**Capítulo 60**

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Dois anos depois...

• Marina •

Enquanto eu folheava as diversas cartas mandadas pelo Luan nesses últimos dois anos, eu ficava imaginando como seria bom reencontra-lo logo.

Sempre que eu relia todas as suas cartas contando como as coisas iam lá fora, eu ficava horas sorrindo igual boba.

Um dos motivos de eu suportar essa cadeia depois de tanto tempo, era saber que em todos os domingos Janaína apareceria aqui, trazendo outras diversas cartas dele, e notícias da minha filha.

Lua já estava quase a completar 3 anos. Seu terceiro aniversário seria daqui apenas 4 meses, e mais uma vez eu não estaria presente.

Estaria aqui trancada dentro dessa cadeia horrenda.

Eu não aguentava mais este lugar, e não via a hora de sair daqui o mais rápido possível. Porém, faltava mais um ano e alguns meses.

Meus dias aqui eram tediantes, enquanto eu não estava trabalhando na área da lavanderia junto a outras presas, eu estava em minha cela, sozinha, sem fazer absolutamente nada.

Então, em qualquer momento de solidão, eu pegava as cartas do Luan e relia diversas e diversas vezes. Tinha a sensação dele estar aqui comigo enquanto falava aquelas palavras escritas nas cartas.

Em diversas noites eu me pegava imaginando minha vida fora daqui. Imaginava eu longe deste lugar vivendo com o Luan e a Lua em uma ilha só nossa, na maior tranquilidade possível.

E agora que eu sabia da morte da Yumi, me tranquilizava ao saber que ela não viria atrás da gente infernizar novamente.

Janaina me contara o que o Luan fizera a dois anos atrás contra a Yumi. E aquilo me alegrou por semanas, mesmo sabendo que se tratava da morte de diversas pessoas.

Porém, todas essas pessoas não eram inocentes, e todas elas ajudaram Yumi a acabar com a minha vida.

Então, eu não sentia sequer um pingo de remorso ao sentir alegria ou alívio com a morte de todos eles.

- Ae, suas advogadas estão aí querendo falar contigo. - a guardinha apareceu do nada nas grades de minha cela.

Fiz uma careta confusa ao saber que Vivian e Fátima estavam aqui depois de tantos meses sumidas.

A guarda me algemou antes de abrir de uma vez a cela. E me acompanhou até a sala de visitas.

Vivian e Fátima estavam sentadas nas cadeiras que tinha ali, com diversos papéis postos na mesa de metal.

Me sentei na cadeira vaga que tinha ali, e encarei as duas, confusa.

Marina: Que surpresa vocês duas por aqui.

As duas sorriram.

Fátima: Temos ótimas novidades para a senhora.

Uma ansiedade invadiu meu peito no mesmo segundo que ele disse aquela frase.

Vivian: Ficamos esses meses sem vir visitá-la porque estávamos recorrendo a sua liberdade por bom comportamento, e pelo trabalho que você realiza aqui dentro.

Eu abri a boca para dizer algo, mas nada saiu. Eu estava em estado de choque com aquela notícia, e diversos pensamentos rondavam por minha cabeça de uma forma surreal.

Puta merda...

Vivian: E ontem mesmo o juiz deu a ordem de soltura por bom comportamento. - ela disse, e meu mundo pareceu parar naquele mesmo instante.

Marina: O... o quê?

Fátima: Você será solta, Marina. Irá ser livre outra vez. - seu sorriso cresceu.

Coloquei minha mão por cima de meu peito, sentindo meu coração bater fortemente lá dentro.

O ar faltou em meus pulmões, e parecia que eu estava prestes a desmaiar de tanta felicidade que eu sentia naquele momento.

Eu não conseguia sequer acreditar naquelas palavras.

Eu... eu seria solta.

Eu iria poder presenciar o terceiro aniversário da minha filha pessoalmente.

Eu iria ser livre outra vez.

Marina: Por favor... digam que essa é a verdade. Digam que realmente vou sair daqui. - pedi com a voz baixa, e meus olhos marejados.

Vivian segurou uma das minhas mãos, olhando no fundo de meus olhos.

Vivian: Amanhã mesmo você já poderá sair deste lugar, Marina. Você vai ser solta amanhã de manhã e poderá reecontrar sua filha novamente.

E então eu não me aguentei, comecei a chorar naquele exato momento só em ouvir aquelas palavras.

E pela primeira vez depois de muito tempo, eu não estava chorando de tristeza ou solidão, eu estava chorando de felicidade... de pura alegria e ansiedade.

Ansiedade por saber que amanhã mesmo eu poderia reecontrar minha filha depois de dois anos, e que finalmente poderei recomeçar minha vida longe deste lugar.

Puta merda, eu não conseguia sequer acreditar nisso.

Parecia um sonho se tornando realidade.

E naquele momento, eu estava sendo a mulher mais feliz do mundo, apenas por saber que iria me juntar a minha família mais uma vez.

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