Nate estava traumatizado. Mesmo que algum tempo já tenha passado desde a morte de seus pais, aquilo ainda o assombrava.
Ele passou a ter dois medos particulares, um deles era a morte de seus pais, que lhe assombrava até hoje.
O outro era ter afeto pelos outros. E se ele perder mais pessoas que ama?
Ele estava sentado no carro, com um olhar sério, e sem um foco aparente. Os olhos deles poderiam secar, mas ele piscava com longos intervalos de tempo.
Ele esvaziou a mente, e parou de parecer tão paranóico.
Torment percebeu sua cara do retrovisor, e lembrou de si mesmo. Então, suas memórias dos eventos passados voltaram.
Torment gargalhou, alto. Ele estava muito nervoso, e usou isso como válvula de escape.
Ele estava mais nervoso do que nunca. Ele começou a rir mais baixo, até que o carro bateu numa árvore. A companheira de Torment começou a rir baixo, também nervosa.
Torment estava ferido e sangrando, mas seu riso não se interrompia. Nate estava bem, ele havia visto que o carro estava para bater e foi atrás de proteção, ele estava frágil demais para fazer qualquer coisa além disso. Então ele saiu do carro, subiu no capô amassado e ficou olhando para Torment.
Ele disse: -Ei, o que você tá fazendo aí, idiota?- Torment riu mais ainda, e ficou um pouco quieto após isso.
-...Ah, entendi; você está achando estranho o fato de a gente estar rindo tanto com o carro destruído? Tch-- você tá sério demais.
A mulher que o acompanhava respondeu a Torment:
-Vê se deixa de ser idiota, Torment. A gente matou aquela mulher na frente dele, depois de encher ela de porrada.
-E daí?! Eu já matei umas vinte pessoas, eu tô tão tenso quanto ele?
-Ele tem 10 anos, seu lixo.
-Cala a boca, pirralha. Melhor começar a só falar quando te pedirem.- Torment se virou pra Nate e lhe disse:
-Você é só outra criança mimada que ama chorar por tudo, eu não ligo que seus pais tenham morrido, só é menos gente nesse planeta horrível. Quer ficar sozinho? Okay, fica, eu tô pouco me fodendo. Você só vai ficar aí chorando por gente morta ou vai fazer alguma coisa pra mudar isso? Se não quer mais sentir dor, se mata, faz algo assim. Mas deixa de ser idiota, seu egoísta de merda.
Nate se enfureceu por ter ouvido uma ofensa à seus pais. A amiga de Torment sentiu pena do garoto, mas estranhou quando ouviu o murmuro de Nate:
-...Você está certo. Eu choro demais por eles, isso pois eu amo eles e sinto falta deles todo santo dia que passa. Será que teria sido melhor pra mim... Se eu sempre tivesse odiado eles?
Se ouve uma risada baixa vinda de Torment. Ele se vira pra Nate, lhe puxa pela gola da camiseta e grita:
-VIU? VOCÊ É MAIS LOUCO DO QUE EU PENSAVA! Você pode me ajudar, com certeza!
-Pior do que está não fica... - Nate deu um soco na mão de Torment, forte o suficiente para fazê-lo largar o garoto. A amiga de Torment respondeu a fala dele:
-Muito pelo contrário, menininho, o fundo do poço tem porão.
Torment abriu um sorriso perturbador, se virou para a mulher e lhe disse:
-Eu nunca concordei tanto com uma mulher na minha vida.
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Contos da Tormenta [¼]
General FictionEm um mundo onde uma vida dá um lugar à outra, um jovem indeciso faz mais barulho do que deveria. À ressonância de todo esse barulho, se dá o nome de contos da tormenta.