Capítulo 22

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Ele não é bem uma companhia


As coisas em volta, transformam-se em meros borrões. Minhas pernas se movem ligeiramente, me dando a impressão de ser um dos vampiros de Crepúsculo. A tensão acumulada em mim aumenta quando cruzo a entrada do estacionamento.

É uma mistura de nervosismo com uma espécie de borboletas no estômago. A passos reduzidos, caminho na direção do carro preto, correndo os olhos por toda a extensão do veículo a procura do seu dono.

Sem encontrá-lo, paro poucos metros à frente do carro, passando a olhar em volta. Não sei descrever o que se passa comigo neste exato momento. Logo que avisto Maizom sentado no banco do motorista, todo o meu corpo entra em estado de solidificação.

E, a sensação piora, quando seus olhos demoram mais do que o normal em mim. Sem saber o que fazer, apenas o observo sair do veículo e caminhar para perto.

— Oi!

— Oi. — Cumprimento de volta, meio abobalhado.

Porcaria! Desde quando sou assim? Parece que desde que estou perto dele. Queria saber porquê estou com vontade de abraçá-lo outra vez? Deve ser efeito das borboletas zanzando no meu estômago.

E, por que de repente esse monte de dúvidas? Ficamos nos encarando até eu sentir as minhas bochechas arderem e me dar conta de que esse homem importante não veio aqui, apenas para eu ficar perdido em seus olhos.

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Verifico outra vez a hora no relógio, mordendo os lábios para conter o riso. Viro-me para Maizom, passando a andar de costas. Na rua não há nada. Nada mesmo. Quase que nem a própria rua.

— Caminhar dessa forma em uma estrada destruída, não é muito inteligente. — Alerta.

Com essa simples fala, Maizom dispersa o clima estranho que pairava entre nós. Tecnicamente, eu quebrei primeiro quando passei a olhá-lo. Ou seja, nós dois afastamos qualquer resquício que dava a chance da névoa constrangedora regressar novamente.

— Está ansioso para saber aonde vamos? — Tento analisar a sua expressão.

— Não.

Paro de andar e cruzo os braços abaixo do peito. Meu bico de insatisfação deve estar bem visível, pois ele sorri sutilmente.

— Talvez um pouco. — Passa por mim.

Volto a sorrir de novo.

— Tem alguma ideia do que seja? — Observo o vento balançar seus cabelos negros.

Ele nega com a cabeça e me olha. Parece pensar.

— E...? — O incentivo a dizer.

— O seu canto de paz?

Alargo o sorriso ao perceber a sua tentativa falha em fingir não estar curioso para ver o local.

— Também. Mas antes, vou te levar a outro lugar.

Seus olhos mudam para o de completa surpresa. Pensei que ele havia percebido que alterei o trajeto. Mas pelo visto, me enganei. O que foi bom. Adorei ver a sua expressão de espanto.

Passamos quase todo o percurso dialogando sobre coisas aleatórias. Embora eu seja o que mais fala, ver Maizom se esforçando para também tentar manter a conversa é algo surpreendente e maravilhoso. Já que o mesmo vive se limitando.

A minha felicidade é tanta, que quase bato em um poste. Mesmo eu dando várias olhadas para trás a cada meio minuto. Rimos. Depois disso, parei de andar de costas. Mas é tão bom olhá-lo enquanto conversamos. 

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora