~Domingo, 11 de março~
08:12
Nate acordou triste. Era o dia em que sua melhor amiga iria embora, então era compreensível seu sentimento.
Ele e Fauna haviam dormido juntos. Foi um pedido do garoto.Ainda deitado, ele olhou para ela. A mulher estava dormindo, com tranquilidade estampada em seu rosto. Ele continuou encarando seu rosto, pois queria lembrar dela, com o máximo de detalhes que pudesse guardar. Sua franja caindo para a direita. Seus olhos. Seu nariz. Seus lábios rosados. Tudo isso encantava Nate.
Por mais que ele não quisesse deixar de olhar, isso o lembrava de que a despedida dela era iminente. Seus olhos começaram a lacrimejar. Era algo estranho. Saber que, mesmo em tão pouco tempo, ele sentira tanto afeto assim.
O menino se achegou mais perto dela. Ele queria ficar junto de Fauna. Ele sentiu seu cheiro. Não havia mudado nada, ela ainda exalava um cheiro agradável e suave. Ao perceber que não sentiria mais isso, ele começou a chorar em silêncio.
Ao ouvir o choro baixo dele, Fauna acordou. Com sua voz ainda fraca, ela disse:
-Ei, calma. Calma, tá tudo bem.
Ao ouvir sua voz, Nate olhou para cima. Ao ver os olhos castanhos de Fauna, abrindo aos poucos, seu choro se intensificou. Ele ouviria aquela bela voz lhe dizendo "Adeus" em breve, e isso o entristecia mais ainda.
Ela percebeu o motivo da tristeza. Não era um motivo inválido, e, na verdade, ela também estava triste. Era uma boa relação jogada fora. Mas não poderia mais ser evitado, pois seu orgulho era maior do que a possibilidade de perdoar Torment por desistir. Seu semblante se tornou triste. Ela também se achegou ao garoto, que a abraçou. Nate chorou no ombro dela, enquanto a tristeza dela também se expressava em poucas lágrimas, e durante um tempo, os dois sofreram juntos.
Com o tempo, Nate se recompôs para falar, ainda em voz de choro:
-...Fica aqui, com a gente...
A resposta de Fauna foi:
-Me... Desculpa...
Essas duas palavras deixaram o garoto desesperado. Era uma dor que não parava de atingir seu coração. A mulher tentou o levar a ver um lado bom no dia:
-...Eu sei. Eu sei, é a vida. Deixa ela passar. Vamos aproveitar o agora. Nos divertir enquanto dá.
Nate a abraçou mais forte, e sentiu suas lágrimas indo embora.
10:30
Nate e Fauna saíram de casa. Eles estavam juntos desde que levantaram, e queriam passar um tempo bom antes de Fauna ir embora. Logo após fecharem a porta, eles olharam um pro outro e sorriram. Fauna disse:
-No "já", a gente corre até subir aquele morro.
-Tá bom; se prepara pra perder.
-1... - Eles se ajoelharam, se preparando para correr.
-2... - Fauna olhou para o céu. Nate olhou para ela e percebeu que estava distraída, então gritou:
-JÁ! - Ele saiu correndo. Fauna levou um susto, mas se levantou para correr junto, 3 metros atrás de Nate, gritando:
-Trouxa!
Ela alcançou ele, ficando a apenas alguns passos do garoto. Ao chegarem no topo, ele abriu um sorriso e, sem parar de correr, gritou:
-Agora, até descer, vai!
Ele continuou correndo, até tropeçar em uma pedra. Ele foi lançado ao ar. Fauna viu isso e saltou em direção a ele, para tentar salvar o garoto. Ela conseguiu pegar Nate, mas não conseguiu aterrizar, e os dois caíram no chão. Eles olharam um para o outro e riram. Nate olhou para cima e viu Torment os observando, no topo do morro que haviam acabado de descer.
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Contos da Tormenta [¼]
General FictionEm um mundo onde uma vida dá um lugar à outra, um jovem indeciso faz mais barulho do que deveria. À ressonância de todo esse barulho, se dá o nome de contos da tormenta.