~Sábado, 10 de março~
08:30 da manhã.
-Nem fodendo, Torment. - Fauna havia acabado de ouvir as palavras dos meninos, dizendo que a missão, até então, estava cancelada: -Não, cara. Não. Meu Deus, onde tu foi com a cabeça pra meter essa?!
Nate, que estava sentado na cama, ao lado de Fauna, pôs sua mão esquerda por cima da mão direita de Fauna. Ele olhou nos olhos dela e tentou justificar a escolha dele:
-Ei, deixa. Ele com certeza tá fazendo isso pro melhor.
Fauna estava nervosa demais para simplesmente deixar passar, e continuou:
-Nate, vai se foder. Torment, vai se foder. Tão com medo? Hein, Torment, tá com medo de quê nessa merda?! Não fode, cara. Por que é que eu ainda tô te acompanhando? Acho que eu tava pensando que ia dar pra fazer alguma coisa em equipe, porque você parecia doido o suficiente pra fazer qualquer bostinha que brotasse nessa sua cabecinha fodida. Mas ah, como eu fui enganada! Tu é só um veadinho bancando o fodão. Se manca, cu de arrasto.
Ela tirou sua mão de baixo da de Nate rapidamente, se levantou e desceu sem olhar nos olhos de Torment. Nate desceu e foi correndo atrás de Fauna, antes dizendo para o rapaz:
-Fica aí, cara. Se você descer agora não vai ser legal.
Após descer, ele se posicionou em frente a Fauna, que estava a alguns passos da porta de entrada da casa. Nate estava com medo de que ela fosse embora, e falou:
-Não vai... Por favor, a gente pensa em algo pra contornar essa parada.
-Nate. Não se mete em assunto de adulto. Sai da frente.
-Ei, isso lá é jeito de falar com alguém?
-Cala a boca, mano, por favor.
-Cala a boca você, e vê se aprende a respeitar os outros. Fica mais um pouco.
-Não se eu tiver que olhar na cara daquele filho da puta do Torment. Na sua eu ainda aceito olhar.
-Vamos fazer isso. Só fica, por favor, fica.
-Eu fico até amanhã.
-Tá... Você aceita dormir aqui no sofá?
-Foda-se, pior do que tá não fica. Eu aceito, vai.
-Aê! Eu posso ficar com seu quarto? Eu deixo o Torment com o meu.
-Não, não encosta no meu quarto. Só vou no sofá pra dormir, mas o quarto ainda é meu.
-Eu aviso o Torment então. Ajudaria bastante se você comesse e fosse pro seu quarto, só enquanto a gente arruma tudo.
-Tá, vai lá em cima, vai.
Nate subiu as escadas, gritando o nome de Torment no caminho. Fauna estava um pouco mais calma. Era agradável conversar com o garoto, mesmo em momentos assim. Ela comeu, ainda nervosa. Sacrificar a missão do jeito que estava ainda era complicado. Parar ia deixar tudo mais difícil, pois eles iriam deixar de progredir e só restaria tentar resistir até morrerem inevitavelmente.
Enquanto isso, Nate subiu e começou a conversar com Torment, enquanto o arrastava para dentro de seu quarto e fechava a porta:
-Ela vai ficar.
-Sério?
-Vai sim, mas não conversem mais.
-Inesperado.
-Ela sabe o motivo?
-Por que você acha isso?
-Vocês estavam juntos, por isso.
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Contos da Tormenta [¼]
General FictionEm um mundo onde uma vida dá um lugar à outra, um jovem indeciso faz mais barulho do que deveria. À ressonância de todo esse barulho, se dá o nome de contos da tormenta.