Capítulo 01

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Tenho que achar ele!

A imensidão de cores emitidas pelos outdoors e letreiros dos variados tipos, misturam-se deixando as ruas com uma tonalidade peculiar e, ao mesmo tempo agradável de se ver.

Saltando alguns bueiros e desviando das pessoas, observo o tráfego contínuo de carros moverem-se compassadamente. Os veículos amarelos destacam-se em meio aos outros. Levando jovens e os não tão jovens assim, para todos os tipos de lugares. Como bares, boates ou festas particulares.

Muitos, doidos para se divertirem e distrair a mente dos dias corridos. O que uma noite badalada no fim de semana faz, não é mesmo?

Aperto os dedos quando os pensamentos retornam, forçando-me a relembrar o fracasso de hoje. Mais um dia de buscas em vão. Não achei absolutamente nada para me tirar da estaca zero. Nem uma mísera pista, por mais simples que seja.

Acabo por afrouxar os punhos, quando a dor das unhas penetrando a carne da palma da minha mão surgi. Alertando-me para cessar, caso contrário, terá uma cachoeira vermelha jorrando delas.

Posso estar exagerando na quantidade de sangue. Mas que teria algo saindo das mesmas e que com certeza chamaria atenção, teria. Sem contar a mancha que dificilmente sairia do meu moletom.

Algo esbarra contra o meu ombro. A mulher de chapéu de abas grandes, nem dá o trabalho de se desculpar ou pelo menos olhar para trás.

Ótimo! Estou mais irritado do que estava. O que custa um simples pedido de desculpa? Que eu saiba não causará nem um dano a quem a pede. Pelo contrário, mostra que você está a fazer o bom uso da educação que seus pais te deram.

Logo a frente vejo o tão familiar saco de dormir, surrado por ser carregado todos os dias de um lado para o outro. Quando a noite cai, é colocado sobre a calçada. A fina coberta pintada de múltiplas cores, cobre o simpático e animado Sr. Oscar. Ele notando minha aproximação, estica o braço e o cumprimento com um toque de mãos.

— Como foi a investigação? — Sorrir revelando os tocos de dentes amarelados.

O sorriso mais espontâneo que vi hoje.

Apesar de não ter absolutamente nada e todos os motivos plausíveis do mundo para reclamar e queixar da vida, ou ficar mal-humorado, o Sr. Oscar está sempre alegre e sorridente. Escoro na barra metálica do fino poste de luz, ficando de frente para ele.

— Um fracasso. — Suspiro desanimado.

— Hora meu jovem, não perca a esperança. Amanhã é outro dia. — Estende o pedaço de pizza para mim que recuso.

Comi tantas e só de sentir o cheiro meu estômago embrulha. Permaneço por cerca de quinze minutos ali, ouvindo o velho senhor contar os bonitos gestos e ações que viu hoje. A jovem que ajudou uma senhora. A moça que ganhou um belo buquê de flores do namorado. O bom dia que recebeu de poucas pessoas. As frutas e guloseimas que ganhou...

Despeço-me, do Sr. Oscar e continuo a andar. Atravesso a rua e entro na avenida dos enormes arranha-céus. O lugar mais bem-visto de toda a cidade. Encarando um deles, observo os vários quadrados amarelados tornando-se minúsculos à medida que sobem céu a cima. A porta giratória do prédio move-se e algumas pessoas saem de lá. Fazendo-me retornar à realidade e seguir o meu caminho.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora