Capítulo 24

919 212 561
                                    

Caixa postal

As gotículas gélidas escapam dos fios, atingem a pele, e escorrem pelo meu rosto. E, novamente, passo a jaqueta grossa do time, secando-as.

A preocupação, antes pouca, torna-se maior a cada segundo. Volto os olhos para a tela do celular, verificando a hora.

— Já era para ele estar aqui. — Murmuro encarando o estacionamento, quase vazio.

Atrasei um pouco. Exatos cinco minutos. Quando cheguei, há uma hora e meia, não encontrei Maizom. De início, pensei que ele cansou de me esperar.

Entretanto, logo descartei tal hipótese. Já havia tardado em aparecer outras vezes e nem por isso, ele foi embora. Merda! Por que Maizom não me aguardou. Averiguo as mensagens que mandei.

— Nada... — Continuam sem respostas.

E as chamadas, também. Ele não atende. Andando em círculos, com a cara enfiada no tecido da blusa. Sinto o celular vibrar entre os dedos. Levo-o, ao ouvido, rapidamente.

— Maizom?

— Não, sou eu, Emma.

Merda! Esqueci de olhar o nome do contato.

— Eric você sabe onde está o John? — Pelo tom de voz, ela aparenta estar com pressa.

— Não. Última vez que o vi foi no vestiário. — Passo a mão no rosto. — Por quê?

— Preciso que imprima alguns papéis para mim.

— É caso de urgência? — Mordo o lábio torcendo para que não seja.

— Não, não é urgente. — Ouço-a respirar fundo do outro lado da linha.

Não é o que tá parecendo.

— Peça a Camille. — Sugiro.

— Não! — A rapidez com que a fala saiu, me faz segurar o riso. — Quer dizer... Não é necessário. Darei um jeito.

Xereta do jeito que é, não deixaria o conteúdo dos papéis passar em branco, caso o favor fosse pedido a Camille. E, Emma já anda bem esperta com ela, desde o dia em que descobriu o nome do doador da Casa.

— Tá bem, então.

— Tchau. Juízo menino! — Adverte.

Dou risada. Apesar de ter dito que não me afastaria de Maizom, Emma mesmo não gostando da minha decisão, a respeitou e me encheu de conselhos. Os quais pretendo seguir.

— Espera... — Solto o ar. Não notei que o prendi. — Você tem o endereço de Maizom? — Paro de andar no círculo imaginário que seguia.

O silêncio reina do outro lado da linha.

— Vou verificar. — Creio que ela não gostou muito do meu pedido.

O barulho de gavetas sendo abertas, cessa e Emma finalmente volta a linha telefônica.

— Para quê?

Danou-se! Sempre tem uma pergunta. Agora lascou. Não tenho vontade de falar a verdade, mas também não quero mentir.

— Estou há mais de uma hora esperando Maizom e ele ainda não deu as caras.

— Já ligou para ele?

— Sim. Sempre cai na caixa postal. — Acabei até decorando a mensagenzinha enjoada de aviso da operadora.

— Tudo bem. Vou te mandar por e-mail.

— Certo. Obrigado!

Emma desliga e o e-mail contendo o endereço, chega logo em seguida. Pesquiso no mapa da cidade e meus olhos esbugalham-se.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora