Não me procurou
Entrego as notas ao motorista do táxi que faz um breve aceno de cabeça e segue avenida à frente. Meu peito dói por estar sendo esmurrado com tanta violência e as mãos tremem. A noite de hoje está fria, me gerando desagrado pela primeira vez.
Encaro a enorme casa à frente. Jamais imaginei que o dono pudesse me dizer onde está a minha mãe. Ao lado, há outra, a qual já estive por uma noite com Estela. Passo as mãos pelo rosto, forçando-me a acalmar.
Levo as vistas em direção a residência. Apesar de moderna, contém traços de arquitetura antiga. Estando situada em um bairro nobre, não me surpreende.
Respiro fundo e adentro o quintal, seguindo pelo caminho de pedrinhas em meio ao gramado. Paro diante da porta. A coragem some.
Lá se foram quase dez minutos que estou plantado na entrada alheia, idêntico a um robô resetado. Pego o celular e digito os números depressa.
— Precisa de ajuda?
Somente em ouvir a voz de Maizom, respiro aliviado.
— Sim. Não consigo sozinho.
✯✯✯
Pressiono o botão arredondado e volto um passo, parando ao lado de Maizom. Seus braços envolvem a minha cintura e ele deposita um beijo no meu ombro.
Como não apareceu ninguém, vou à campainha novamente. A porta é destravada no mesmo instante.
Por um momento, o meu corpo paralisa quando vejo o mesmo senhor que me pediu para parar o táxi. Ele sorri, a felicidade iluminando o rosto enrugado. Permaneço sem ação.
— Oi, Eric. — Estende a mão. Cumprimento-o no automático. — É bom te ver. Sou o Colim.
Ele dá um passo à frente.
— Olá, Maizom. — Aperta a mão dele. — Entrem. — Nos da passagem.
Maizom segura meus ombros e os empurra levemente, fazendo-me adentrar a casa. Na grande sala, quase não há móveis.
Apenas três poltronas, duas ao lado da outra e uma, na frente de ambas, uma mesinha com um jarro de flor e um quadro, o qual está com a frente contrária à minha.
Mesmo com a pouca mobília, o luxo é evidente. Diferente do que pensei, na parte de dentro não há nenhum traço de arquitetura antiga.
O Senhor se senta lentamente com dificuldade, escorando a bengala ao lado da poltrona e nos diz para fazermos o mesmo.
Finalmente saberei onde a minha mãe está. Logo que recebi aquela mensagem, a dúvida que tinha em não ter certeza se estava preparado para encontrar Eleonor Evans, desapareceu.
E a única coisa que conseguia pensar era em vê-la. O que não entendo é o que este senhor tem a ver com ela. Porém, se me dizer onde Eleonor está, já fico agradecido.
— Peguei você no colo. Veja só como está. Se transformou em um belo rapaz. — Sorri tomado em gratidão.
Sorrio também, porém nervoso.
— O..o que você é da minha mãe?
Não consegui segurar. A vontade em saber a verdade está mais forte do que eu.
Não tenho certeza se ele conhece mesmo Eleonor, porém o que me faz acreditar é o fato de Maizom tê-lo encontrado. O que deixa as chances maiores.
— Eu era amigo. O seu melhor amigo, como ela dizia. — Sorri triste.
— Era? — Meu sangue gela.
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Te Guiando No Subúrbio
RomanceVencedor do THE WATTYS 2022 🏆 Abandonado recém-nascido em um orfanato, Eric Evans aventura-se por toda a cidade através de buscas incessantes e muitas vezes perigosas, tendo que lidar com a frustrante falta de pistas concretas que possam levá-lo a...