Torment saiu para a cidade, com a intenção de buscar informações, mas isso não vai ser importante por enquanto.
Nate estava andando com a mulher que os estava acompanhando. Após quase 20 minutos, ouviu algo à sua esquerda. O barulho era um pouco distante (cerca de 15 metros), mas dava para confirmar que era mato balançando. Ele se virou para sua companheira e começou a sussurrar:
-Eu acho que tem algo ali... Eu não sei como te chamar. Qual o seu nome?
Ela não quis responder seu nome, mas ela sabia que alguma hora um apelido ruim poderia acabar pegando. Então decidiu inventar um apelido para ela mesma. Ela falou alto:
-Me chama de-
-Fala baixo, se for uma presa, você pode acabar espantando ela!
Ela começou a sussurrar, como Nate lhe havia solicitado.
-Me chama de Fauna.
-...Fauna.
-Sim. Não é o meu nome de verdade, mas vai esse.
-Por que Fauna? Não conseguiu pensar em algo melhor?
A chamada Fauna fez uma expressão que indicava um pouco de desapontamento, e falou em um tom decepcionado:
-Eu achei esse legal, cara!
-De qualquer jeito, Fauna. Acho que pode ser uma lebre. É assim que chama, né?
-Sim. Vamos lá olhar.
Eles se dirigiram àquele lugar, tentando não chamar a atenção do possível animal. De fato, era uma lebre. Então se afastaram dois metros dela, e Fauna pegou uma pedra. Ela falou para Nate:
-Fica quieto, eu preciso me concentrar. Só observa aí que vai dar tudo certo.
Ela tentou mirar na lebre, mas errou o tiro, por 9 centímetros.
A lebre começou a correr, mas Nate se levantou e tentou ir atrás dela. Isso preocupava Fauna, pois ele era visivelmente bem desnutrido, e poderia passar mal se esforçando assim. Mas ela não impediu o garoto, ao que ele parecia estar se divertindo naquele momento.
Nate conseguiu alcançar a lebre, então a pegou por trás. A esse ponto, ele já estava exausto, mas para ele isso não importava. Vendo ele que a lebre estava se debatendo para se soltar, mordeu a parte de trás de sua cabeça com toda a força, o que fez a lebre parar de se debater aos poucos, até desmaiar. Ela começou a jorrar sangue. Então ele falou, ofegante e usando sua pouca força:
-Peguei!
Nate não conseguia mais mexer suas pernas, e caiu sentado. Então, Fauna se dirigiu a ele e matou a lebre usando um graveto. Nate estava com suas mãos e boca ensanguentadas, por ter mordido a lebre. Ela o pegou no colo e se dirigiu à casa onde eles estavam instalados, dizendo:
-Pronto, nós conseguimos! - Nate a respondeu:
-Eu consegui.
-Ninguém te perguntou. Bora te limpar.
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Contos da Tormenta [¼]
General FictionEm um mundo onde uma vida dá um lugar à outra, um jovem indeciso faz mais barulho do que deveria. À ressonância de todo esse barulho, se dá o nome de contos da tormenta.