**Capítulo 25**

13.8K 1.3K 702
                                    

+ 300 votos.
+ 170 comentários.

• Marina •

Passei a noite inteira naquele plantão, correndo pra lá e pra cá que nem maluca, atendendo um monte de pacientes, a maioria bandido com um tiro em algum canto do corpo.

Sai de lá exastua, cansada pra caralho mesmo, e fui subindo direto pra casa da Janaína, que era aonde eu estava ficando até eu conseguir arranjar uma casa nos outros morros.

Não queria continuar aqui no Galo, porque como aqui é a boca principal do complexo, e o Luan fica mais aqui, sabia que iria bater com ele toda hora, então prefiro ir pro Pavão, ou pro Pavãozinho, assim posso ficar em paz, já que eu também não quero sair desse complexo por agora.

Tinha meu trabalho, e minha família por aqui, que é a Jana, o Diogo e o Kléber. Não podia sair e deixar eles aqui, sabendo que não poderíamos se ver com tanta frequência, já que Janaína é mulher de bandido, e o Kléber é traficante.

Subi aquele favela na maior preguiça. Estava um frio hoje, que não estava aguentando, e uma neblina do cacete também.

Quando estava quase chegando na casa da Jana, encontrei a Marília no caminho.

Ela estava cheia de sacolas no braço, morrendo também pra subir aquele morro, e mesmo eu cansada, ajudei a menina com as compras.

Fomos indo o caminho inteiro até sua casa, conversando sobre coisas aleatórias. Deixei as sacolas ali no portão dela, e quando ia saindo, o Luan também saiu da garagem de casa, com sua moto.

Revirei os olhos, bufando, e fui caminhando sem nem olhar na cara dele, mas é claro, ele não iria me deixar passar assim.

L2: Aí, tu vai lá em casa mais tarde pegar os restos das suas coisas? - andou com a moto ao meu lado.

Marina: Vou sim, tá com tanta pressa por que? - olhei pra ele fazendo uma careta.

L2: Não tô com pressa, só queira saber se tu vai ir lá mais tarde mesmo. Preciso trocar uma ideia serinha contigo, sem maldade.

Marina: Hm, vou ver se passo lá mesmo.

Ele balançou a cabeça, e abaixou o capacete, logo saindo dali com a moto a milhão. Respirei bem fundo, e fui logo pra casa da Jana.

Assim que cheguei na casa deles, estava tudo fechado e apagado ainda. Deveriam estar dormindo, então fui direto para o quarto em que eu estava ficando, e depois de tomar um banho, cai morta na cama.

******

Joguei o pote de açaí ali no lixinho que tinha na praça, e me sentei de volta ao lado da Janaína.

Já era umas oito da noite, e estava nós duas ali na praça conversando. Diogo estava com o Fernando em algum lugar do morro, passeando.

Janaína: Tava mó frio hoje de manhã, e agora tá uma noite gostosinha... tempo maluco! - suspirou. - Mas enfim, Mari, tu ficou sabendo da treta que teve entre o Marcinho e o Jão?

Marina: Amiga, eu só sei das tretas porque tu me conta, então se você não me contou, eu não sei...- dei uma risada baixa, e ela riu junto.

Janaína: Você é muito desenformada as vezes, euem. - fez careta. - Mas então, mulher... Os dois saíram na maior porrada lá perto da boca, o porquê? Por conta que o Marcinho engravidou a filha do Jão, que só tem 15 anos.

Marina: Caralho... e o Marcinho tem quantos anos? Ele parece ser velhão já.

Janaína: O cara tem quase quarenta anos nas costas. Olha a pedofilia.

Eu nem disse nada, só dei risada negando com a cabeça, e depois disso fiquei na minha. Eu, Marina, não podia falar nada, e muito menos julgar, porque quando fiquei com o Luan, eu só tinha 15, e ele quase 30 já.

Então, quem sou pra falar de outro alguém? Rum, ninguém, pô!

Janaína: Fernando mandou mensagem falando que já estão em casa. Vamo subir?

Marina: Poder ir indo, amiga. Vou aproveitar que já estou aqui, e ir na casa do Luan pegar o resto das minhas coisas.

Ela apenas balançou a cabeça, e antes de ir, me deu um beijo na bochecha. Me levantei do banco, e fui indo em direção aquela casa.

Sabia que nesse horário o Luan já estava em casa, e aproveitaria pra ouvir o que ele tanto tem pra conversar comigo.

Não faço a mínima ideia do que seja, mas já prevejo merda!

Nosso Recomeço Onde histórias criam vida. Descubra agora