. Antigamente, era de conhecimento geral, que qualquer tolo que ousasse aventurar-se em uma passeio noturno na montanha Aisuru, seria condenado a desaparecer misteriosamente sob o véu da noite, até que no terceiro dia após o seu desaparecimento, o...
-Saotome...? -Coloquei a mão sobre seu ombro -Ele já está morto... Pode parar de bater...
Ela deu um último golpe no que havia restado do crânio do oni e me olhou com certa raiva.
O sangue que havia espirado em seu rosto e em roupas começou a se desfazer, assim como o corpo sem vida do oni.
-Não deveria ser tão cruel, ele foi só um pobre humano amaldiçoado pelo destino -Afirmei com tristeza.
-Você está dizendo que eu devo ter pena dele, só por que ele já foi um humano? -Ela se irritou -Ele pode até não ter escolhido virar oni, mas se submeteu a trazer dor e sofrimento para as vidas dos outros, apenas pra continuar com sua vida desprezível.
-Não estou dizendo que você deve perdoa-lo pelas atrocidades que ele cometeu, mas por favor, tenha um pouco de respeito -Supliquei.
-Você é muito mole pra esse tipo de trabalho e vai morrer bem cedo se continuar com essa empatia idiota pelos onis -Ela revirou os olhos e começou a recolheu os estilhaços de suas adagas.
-Ah, certo... -Preferi não discutir sobre isso agora.
-É que já está bem tarde e... -Ela me interrompeu.
-Não, eu não vou deixar vocês dois virem comigo! -Ela se precipitou.
-Na verdade, eu ia te perguntar se quer vir conosco -Corrigi sem muita esperança -Nós estamos hospedados temporariamente na mansão da senhorita Shinobu, tenho certeza ela deixará você passar pelo menos essa noite por lá, mas...
-Como que o trio de idiotas estão hospedados na casa de uma pilar da corporação? -Ela nos olhou de cima a baixo, pasma.
-Bem, a mansão borboleta é uma centro de tratamento, não? -Expus o meu braço imobilizado.
-Ah, sim -Nanno aparentava estar aliviada e até mesmo feliz com tudo isso. Espero genuinamente que meu ferimento não seja o motivo dessa felicidade.
-Já vamos indo, então... -Falei meio sem jeito -Tem certeza que não quer vir conosco?
-Jamais perderia a oportunidade de contemplar a grande presença de uma dos nove pilares -Ela afirmou confiante.
Após um certo tempo, voltamos ao lugar aonde havíamos deixado as nossas coisas para trás e recolhemos tudo.
Ela iluminou o nosso caminho com o lampião, enquanto levávamos as peças de madeira nos braços, já que esquecemos de trazer um cesto de palha.
-Por quê nós temos que levar essa tralha toda, enquanto essa mulher só leva o fogo? -Inosuke questionou indignado.
-Talvez pelo simples fato de não a ser minha obrigação? -Ela retrucou.
-E o q... - Ele foi interrompido.
-Ninguém mandou o javali idiota esquecer o cesto -Ela contrapôs em tom provocativo.
E os momentos seguintes foram preenchidos por provocações de ambos os lados, até que em certo momento o Inosuke partiu pra cima com todo o seu ódio acumulado e Nanno, por sua vez, imobilizou seu adversário sem muito esforço.
-Não tão rapido, javali idiota -Ela colocou todo o peso de seu corpo sobre as costas Inosuke, para assim conseguir conter seu surto de raiva.
-ME SOLTE MULHER, COMO VOCÊ OUSA SE METER COM O GRANDE HASHIBIRA! -Ele esperniava com todas as suas forças e ela o apertava mais contra o solo, com um sorriso sádico nos lábios.
-Para com isso! Não está vendo que você está o machucando? -Repreendi a brincadeira, por conta do nível de violência que ela estava usando.
-Coitadinho do javali idiota -Ela o provocou de forma melosa e logo seus olhos se voltaram para máscara que usa em seu rosto -E o que será que temos debaixo dessa coisinha estúpida?
-ME SOLTE MULHER OU SOFRA AS CONSEQUÊNCIAS! -Ele se contorcia numa falha tentativa de escapar.
-É o que você vai f... -Ela se calou no exato momento que viu os traços delicados se revelarem por debaixo da máscara e ele se aproveitou dessa distração para se livrar da garota.
Ele a jogou em um monte de terra e gargalhou vitoriosamente -QUEM ESTÁ COM CARA DE IDIOTA AGORA, MULHER?
-Acho que é o brutamontes com cara de donzela! -Ela retrucou de forma irônica e isso o deixou ainda mais irritado.
-VAI PAGAR POR ESSA LÍNGUA DE COBRA, MULHER! -Ele se jogou sobre Saotome e ambos rolaram pelo chão de terra, em uma intensa disputa de força.
-É só isso que tem, donzela? -Ela conseguiu ficar por cima e o socou no rosto -Achei que a donzela fosse mais forte, já que tem essa marra toda!
-CALA BOCA! -Ele a segurou pelos pulsos e colocou o joelho na altura de seu estômago, dando impulso pra lançá-la longe.
Inosuke riu descontroladamente da forma desajeitada que ela caiu e em resposta, ela jogou um punhado de terra em seu rosto, indo pra cima dele logo em seguida.
-Já chega! -Exclamei enquanto a segurava pela cintura.
-Me solta! -Ela simplesmente me deu uma cotovelada no estômago, para que eu a soltasse.
-Eu disse, já chega! -Antes que ela pudesse atacar o Inosuke, eu a puxei pelo braço e lhe dei uma cabeçada.
Nanno ficou atordoada por alguns instantes, porém assim que voltou a consciência me empurou para longe de si.
-Você tá bem? -Perguntei com certa preocupação, já que ela ainda me parecia um pouco tonta.
-Eu tenho que admitir que foi mais forte do que eu esperava, mas não o suficiente pra me derrubar -Saotome passou o polegar no arranhão que se formou em sua testa e em seguida lambeu o sangue.
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