Capítulo 15

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Neste capítulo, haverá partes que podem desencadear gatilhos emocionais em pessoas sensíveis. Não é algo pesado, porém ainda assim, há potencial de incomodar aqueles que não gostam de cenas com brigas.

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Eu era melhor nisso

As ruas sujas com folhas secas e papéis plásticos, denuncia o estado caótico desse lugar. Até a vibração do ambiente é diferente. O ar é pesado e se intensifica com as nuvens escuras e o vento frio.


De frente para o trailer de cor desbotada, respiro fundo tomando coragem. Bato na porta ouvindo o som do metal repercutir no ar.

Sem obter resposta, insisto mais uma vez. A dona dele está lá dentro. Entretanto, não sei se está com cliente. Quando cheguei, ouvi gemidos altos e palavrões. Resolvi deixar ela terminar o seu serviço.

O problema é que me sentei em um lugar afastado e acabei não vendo se quem estava com ela já havia saído. Porém, preciso conversar com a moça nesse momento, pois daqui a uma hora começará a escurecer.

O pouco que vi da cidade já é o suficiente para saber que as ruas são muito mais perigosas do que a do bairro onde moro. Um barulho alto soa e, na porta, agora recém-aberta, está uma mulher trajada de vestido solto decotado que cobre pouca coisa das suas coxas, escorada no batente da porta me olhando visivelmente irritada.

— O que você quer, garoto? — Me analisa dos pés à cabeça causando-me desconforto.

— Preciso falar com você. Prometo que não vou tomar tanto o seu tempo. — Praticamente imploro para que a mesma aceite.

Ela leva o cigarro à boca, tragando-o, e logo em seguida, solta uma baforada. Prendo a respiração por poucos segundos esperando a fumaça se dissipar no ambiente. Pelo odor forte, não é nicotina.

— Se quiser alguns minutos comigo, terá que marcar horário antes.

Desencosta do batente e puxa a porta para ser fechada, porém coloco o pé na frente impedindo-a de realizar o gesto.

— Por favor! É sobre a antiga dona dessa coi... — Engulo em seco procurando pela palavra certa. — Trailer. — Completo.

Ela revira os olhos e diz logo em seguida:

— Espere. — A porta é fechada na minha cara.

Incomodado com a má forma que fui tratado, afasto do trailer e caminho na direção da árvore localizada ao lado do pequeno terreiro coberto por gramas, tanto secas quanto verdes.

O ruim de estar a procura de algo, é que você depende da boa vontade das pessoas para te ajudar. E isso, em grande parte, é desgastante.

Passados cinco minutos, a porta da casa é aberta, revelando o corpo volumoso da mulher sendo apertado pelos braços de um homem de meia-idade. Ele se afasta dela, passa por mim mal me olhando, sobe em sua moto e sai em alta velocidade.

— O que você quer saber? — A voz um pouco grossa e rouca da mulher soa na minha frente e acabo por levar um tremendo susto.

A mesma se aproximou e não notei.

— Eleonor Evans morou mesmo aqui? — Questiono.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora