24 - partida - parte 3

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09:56 da manhã, hospital de veteranos de Long Beach.

-Tá ficando cega, mulher?! - Torment não perdeu tempo para depreciar Fauna.

-Poxa, eu só não tinha prestado aten-

-AH, AH, AH, AAAH〜 CALA A BOCA E ENGOLE MEU PAU! - Sussurrou o garoto, interrompendo a fala de sua companheira, que logo desistiu de falar e ficou emburrada.

Torment e Fauna chegaram ao local. Eles estavam com poucas roupas, correndo um grande risco de serem pegos. Por isso, estavam escondidos e tentaram ser furtivos.

Logo, discutiram um leve plano:
Fauna saiu de perto de Torment, para não atrair atenção indesejada, e saiu caminhando.
Enquanto isso, Torment procurava algum lugar em volta do hospital em que pudesse entrar, como um alçapão escondido ou algo do tipo.

- - • - -

10:15 da manhã, em New Maryland.

-Espera um pouco-- Tem mais um Smithers vivo? - Disse o presidente dos Estados Unidos da América, Johann Carlisle. O nome dessa família Smithers já é o suficiente para causar medo a quem o ouvir. Então, a voz feminina que anunciou a volta dos dessa família ao cenário mundial tornou a falar:

-É meio que um rumor. E não, não é mais um, são dois. Uma mulher e um menor de idade. Não conseguimos confirmar a idade de nenhum dos dois, é só isso o que sabemos. Estamos indo mais a fundo para confirmar a existência desses dois indivíduos.

A Diretora ficou atônita. Eles representam uma grande ameaça para os brainrotters, e saber que há mais alguns é uma coisa mais assustadora ainda. Depois de um tempinho encarando a mesa com um olhar desesperado, ela falou:

-...Tá, mas e... Se vocês... Confirmarem? - Desta vez, Ally foi quem respondeu:

-É o que você imagina.

A Diretora olhou para todos ali, com seu olhar visivelmente perturbado, começou a ofegar e escorou sua cabeça na mão esquerda, que estava sobre a mesa. Com essa mesma mão, ela começou a coçar sua cabeça compulsiva e agressivamente, em um ato forte de ansiedade.

Nisso, se sucederam alguns minutos de puro silêncio na sala, onde todos ficaram encarando a Diretora, abrindo feridas no couro cabeludo. Ela sentia um frio na barriga, e todos estavam vendo pela luz da porta que ela transpirava anormalmente. Então ela cruzou os braços sobre a cabeça, e começou a balbuciar.

Ally levantou, e encostou no ombro direito dela, proferindo:

-Está tudo bem, ainda não sabemos com 100% de cert--

A Diretora deu um tapa muito forte na mão do general, afastando-a de seu corpo, e exclamou:

-ELES VÃO MATAR TODOS VOCÊS, CACETE!

Ally tentou acalmá-la, dizendo:

-Ainda não tá tudo certo, Diretora! Eles não são tudo isso, então vamos com calma, cara. - A Diretora virou a cabeça para Ally, com um olhar que refletia tanto raiva quanto pavor, em olhos lacrimosos. Ela falou baixo, mas em um tom forte:

-...Ela vai te matar.

-Quem...?

-Você vai morrer nas mãos dela, Ace. Você vai. Todos vocês. Acham que é brincadeira? Eles não são idiotas. São poderosos demais pra existirem no mesmo sistema que o Governo Universal. A gente tá fodido. Completamente. Sem volta. Acabou pra gente. ACABOU!

Então, na sala, se ouviram passos rápidos, como se estivessem se afastando da base. Ally se virou bruscamente para a porta, boquiaberto. Então, ele correu em direção a porta para ver se algum invasor estava ouvindo. Ninguém foi visto ali, mas ele ficou ainda mais assustado. Alguém esteve ali, escutando. Ele se sentiu frustrado por ter deixado esse "espião" passar, e chutou a parede com muita força, a ponto de gritar de dor em seu pé. Então ele se voltou ao grupo reunido e os disse:

-Isso aqui não precisa passar para os outros membros no mundo, ok? É um assunto dos Estados Unidos da América.

Enquanto isso, a espiã corria com toda a velocidade que podia alcançar, com medo e terror tomando conta de sua mente. Ela tinha um rumo certo, mas não conseguia ver exatamente para onde ia, por conta da máscara que estava usando para se esconder. Então, ela tirou a máscara, e jogou-a longe. A espiã em questão era Moriah, e ela estava voltando para sua casa após perceber que ouviu demais.

- - • - -

De volta ao hospital, 09:59 da manhã.

Torment ainda estava procurando, mas ouviu um barulho muito forte, quase como o de dois aviões e mais alguns helicópteros. Junto a isso, ouvia-se um vozerio, unido ao som de muitos passos pesados. Torment ouviu isso e ficou extremamente nervoso. Então, ele se virou em direção ao barulho imponente e viu a cena, clara, em frente aos seus olhos:

A milícia principal do governo. Milhares de homens e mulheres vestidos em uma malha cinza-escuro, reforçados por coletes e blindagens incrivelmente finas em grande parte do corpo, e também por capacetes que iam até o nariz, parecendo estar sem viseira nenhuma, e também com coturnos militares, todos pretos.

A visão dessa multidão era o suficiente para assustar Torment, que ficou completamente paralisado. Depois de alguns segundos, ele foi correndo procurar por Fauna. Enquanto corria, ele começou a sentir um embrulho no estômago e uma náusea forte. Seu coração estava para sair pela boca, e a adrenalina no seu corpo era tanta que ele estava perto de sentir o gosto da mesma. A intensa sudorese em seu corpo deixou suas roupas encharcadas.

Então, Torment conseguiu ver sua companheira, a cerca de 700 metros à frente, na rua, indo em direção ao barulho forte. Torment tentou usar seu "poder" mais uma vez, obedecendo sua teoria e tentando ativar uma explosão com seus pensamentos.

É agora. Eu preciso das duas mãos agora, o mais forte que elas puderem! Vai..!?

Ele estendeu as mãos para trás e saltou em frente, na intenção de ativar suas explosões e conseguir correr para perto de Fauna.

Então, Torment, em uma fração de segundo, passou na sentir suas mãos esquentando muito. O suor que estava nelas começou a evaporar, e um brilho laranja começou a ser emitido das palmas de suas mãos. A onda de calor se estendeu até seus pés. Seus braços. Seu torso.

E Torment, que estava incrédulo de seu poder, começou a sentir muito calor, como se estivesse de frente a uma língua de fogo. De repente, um clarão tomou conta dos olhos de Torment, e o mesmo não conseguiu ver mais nada. Sua cabeça estava a mil no momento, até que voltaram a ecoar nela seus pensamentos de quando isso aconteceu pela primeira vez.

Hoje eu vou morrer. Não como se alguém ligasse.

Te vejo depois. Ou não...

Mas seu cérebro parou de sentir o medo que sentira antes, ao passo que seus pensamentos antigos foram sendo substituídos por novos.

Ainda não--

Então uma explosão gigantesca tomou conta do lugar, alertando todos da posição de Torment e assustando todos por perto.

Contos da Tormenta [¼]Where stories live. Discover now