Capítulo 06

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Paraíso

Depois de alguns minutos, que mais pareceram horas, o BIP irritante soa. Abro a porta do micro-ondas, apanho o balde tentando ignorar o queima nos meus dedos, porém durando pouco.

Sem conseguir aguentar, Jogo o balde em cima da mesa, fazendo algumas pipocas voarem para fora. Tentando aliviar a dor, passo a balançar os dedos. Merda! Isso dói. Levo o indicador a boca e quase grito.

A ardência se intensificou de tal forma dando a impressão de que minha pele estava grelhando. Segundos depois, minhas mãos aliviam um pouco.

Dessa vez, trisco ligeiramente no balde grande de papel verificando se ainda está quente. Tendo a certeza que não me queimaria outra vez, pego-o e saio às pressas para a sala.

Ando entre os corpos jogados no chão tomando cuidado para não pisar em nem um, e sento-me no lugar que estava antes. Aconchego-me no sofá, apanho um bocado de pipocas antes da Alícia pegar o balde e passá-lo adiante.

A sala escura é constantemente iluminada pelos mais variados tipos de cores que divergem de acordo com a cena que está sendo passada na televisão.

O filme que estamos assistindo é o Capitão América. Onde ele junto com os outros soldados movem-se em cima dos vagões tentando entrar no trem em movimento.

Após gritar e xingar muito nas partes cruciais do filme, o mesmo chega ao fim. Levanto-me morto de preguiça, tropeço e quase dou de cara no tapete.

— Agora é limpar essa bagunça toda. — Jonh encara o chão sujo de caroços de milho e restos de pipocas, abrindo a boca preguiçosamente.

Limpamos tudo e seguimos para a cozinha.

— Cadê a Emma? — Pergunto de olhos grilados no celular.

— Já era para ela estar aqui. — Camille reclama.

— Relaxem, ainda não passou da hora. — Alícia senta-se a mesa com um copo de água em mãos.

A diretora pediu para que quando desse quatro horas todos a esperassem na cozinha. A própria avisou que tem algo importante para nos dizer e também uma surpresa muito boa para todos. Cá estamos e ela nada.

— O que deve ser de tão importante? A ansiedade tá me matando — Kevin rói as unhas.

— Não será mais necessário esperar. — Emma entra na cozinha atraindo a atenção de todos.

— Amém! — John dá graças fazendo todos caírem na rizada.

— A casa recebeu mais um doador. — Arregalo os olhos surpreso, assim como todos.

Em questão de segundos o lugar fica parecendo o refeitório da minha escola, de tão barulhento que está.

Também não posso reclamar, pois faço parte dos que conversam desenfreados fazendo um monte de suposição em vez de deixar a diretora terminar de dar o recado.

— Silêncio! — Emma exclama alto e em poucos segundos a ausência de som reina entre nós.

— Quem é o doador? — Pergunto curioso.

Faz tanto tempo que a casa não recebe doadores que chega a ser estranho e duvidoso. No momento há somente quatro, no qual, três são idosos e um de meia-idade.

A alguns anos atrás, havia mais gente contribuindo. Porém, como grande maioria eram de idades avançadas, quando faleceram, os herdeiros das suas fortunas passaram a não mais doar. 

Foi o caso do contribuinte de maior valor. Emma contou que a pessoa morreu e avisaram-na que as doações se encerrariam. O casarão teve que entrar às pressas no modo econômico.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora