pois minha garganta estava seca demais para conseguir, sequer, falar.
Ele acionou algo ao lado da cama e em minutos tinham enfermeiros e um médico no quarto. Junto a eles meus pais e irmãos que pareciam radiante por me verem acordada. Eu quero saber o que houve.
Forcei minha mente um pouco e uma única coisa veio em minha mente.
Meu filho!
Olhei assustada para Huan e me agitei, tentei falar e tudo que consegui foram aparelhos disparando iguais sirenes dentro do quarto e enfermeiros em cima de mim pedindo que eu me acalmasse.
- Ei, ei, calma, está tudo bem! - Huan pediu com a voz calma, olhando diretamente em meus olhos passando segurança - Ele está bem, está tudo bem.
Ele sabia o porquê do meu desespero, duvido que mentiria caso a situação fosse contrária.
- Posso dar água a ela? - perguntou olhando para o médico que assentiu. - João, poderia ir buscar um canudo na cantina por favor? - pediu educado e meu irmão se retirou do quarto. - Amor vamos explicar o que aconteceu mas você precisa ficar calma, tudo bem? - assenti vendo ele se afastar e senti a falta do contato dele.
Gabriel e meus pais se aproximaram e falaram comigo, minha mãe chorou, não diferente do meu pai e Gael. Mas meus olhos e atenção estavam no moreno calado no fundo da sala, tinha algo errado com ele, algo tinha mudado.
João chegou com o canudo e Gabriel buscou a água no frigobar do quarto mas quem a me deu não foi Huan, mas sim minha mãe. O médico me fez umas perguntas a qual foram respondidas com apenas acenos e quando me perguntou se eu lembrava de alguma coisa e do porque eu estar ali eu neguei. Mas eu lembrava parcialmente do porque eu estar ali, não lembrava exatamente o que me atingiu, ou como me atingiu.
Após ele ter ido embora, ficamos apenas minha família, eu e Huan.
- Ana você foi alvejada a três semanas atrás, perdeu bastante sangue, os médicos precisaram te reanimar no caminho até o hospital e nós quase te perdemos, não só você... - Gabriel me dizia tudo calmamente - Conseguiram salvar sua vida e a vida do bebê, ele é tão pequeno e já é considerado um milagre, segundo o que os médicos falam. - ele sorriu e eu não pude deixar de fazer o mesmo.
Olhei para Huan e este tinha o olhos baixo, não olhava para mim.
- Estávamos sob ameaça, estavam monitorando a gente e você foi alvo fácil para eles. - falou com pesar Gael.
- Posso me sentar? - foi tudo que falei e ouvi a respiração entrecortada de Huan do outro lado da sala, como se ouvir minha voz fosse tudo que ele estivesse esperando por muito tempo.
E parecendo provar meu ponto, ele se retirou da sala rapidamente, me deixando sem entender a ação dele.
- Ele se culpa. - Gabriel respondeu minha pergunta silenciosa. - Por duas semanas ele esteve aqui todos os dias, não saiu daqui a não ser para resolver umas coisas que não podiam ser adiadas.
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O segurança
ChickLitAna teve seu coração partido, por alguém que jurava à ela não ser igual aos outros. Depois de cinco anos ela volta com a convicção que o esqueceu, e noiva de seu chefe, será que o coração de Ana realmente superou o moreno que cuida da segurança de s...