Capítulo 35

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Não me procurou

Entrego as notas ao motorista do táxi que faz um breve aceno de cabeça e segue avenida à frente. Meu peito dói por estar sendo esmurrado com tanta violência e as mãos tremem. A noite de hoje está fria, me gerando desagrado pela primeira vez.

Encaro a enorme casa à frente. Jamais imaginei que o dono pudesse me dizer onde está a minha mãe. Ao lado, há outra, a qual já estive por uma noite com Estela. Passo as mãos pelo rosto, forçando-me a acalmar.

Levo as vistas em direção a residência. Apesar de moderna, contém traços de arquitetura antiga. Estando situada em um bairro nobre, não me surpreende.

Respiro fundo e adentro o quintal, seguindo pelo caminho de pedrinhas em meio ao gramado. Paro diante da porta. A coragem some.

Lá se foram quase dez minutos que estou plantado na entrada alheia, idêntico a um robô resetado. Pego o celular e digito os números depressa.

— Precisa de ajuda?

Somente em ouvir a voz de Maizom, respiro aliviado.

— Sim. Não consigo sozinho.

✯✯✯

Pressiono o botão arredondado e volto um passo, parando ao lado de Maizom. Seus braços envolvem a minha cintura e ele deposita um beijo no meu ombro.

Como não apareceu ninguém, vou à campainha novamente. A porta é destravada no mesmo instante.

Por um momento, o meu corpo paralisa quando vejo o mesmo senhor que me pediu para parar o táxi. Ele sorri, a felicidade iluminando o rosto enrugado. Permaneço sem ação.

— Oi, Eric. — Estende a mão. Cumprimento-o no automático. — É bom te ver. Sou o Colim.

Ele dá um passo à frente.

— Olá, Maizom. — Aperta a mão dele. — Entrem. — Nos da passagem.

Maizom segura meus ombros e os empurra levemente, fazendo-me adentrar a casa. Na grande sala, quase não há móveis.

Apenas três poltronas, duas ao lado da outra e uma, na frente de ambas, uma mesinha com um jarro de flor e um quadro, o qual está com a frente contrária à minha.

Mesmo com a pouca mobília, o luxo é evidente. Diferente do que pensei, na parte de dentro não há nenhum traço de arquitetura antiga.

O Senhor se senta lentamente com dificuldade, escorando a bengala ao lado da poltrona e nos diz para fazermos o mesmo.

Finalmente saberei onde a minha mãe está. Logo que recebi aquela mensagem, a dúvida que tinha em não ter certeza se estava preparado para encontrar Eleonor Evans, desapareceu.

E a única coisa que conseguia pensar era em vê-la. O que não entendo é o que este senhor tem a ver com ela. Porém, se me dizer onde Eleonor está, já fico agradecido.

— Peguei você no colo. Veja só como está. Se transformou em um belo rapaz. — Sorri tomado em gratidão.

Sorrio também, porém nervoso.

— O..o que você é da minha mãe?

Não consegui segurar. A vontade em saber a verdade está mais forte do que eu.

Não tenho certeza se ele conhece mesmo Eleonor, porém o que me faz acreditar é o fato de Maizom tê-lo encontrado. O que deixa as chances maiores.

— Eu era amigo. O seu melhor amigo, como ela dizia. — Sorri triste.

— Era? — Meu sangue gela.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora