Capítulo 17

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Estímulo

Diferente do que estou habituado a ver, nesse bairro não há enormes prédios, não há fluxo constante de pessoas e não há tráfego.

A rua é totalmente tranquila. Onde as casas, geralmente com dois ou três andares, ficam em cada lado da passagem. Os jardins perfeitamente cuidados, exercem um charme a mais, dando a impressão de estar em um verdadeiro sonho.

Conheço bastante partes da cidade, no entanto nunca imaginei que um bairro nobre fosse tão perfeito. Até o ar é diferente, mais leve, mais gostoso para se inalar.

Porém, o que atrai a minha atenção, é a ausência de muros. É como se a criminalidade não existisse nessa área. Parando para pensar com maior cautela, de fato, realmente não há.

Totalmente encantado, continuo a procurar pelo endereço. A cada passo dado, mais nervoso fico. Não sei o que vou encontrar, e minha mente se aproveita disso para criar uma forte ânsia de que vou ter todas as minhas respostas. E por mais que eu não queira criar expectativas, elas surgem sem a minha permissão e toma conta de mim.

Percebendo que o fim da rua está próximo, o meu coração entra em desespero. Pego o papel e verifico mais uma vez. Não, eu não errei.

É aqui mesmo. Olho para o lado e volto alguns passos parando de frente para a enorme casa em estado de decadência. Apesar de as cores estarem desbotadas, a tinta ainda permanece fiel, grudada na parede.

Sem pensar duas vezes, vou até a porta da residência e tento abri-la, sem sucesso. Pisando nas folhas secas amontoadas por todo o chão, dou a volta parando nos fundos da casa. Não foi fácil destravar a tranca com o cabo de uma colher. Bastou usar apenas a ponta que há no ferro e mais alguns truques, que ela finalmente abriu rangendo alto.

Entro no ambiente escuro acendendo a lanterna do celular. Nesses últimos tempos ele vem sendo bem útil para mim. Há móveis, todos cobertos por plásticos empoeirados. A decoração é bastante moderna, apesar de ter perdido a viveza da cor original.

Após vasculhar a imensa sala, guio-me a escada direcionada para a parte de cima. Ao pisar no primeiro degrau percebo não estar sozinho. Respiro fundo tentando controlar as batidas fortes no meu peito.

Viro-me ligeiramente para trás, mirando a luz forte da lanterna, seja lá no que for, ficando tão surpreso que quase caí ao dar um passo para trás, acertando o calcanhar no degrau.

O que merda ele está fazendo aqui?

Maizom leva às costas da mão ao rosto tentando proteger-se da luminosidade. Ainda em estado de choque, o vejo fazer sinal para eu abaixar a lanterna. Leva alguns segundos para o cérebro compreender e mandar a ordem a meu braço, que se abaixa. Ele não diz nada, apenas fica imóvel me olhando e isso causa-me uma certa raiva.

— O que faz aqui?

Seus olhos castanhos parecem a lupa de um detetive sagaz à procura de pistas, e elas sou eu.

— Eu quem deveria lhe fazer esta pergunta. — Pondera.

Minha raiva que antes pulsava somente em uma parte do corpo, espalha-se.

— Por que está me seguindo, Maizom? — Não queria ter soado tão grosseiro, porém no momento estou quase sem controle.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora