Capítulo 27

1.1K 212 637
                                    

Corredor branco


Devo estar irradiando alegria para os sete cantos da terra. Não! Melhor, para todo o cosmo. Se pudesse ver a olho nu, certamente eu estaria brilhando. E seria bem útil agora. Visto que, estou tentando caminhar pelo corredor escuro.

Emma sem sombra de dúvidas deve saber da minha chegada. Às vezes quando não quer ser vista, não sei se é para não incomodar a pessoa, ela simplesmente escolhe um canto mal iluminado e se senta nele, esperando todos entrarem na casa.

Costumava achar isso muito estranho, porém percebi ser apenas a forma dela de cuidar de nós e garantir que todos retornem ao lar.

Noto uma luz fraca, que não parece em nada com a artificial, vindo do quarto da Camille. Aproximo-me com cuidado, abrindo um pouco mais a porta, permitindo o meu corpo passar pela abertura.

Assim que vejo a garota escorada nos pés da cama observando através da janela, não há como evitar a surpresa. Camille nunca foi de contemplar a beleza da lua.

Sento-me ao seu lado, encostando as costas na madeira fria.

— Já veio? — Questiona sem verificar.

— Acho que eu não estava aqui. — Sorrio.

Fita-me espantada.

— Ah, é você.

Apenas não deixo transparecer está magoado com o “ah, é você”. No entanto, não deu certo. Camille percebeu.

— Desculpa! — Entrelaça os dedos sobre o próprio colo.

— Sem problema. O que está te incomodando?

O quase breu em que estamos, até que é reconfortante.

— Promete não me achar idiota? — Passa a mão pela testa jogando os fios escuros para trás.

— E qual foi o dia que já te considerei uma?

Camille sorri fraco e inspira profundamente.

— Sabe... por que você e os outros podem fazer o que querem? — Indaga.

Aparenta estar realmente confusa. Lanço-lhe um franzir de cenho.

— Chegam a qualquer hora, vão onde bem entendem e a única coisa que precisam fazer é só telefonar para Emma, avisando que estão bem.

Acabo sorrindo. Eu já estive no lugar dela, me questionando exatamente as mesmas coisas.

— Você ainda é uma adolescente. — Ela faz menção de abrir a boca mais continuo: — Se você sair e algo lhe acontecer, a culpa cai em cima da diretora Emma. E, ela jamais se perdoaria. Sem contar que poderia perder o comando da diretoria e o casarão correria sérios riscos de voltar a ser igual a antes. — Arrepio imaginando tal possibilidade.

Ouvindo a última frase, Camille envolve o corpo com os próprios braços.

— Deus nos livre! — Se apressa em dizer.

— Viu...

Assente com a cabeça, parece pensativa. Segundos depois, ergue a face com o semblante estranho.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora