Desastre
Já é a milésima vez que bato nessa maldita porta e nada dela desconfiar.
— Abaixa essa merda, Camille! — E ela continua a ignorar-me.
Percebendo algo parar atrás de mim, viro-me dando de cara com a diretora. Ela mantém os braços cruzados e com uma cara nada boa. Acabo deixando um risinho escapar, o que faz a mulher levantar uma das sobrancelhas. Imediatamente volto a ficar sério.
— Camille abra a porta! — No mesmo instante ela destranca, revelando-se totalmente descabelada.
O micro shortinho e o toco de blusa não vou nem comentar. As diretrizes da casa são claras quanto a isso. No entanto, Camille não é das que se dá muito bem com regras. Isso já causou inúmeros debates entre nós, porém a Emma nunca conseguiu mudar a norma imposta antes dela assumir a diretoria.
— O que? — Pergunta de cara feia, dando uma de desentendida.
— Primeiramente, respeite-me e segundo tenha ao menos a decência de escutar as suas músicas sem aborrecer os outro. Seus irmãos ainda estão dormindo. — Emma a repreende.
Se antes a garota já estava com raiva, agora pioro. Ela bate à porta e a música antes alta torna-se quase inaudível. Camille aparece novamente na pequena brecha feita por ela mesma, e questiona irônica:
— Satisfeitos?
— Muito! — Alargo o sorriso e ela bufa irada.
Volto para o meu quarto e Emma segue para algum cômodo da casa. Sempre que se desentende com o namoradinho de merda dela quem sofre as consequências somos nós. Enrolo-me no edredom macio e tento dormi os meus últimos minutinhos, antes do despertador disparar me obrigando a ir para aquela prisão chamada escola.
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Empurro a porta verde ouvindo o trim do sino localizado na parte de cima da mesma. Dirijo-me a bancada passando os olhos ligeiramente pelo lugar. Como de costume, quase todas as mesas estão ocupadas pelos mais variados tipos de pessoas. Desde as bem vestidas às mais casuais.
— O mesmo de sempre? — O velho Senhor de cabelos grisalhos pergunta com o costumeiro sorriso simpático.
— Sim. — Confirmo a sorrir.
— Dois minutinhos.
Constante desaparece pelas portas de serviço e como prometido, dois minutos depois reaparece com um grande copo de milkshake em mãos. Entrego algumas notas para ele que mal tem tempo de apanhá-las e já é chamado para anotar o pedido de outro cliente.
De todas as lanchonetes da cidade a dele é a mais bem-vista e falada. Além dos lanches serem um espetáculo no quesito sabor, o atendimento é maravilhoso. Dirigindo-me a saída, observo com maior atenção às pessoas presentes parando em uma mesa. Na qual, dois olhos fitam-me.
Imediatamente reconheço o indivíduo. É o mesmo homem que impedi de ser roubado. Segundos depois, alguns dos que estão com ele, trajadas com roupas sociais, passa a me olhar também. Desvio os meus olhos para a porta apressando os passos. A única coisa que não entendo é porque estou agindo dessa forma, como se estivesse fugindo de algo.
Levo o canudinho a boca puxando o líquido cremoso de gosto surreal. Milkshake de chocolate é uma das melhores coisas que o homem já inventou. Se eu pudesse, viria aqui todos os dias antes de ir à escola somente para comprar um desse.
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O barulho de várias vozes sendo pronunciadas ao mesmo tempo, onde uma tenta falar mais alto que a outra, faz do refeitório um verdadeiro inferno para aqueles que prezam pelo bom e velho silêncio. Porém, para mim e todos que estão aqui tornou-se algo perfeitamente comum.
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Te Guiando No Subúrbio
RomanceVencedor do THE WATTYS 2022 🏆 Abandonado recém-nascido em um orfanato, Eric Evans aventura-se por toda a cidade através de buscas incessantes e muitas vezes perigosas, tendo que lidar com a frustrante falta de pistas concretas que possam levá-lo a...