27 - partida: parte 6

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~Noite do dia 4~

-...Ei, George.

-O que foi?

-Por favor, me dá um copo de água? Por favor...

-Vai você e pega.

Pearl saiu da cama do casal e se dirigiu ao sofá, onde George estava, e se sentou no colo dele, acariciando seu rosto e sussurrando em seu ouvido:

-Poxa, amor... Por favor, vaaai. - Ela lambeu sua orelha, o provocando. Ele respondeu esse ato agarrando seu traseiro, ironizando a chantagem que sua esposa fez enquanto também sussurrava:

-Precisa mesmo dessa sacanagem barata?

Então, Pearl passou a mão por dentro da camisa do marido, mas a tirou rapidamente ao ouvir sua filha gritando de seu quarto:

-Mãe, pai! Que putaria é essa na sala?!

O irmão dela saiu de seu quarto e deu um tapa na nuca da garota, dizendo:

-Respeita os mais velhos, Adora!

-Pô, eles estão se pegando ali no sofá! Não poderiam fazer isso em outro lugar?

-Sério? Nossa, então ela tá certa, gente. Façam isso em outro lugar, por favor.

Pearl e George ficaram encarando os dois filhos por um tempo, antes de se levantarem do sofá. George foi atrás do copo de água, enquanto Pearl apoiou o braço na mesa e disse:

-Circulando, vamos! - Então, George entregou o copo na mão de sua esposa. Enquanto ela bebia do copo, o telefone da casa começou a emitir um som irritante na mesa. A mulher atendeu o telefone, dizendo:

-Alô, casa dos Roger. Quem fala?

-...

-Não, não veio ninguém.

-...

-Deixa eu ver.

Ela foi para dentro de seu quarto e de lá, continuou:

-Ah, sim. Estão aqui na frente. Na verdade, estão em volta.

-...

Ao ouvir as palavras do remetente, sua expressão mudou de despreocupada para nervosa. Mas, ela não deixou de falar ao telefone:

-Meu Deus. Eu vou... Avisar as crianças, vou sim.

-...

-Okay... Aham... Sim... Nossa. Tá, nós vamos nos cuidar. Obrigado por avisar.

A ligação acabou, e ela largou o telefone na cama. Ela bagunçou o cabelo e suspirou. Ela saiu de seu quarto e largou seu corpo no sofá da sala, enquanto dizia, em um tom assustado:

-Gente, deu ruim.

— — • — —

~Segunda, 5 de março~

05:17 da manhã, alojamento do trio.

Torment chegou em casa, depois de muito tempo pensando na situação da sua vida. Seu corpo estava cheio de picadas de mosquitos, mas ele estava tão cansado que nem sentia incômodo. Ele foi direto ao banheiro, lavar seu rosto. Sua intenção no momento era tomar um banho completo, mas não queria atrapalhar o sono de ninguém.

Seus olhos estavam muito pesados, mas ele não queria mais dormir. O dia iria ser longo, e ele queria mais tempo para desenvolver sua habilidade, tempo esse que não poderia ser cheio de horas de sono. Então, ele sentou no sofá para tentar ver o Sol nascer.

05:36 da manhã

Estava sendo extremamente tedioso, devido ao fato de ainda ser muito cedo. Se ele ficasse parado por muito tempo, ele já tinha total certeza de que iria acabar caindo no sono, então ele desistiu e foi arrumar a casa. Não que houvesse muito para fazer, pois era só o sofá e mais alguns móveis empoeirados. Ele pensou no que poderia fazer com o dinheiro. Comprar um par de óculos, para se disfarçar. Suborno era uma possibilidade, mas não iriam ter oportunidades para ele fazer isso. Comida. A coisa mais importante no momento era comer. Não só para Torment, mas para todos na casa. Surpreendentemente, ele não havia deixado de pensar em seus companheiros. Então, ele foi observar Nate em seu quarto. Ele ficou em pé ao lado da cama do garoto, de trás para a janela, em silêncio total. Sua boca e sua mente estavam vazias, e olhar para a criança era apenas algo que o trazia calma.

05:58

O Sol estava finalmente nascendo. Torment virou para a janela, aberta, exibindo o brilho de um novo dia. Seus olhos assumiram um castanho claro, iluminado pela luz da estrela. Tudo estava mais vivo. Seus cabelos ruivos alaranjados brilhavam lindamente, e sua pele manchada estava sentindo um calor reconfortante. O simples nascer do Sol já fez Torment se sentir abraçado pelo universo, e a motivação tomou conta de seu ser.

Ele ouviu um barulho vindo da cama e voltou suas atenções a Nate, que estava acordando. O corpo de Torment era como uma coluna, fazendo uma sombra que retia em si o frio da noite. Torment sorria, em pé, talvez por ver que estava tudo bem com o garoto. Foi algo estranho. Os olhos cansados do rapaz estavam deixando sua mente confusa. Nate estava desamparado. Não havia comida, não havia sono, não havia ninguém que realmente o protegeu. Só um bando de loucos que quase se mataram uma vez, na sua frente. Mas ele ainda se preocupava com eles, e sentia que era recíproco. Mesmo que fosse estranho, era bom. Mas, ali estava um homem que prometeu um futuro. E ele estava ali, o observando, mostrando que realmente estava pensando nos outros ao seu redor, e sorrindo por estar tudo bem. Por um momento, Nate viu outra pessoa na frente de sua cama. Não era Torment; era seu pai. Mas por que ele ainda sentia medo de Torment?

Torment disse:

-Bom dia, carinha. Vamos acordar a Fauna, vem.

-...Tá, já tô indo.

Torment saiu, indo em direção ao quarto onde Fauna estava dormindo, e Nate acompanhou o rapaz. Torment sorriu, pôs o dedo indicador em seus lábios e chiou, pedindo o silêncio do garoto. Ele assentiu com a cabeça, e Torment foi para a cama de Fauna. Ao chegar, ele se agachou, aproximou sua cabeça da orelha da mulher, e gritou:

-Bom DIA, FAUNA!

Ela levou um susto e pulou da cama, quase caindo, e resmungou um "Hã? Quem foi que...". Nate, ao ver essa cena, riu baixinho e disse:

-Coitada, cara. - Fauna olhou em volta e entendeu a situação, e disse:

-Pô, Torment, de manhã não. Você também, Nate, vai se ver comigo.

Torment deu risada e saiu do quarto, levando Nate em seu ombro e descendo a escada, enquanto dizia:

-Hoje, a gente vai comer. Tô pegando o jeito daquele bagulho lá, e a fada do dente veio no meu travesseiro.

Fauna entendeu que Torment estava com dinheiro, e gritou, surpresa:

-Não creio!

Contos da Tormenta [¼]Where stories live. Discover now