Capítulo 33

815 169 336
                                    

Igual a mim

Fito a lata de spray, não acreditando que sujei os dedos novamente. Preciso comprar luvas resistentes e deixar essas vagabundas de lado.

Levanto as vistas ficando orgulhoso de mim. Estou há tanto tempo parado que ver esse desenho, me faz duvidar se fui eu mesmo quem fiz.

Dentro de um círculo, há a representação do subúrbio, com as estruturas dos prédios e casas escapando para fora. Cobri as bordas da parte fujona, deixando no estilo neon.

Antes eu certamente faria melhor, mas considerando o tempo que estou sem pegar em um spray, o desenho não ficou dos piores.

O celular vibra no bolso, seguido pela música do alarme. Me alertando estar na hora de ir. Apanho tudo colocando na mochila e saio da galeria improvisada. Uma construção antiga que foi deixada sem o teto. As paredes rebocadas são excelentes para grafitar.

✯✯✯

O meu estômago revira numa sensação nada agradável. A vontade de vomitar torna-se real.

— Para de enrolar, Eric! — Camille esbraveja do outro lado da linha.

— Diz isso porque não está no meu lugar. — Retruco.

— A porta está na sua frente, não é?

— Sim, John.

— Respira fundo, gruda na mão de Deus e vai.

— Ai que conselho mais inútil, John. — Julgou Camille.

Os dois passam a discutir. A Alícia assume a ligação.

— Se acalme. Estamos todos com você. Deixa esse medo bobo de lado e entra nesse apartamento. O seu namorado está apenas dando um empurrãozinho na sua carreira.

Sorrio sem graça, e ao mesmo tempo, agradecido pelas palavras incentivadoras.

— Obrigado, Alícia.

— EI! — O protesto sai em uníssono.

— E a vocês também, Camille e John.

Encerro a ligação. Ponho a mão na maçaneta e abro a porta.

✯✯✯

Maizom comentou dias atrás que estava ajudando o amigo a procurar alguém que gostasse de fazer grafite. O mesmo que vi conversando super a vontade com Maizom na festa da fábrica.

Quando mostrei os meus desenhos talhados na parede daquele prédio que nos deixou presos no elevador, os quais ele tirou fotos, Maizom mostrou a Mattia que se interessou e marcou de me encontrar.

Mattia trabalha com arte. O que é extraordinário. A demanda por pintura manual vem crescendo bastante na cidade, e fora dela também.

Ele monta equipes para trabalharem em grandes projetos. Como desenhar em longas calçadas famosas, em paredes externas de prédios, em muros, eventos de artes entre outros.

Eu ia negar, porém Maizom conseguiu me convencer a aceitar ao menos o convite de encontro e ouvir a proposta de Mattia. Fiquei muito tempo parado. Sei que consigo voltar ao nível de antes, mas é um assunto complicado.

— Então você ia recusar o meu convite? — Mattia questiona.

Não acredito que Maizom contou a ele.

— É... eu ia sim. Não desenho frequentemente tem muito tempo.

Ele sorri.

— Melhor ainda. Pois, podemos te ensinar a aperfeiçoar o que você já sabe, se é que é possível.

Te Guiando No SubúrbioOnde histórias criam vida. Descubra agora