Enquanto isso, Moriah estava em sua casa, sentada em frente à televisão, quando recebeu uma ligação. Ela atendeu rápido, pois uma ligação no meio da madrugada costuma ser algo importante.
-Essa conversa deverá ser mantida em sigilo, então requisitamos que você faça sua parte como empregado do governo mundial. - Disse uma voz masculina.
Já ficou claro para Moriah que essa era uma mensagem programada, sempre enviada apenas por protocolo. Passados cerca de dez segundos, se ouviu um rápido bipe, e se ouviu uma voz feminina, dessa vez:
-Você é a funcionária de código 4170, certo?
-Eu mesma.
-Então, permita-me dizer... - O tom de voz da mulher ficou mais ríspido e agressivo:
-Eu descobri que você conversou com o Torment. Ele não iria te sequestrar e te libertar logo depois por nada. O que foi que ele te pediu?! Fala, agora, ou eu te mato.Moriah ficou um pouco assustada, mas duvidou de sua posição no governo. Ela poderia estar fazendo uma ameaça vazia, a troco de informações. Por isso, Moriah perguntou:
-Tá, mas quem é você?
A mulher respondeu logo:
-Você sabe quem eu sou, você e todos os outros funcionários e membros do governo mundial. Eu sou a...
...
Moriah ouviu o nome da mulher, e reconheceu o nome rapidamente.
-Você é mesmo a Ma--
-Silêncio, sua incompetente! A gente pode estar sendo grampeada, não quero que saibam da nossa conversa.
Houve silêncio. Moriah sentiu medo genuíno, e não tardou em dar o relatório de sua conversa com Torment.
-Pelo que eu entendi, o Torment vai passar no hospital de veteranos perto da base de New Maryland, onde os Rogers moram! Eu fui ameaçada de morte, perdão!
A mulher suspirou forte, e resmungou, obviamente irritada:
-Era melhor você ter morrido mesmo.
- - • - -
-Uma vez, meu pai disse que eu já tive uma irmã.- Disse Nate, começando sua história.
-Nunca vi ela, pois ela foi embora quando eu era novinho. Sabe de uma coisa? Quando vocês me tiraram de Orange, eu perdi a chance de ver ela. Quando eu paro pra pensar nisso, é triste, mas é a vida.
Torment, ao ouvir isso, sentiu pena. Talvez essa tenha isso a primeira vez em que ele sentiu pena de uma criança.
-Eu nunca conheci ela. Nem o nome dela eu sei! Mas eu vou conhecer. Eu sei disso, Torment. E até lá, eu não vou morrer.
Torment se virou em direção a Nate, lentamente, e continuou ouvindo.
-Sabe o porquê de eu querer te ajudar? É porque eu tenho a esperança de ver ela. A minha irmã mais nova. Olhar nos olhos dela. Ouvir a voz dela. Saber o nome dela. Descobrir que eu ainda tenho família. E é por isso que vocês dois precisam se entender! Vocês fazem parte do meu sonho, e pra realizar esse sonho, eu... Eu preciso... De vocês vivos!
Nate começou a chorar forte, quando Torment pegou na mão de Nate e apertou, levemente.
Torment não conseguia falar, mas sua expressão séria, ousada e irrepreensível mostrou para Nate o que ele queria dizer:"Não se preocupa, cara, a gente consegue."
O garoto já estava surpreso, quando Torment usou todas a forças que ele tinha para soltar uma única frase:
-...Eu... Também não vou... Morrer... Nate.
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Contos da Tormenta [¼]
General FictionEm um mundo onde uma vida dá um lugar à outra, um jovem indeciso faz mais barulho do que deveria. À ressonância de todo esse barulho, se dá o nome de contos da tormenta.