O episódio do Rock Lee

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25 de abril de 2021

Catra vira o rosto lentamente na direção da prima a quem sempre tratou como irmãzinha mais nova. Sua expressão de receio e assombro, como se sequer conhecesse sua "Clem", assusta Catra mais do que Luz poderia imaginar. Nem a presença fofa de Melog esticando as patinhas e bocejando alivia o sentimento de Catra.

Qua... quando isso?

Hã... – Luz encolhe ligeiramente os ombros – você... tá brava comigo...?

"Não, Luz. Eu tô brava comigo por ser uma burra do caralho", Catra retruca em pensamento. Scorpia solta um ronco ligeiramente mais alto naquele momento, atraindo os olhares das duas garotas. Sem tirar os olhos da expressão adormecida de Scorpia, como se fugindo do provável rosto decepcionado ou do enfrentamento de Luz, Catra responde:

Não.

Por que você tem uma arma, Clem?

Silêncio perdura no ambiente. Catra mastiga lentamente seu salgado de presunto, pensando que tipo de resposta dar para a sua prima. Ocultar as coisas dela ao menos é desculpável, não precisa contar tudo o que acontece na sua vida para a prima. Mentir na cara dura, no entanto, é algo completamente diferente.

Eu... huh... – começa Catra, sem realmente saber o que dizer.

Clem, por acaso você... – "trabalha prum rei do tráfico filha da puta?", completa Catra em pensamento – ... é policial?

Tela azul por um momento.

– Comé que é, cê tá me chamando de gambé, porra?

Luz não parece entender o que sua prima diz, e continua.

Faz sentido! Tipo, você não fala muito do trabalho, tem armas secretas em casa, trabalha até sábado e domingo com coisas que não pode contar pra ninguém! Você deve ser tipo uma agente secreta, não é? Por isso vive nesse apartamentozinho mas consegue pagar aquela escola pra mim, eles devem te pagar muito mas você tem que esconder! Tipo aqueles filmes de espiões!

Catra ouve todo o raciocínio da prima sem acreditar e balança a cabeça, em negação, chocada demais para dizer algo.

Então, huh... é isso? É por isso que você mantém aquele armário em segredo?

Hã... não? Luz, sério, para de pensar nisso – por um momento de silêncio, parece que a conversa acabou ali, mas Catra continua, num tom bem mais alterado do que antes – e puta que me pariu, nunca mais me chame de "policial", sério, que porra foi essa?!

A paraguaia se contrai ligeiramente, assustada pela súbita agressividade da prima.

Desculpa, não queria ter explodido assim em você.

Tudo bem.

Catra observa a prima de esguelha, preocupada com a sua reação. Luz, por outro lado, não nota alteração alguma em Clem.

Não era assim que ela costumava ser quando ia visitá-la em sua casa na Cidade do Leste, ou quando ela ia até Foz para ver sua prima, que era e sempre foi como uma irmã mais velha para ela. É como se, após todos esses anos, Clem tivesse mudado muito mais do que apenas o seu apelido carinhoso.

Catra termina o seu salgado e se levanta.

Acho melhor irmos dormir, baixinha. A gente tem que acordar cedo amanhã.

Sim, eu já tava indo.

[...]

26 de abril de 2021

Do Outro Lado - (Catradora / Lumity)Onde histórias criam vida. Descubra agora