21 - ódio: parte final

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Enquanto isso, Moriah estava em sua casa, sentada em frente à televisão, quando recebeu uma ligação. Ela atendeu rápido, pois uma ligação no meio da madrugada costuma ser algo importante.

-Essa conversa deverá ser mantida em sigilo, então requisitamos que você faça sua parte como empregado do governo mundial. - Disse uma voz masculina.

Já ficou claro para Moriah que essa era uma mensagem programada, sempre enviada apenas por protocolo. Passados cerca de dez segundos, se ouviu um rápido bipe, e se ouviu uma voz feminina, dessa vez:

-Você é a funcionária de código 4170, certo?

-Eu mesma.

-Então, permita-me dizer... - O tom de voz da mulher ficou mais ríspido e agressivo:
-Eu descobri que você conversou com o Torment. Ele não iria te sequestrar e te libertar logo depois por nada. O que foi que ele te pediu?! Fala, agora, ou eu te mato.

Moriah ficou um pouco assustada, mas duvidou de sua posição no governo. Ela poderia estar fazendo uma ameaça vazia, a troco de informações. Por isso, Moriah perguntou:

-Tá, mas quem é você?

A mulher respondeu logo:

-Você sabe quem eu sou, você e todos os outros funcionários e membros do governo mundial. Eu sou a...

...

Moriah ouviu o nome da mulher, e reconheceu o nome rapidamente.

-Você é mesmo a Ma--

-Silêncio, sua incompetente! A gente pode estar sendo grampeada, não quero que saibam da nossa conversa.

Houve silêncio. Moriah sentiu medo genuíno, e não tardou em dar o relatório de sua conversa com Torment.

-Pelo que eu entendi, o Torment vai passar no hospital de veteranos perto da base de New Maryland, onde os Rogers moram! Eu fui ameaçada de morte, perdão!

A mulher suspirou forte, e resmungou, obviamente irritada:

-Era melhor você ter morrido mesmo.

- - • - -

-Uma vez, meu pai disse que eu já tive uma irmã.- Disse Nate, começando sua história.

-Nunca vi ela, pois ela foi embora quando eu era novinho. Sabe de uma coisa? Quando vocês me tiraram de Orange, eu perdi a chance de ver ela. Quando eu paro pra pensar nisso, é triste, mas é a vida.

Torment, ao ouvir isso, sentiu pena. Talvez essa tenha isso a primeira vez em que ele sentiu pena de uma criança.

-Eu nunca conheci ela. Nem o nome dela eu sei! Mas eu vou conhecer. Eu sei disso, Torment. E até lá, eu não vou morrer.

Torment se virou em direção a Nate, lentamente, e continuou ouvindo.

-Sabe o porquê de eu querer te ajudar? É porque eu tenho a esperança de ver ela. A minha irmã mais nova. Olhar nos olhos dela. Ouvir a voz dela. Saber o nome dela. Descobrir que eu ainda tenho família. E é por isso que vocês dois precisam se entender! Vocês fazem parte do meu sonho, e pra realizar esse sonho, eu... Eu preciso... De vocês vivos!

Nate começou a chorar forte, quando Torment pegou na mão de Nate e apertou, levemente.
Torment não conseguia falar, mas sua expressão séria, ousada e irrepreensível mostrou para Nate o que ele queria dizer:

"Não se preocupa, cara, a gente consegue."

O garoto já estava surpreso, quando Torment usou todas a forças que ele tinha para soltar uma única frase:

-...Eu... Também não vou... Morrer... Nate.

Contos da Tormenta [¼]Where stories live. Discover now