22 - partida: parte 1

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~Domingo, 4 de março~

08:47 da manhã.

-...Puta! Entendi!- Gritou Nate, empolgado. Torment já estava melhorando, e conseguia falar em um tom muito fraco. Talvez não fosse o ideal, mas, pelo menos, ele estava falando.

Fauna acordou com o grito. Ela ainda estava de mal humor, então gritou alto:

-Cala a boca, ainda é cedo, porra!

Nate ouviu o grito e foi correndo para o quarto de Fauna, e começou um diálogo entre ele e a mulher, que ainda estava deitada:

-Bom dia, puta! - As olheiras de Nate estavam visíveis, e muito escuras, e sua expressão era de puro cansaço. Fauna percebeu rapidamente que o garoto havia passado a noite em claro, mas respondeu, surpresa:

-Quê?!

-Dormiu bem, Fauna?

-Para de me chamar de puta; quem foi que te ensinou isso?!

-Foi o...

A fala de Nate foi interrompida por uma risada histérica, vinda de Torment. Nate não deixou de falar por causa disso:

-...O Torment.

Fauna não demonstrou estar surpresa; afinal, era apenas outra piada de mal gosto, que uma pessoa mal-intencionada como Torment faria.
Então, a mulher pediu a Nate que fechasse a porta, e assim Nate o fez.

Fauna se sentou em sua cama, ao lado de Nate, e lhe explicou o real significado da palavra, que havia sido distorcido por Torment com a intenção de fazer Nate zombar de Fauna por um mal-entendido.

09:04 da manhã.

Torment ouviu o grito de Nate, vindo do quarto de Fauna:

-O QUÊ?! ERA ISSO?!

-Sim, querido.

Nate se sentiu culpado por ofender Fauna, e começou a chorar, pela culpa que sentia.

-FAUNA〜 ME... ME DESCULPA〜! - Nate se abraçou em Fauna e continuou chorando, muito arrependido e perturbado por sua inocência infantil:

-NÃO ERA MINHA INTENÇÃO TE OFENDER, EU JURO! DESCULPA, DESCULPA, DESCULPA, POR FAVOR!

Fauna retribuiu o abraço do garoto, e lhe falou calmamente:

-Não tem problema, Nate... Só não vai falar esse tipo de coisa pros outros sem conversar com a gente pra saber do que você tá falando, tá bom? Ou melhor, comigo.

Nate deixou de se culpar tanto pela ofensa, mas recordou-se das palavras de Heidi, a mulher que teria o matado se não fosse pela ajuda de Torment e sua companheira.

Seu filho da puta... eu vou te matar, com certeza!

Nate se sentiu ofendido, e se sentiu mal por ter direcionado para Fauna a mesma ofensa que havia recebido outrora. De qualquer jeito, estava tudo bem; Fauna já havia o perdoado. Aquele abraço estava confortável; para Nate, era um alívio receber uma demonstração de afeto, depois de tudo o que ele precisou presenciar.

09:10 da manhã.

Torment estranhou o silêncio, e tentou quebrar o gelo chamando atenção para si:

-Ô, gente, tô com fome! - Torment se fez audível, ainda na cama de Nate. Havia um tempo desde a última vez em que ele realmente sentiu o conforto de uma cama, ele sentia falta daquele conforto. Quem sabe, depois que tudo aquilo acabasse, ele pudesse aproveitar um dia normal.

Nate não demorou muito tempo para chegar ao seu quarto e tentar ajudar Torment. Ele quase tropeçou no caminho, mas não foi um empecilho. Nate estava incerto em relação à comida que tinham na casa, e lhe disse:

-Eu não sei o que a gente vai ter pra hoje, sinceramente falando...

-Garoto chato. - Torment resmungou.

-Eu tive uma ideia. Vou tentar te ajudar a levantar, Torment. - Nate pegou na mão de Torment e a puxou, com a clara intenção de o levantar. Obviamente, Torment era muito mais pesado que Nate, e não se moveu muito. Torment não queria que Nate se esforçasse mais ainda, o trabalho que o garoto teve para tratar dele já bastava, então o homem lhe falou:

-Carinha, deixa pra lá. Eu posso passar um tempinho sem comer. Vai lá.

Nate soltou a mão de Torment e saiu sem dar nenhuma palavra. Ele foi para o quarto de Fauna, usar a cama dela. A mulher não reclamou, afinal, ela já viu que ele precisava de sono urgentemente. Na verdade, ela ficou observando o garoto dormir por um tempo, para poder passar o tempo.

09:28 da manhã.

Fauna se levantou, e foi ver o que Torment estava fazendo. Como esperado, nada de interessante; ele estava apenas olhando para a parede. Fauna percebeu que suas pernas já estavam se mexendo, e lhe confrontou:

-...Você tava fingindo que não consegue levantar, né?

-Não, eu não tava conseguindo, mesmo.

Fauna continuou encarando Torment, como se a fala do mesmo não tivesse sido o suficiente.

-...Tá, mulher chata do caralho. Eu não tô assim tão mal das pernas. Satisfeita?!

-...Não acho que eu precise comentar alguma coisa em relação à sua atitude. Só deixa quieto, o Nate não iria gostar de saber disso. Se levanta aí, vamos fazer alguma coisa útil.

Torment se levantou e andou, mancando, mas sem problemas para caminhar. Fauna lhe pediu:

-Tá em condições de dirigir? Se não, eu vou tentar.

-Na real, não sei se tô ou não, vamos ver na hora. Por quê?

-Já ouviu falar em reconhecimento de campo? Eu tô ligada que aquele seu passeio foi pra tentar descolar algum lugar onde a gente pode achar uma informação útil.

-Ah, é. Vamos lá, eu descobri um lugar. Vamos aproveitar e catar comida, a gente tá precisando.

-Acho que tem uma lebre aqui em casa.

Torment expressou seu descontentamento e falou em um tom irônico:

-Ai, é só isso?

-É o que tem aqui em casa.

-É pouco, eu espero que pelo menos eu garanta um desjejum digno. Enquanto isso, vamos passar fome...

-Aí, Torment. O dia só começou, cara.

Contos da Tormenta [¼]Where stories live. Discover now