Ela ficou nervosa. Ela não sabia o que responder, por não saber qual seria a reação de Torment dependendo de sua resposta.
-Diz aí... Você não tá sentindo empatia, né?
-Se eu sentisse...
-Puta merda, tinha que ser uma mulher... Isso tá fora de questão. Só nós dois já estamos muito ferrados, e ele junto? Eu já entendi a intenção dele. Se eu estiver certo, ele vai se reprimir, talvez ele comece a nos odiar. Ele perdeu os pais, se nós agirmos como babás, ele vai se apegar à gente. Mas a gente é quem corre risco de vida aqui. Se não for nós dois, um de nós vai acabar morrendo. Isso vai acontecer, com certeza.
-Mas... E se não acontecer?
-Olha o nosso inimigo. A gente tá contra um país inteiro.
-É questão de tempo até a gente achar mais gente pra nos ajudar.
-Também é questão de tempo até um de nós morrer, eu já disse.
-Vai pro inferno, Torment.
-Você que quer o bem estar do garoto. Temos que ficar longe se quisermos isso de verdade.
-Desisto de discutir.
-Trato feito.
-Mudando de assunto. Qual vai ser a próxima jogada?
-Nós vamos ficar aqui por um tempo, já disse. Mas a gente vai ir atrás de um shopping que tem aqui perto. É uma espécie de ponto turístico daqui, tem tudo e é gigante.
-Não diga que a gente vai...
-Matar todo mundo? Sim. Eu tenho esse problema que mata todos que me virem.
-Eu entendi a sua lógica. Você quer matar todos, e...
-...Recrutar os sobreviventes. Resposta certa.
-A gente tá virando criminoso de verdade, que legal.
-De fato, muito divertido.
-Sobre hoje, como vamos nos alocar aqui? Qual é seu plano?
-Hoje vamos procurar mais quartos, que nem você falou pro Nate fazer.
-Então você ouviu nossa conversa?
-Eu não teria discutido sobre você sentir algo por ele se não tivesse escutado.
-Me desculpa. Por favor.
-Foda-se, tudo bem, tudo bem. Vamos deixar ele sonhar, né? - Torment disse isso em um tom sarcástico.
-Idiota.
Um quarto foi encontrado. Aparentemente, a casa fora habitada por uma família de três. Torment, com a intenção de ser cortês, deu o quarto à sua companheira, e usou a sala para dormir.
Torment, durante a noite pensava sobre Nate, ele se deu conta do porquê de sua amiga sentir afeto pelo menino. Ele entendeu que Nate sofreu tudo o que Torment sofreu, mas ele era jovem demais para passar por isso. Ele não conseguia dormir, então foi até o quarto onde Nate dormia e ficou o observando, até conseguir dormir.
No dia seguinte, Nate acordou, durante o nascer do Sol. Ele olhou para a porta e viu Torment sentado ali, dormindo. Ele pegou seu cobertor, cobriu Torment e saiu.
A companheira dos dois sentiu algo na cama dela, era Nate sentado, escorando as costas na cama. Ela olhou para ele e lhe disse:
-Bom dia, Nate.
-Então você está acordada. Bom dia. Levanta, eu preciso saber o que vamos fazer hoje.
-Você é interessante.
-E você tem que sair da cama. Hoje o dia vai ser longo.
-Faz sentido.
YOU ARE READING
Contos da Tormenta [¼]
General FictionEm um mundo onde uma vida dá um lugar à outra, um jovem indeciso faz mais barulho do que deveria. À ressonância de todo esse barulho, se dá o nome de contos da tormenta.