Capítulo 20

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“James, cheguei!” Digo batendo com a porta e deixando as chaves na mesa de entrada. Pouso a minha mala e retiro o meu casaco pendurando-o no cabide. Caminho até à sala e oiço o som da televisão, a luz desta é a única que ilumina o espaço. Olho para o sofá e vejo que James se encontra a dormir no mesmo, o comando em cima do seu peito a sua respiração tranquila. Fico alguns minutos a observá-lo, na verdade não sei porque o estou a fazer, a sua imagem angelical deixa-me calma. Eu sei o quanto ele me ama, o quanto ele já fez por mim. Uma sensação de culpa preenche o meu interior, eu devia estar aqui para ele, eu devia dizer que o amava mais vezes.

 Vou ate à cozinha, de encontro ao frigorífico, procurando algo para comer. Os meus olhos vão directos ao bilhete que estava preso por um íman à porta do frigorífico: ‘Tens lasanha no frigorífico, amo-te.’ A sua caligrafia a causar arrepios pela minha coluna.

“Também te amo.” Sussurro, sorrindo para o bilhete.

Vou de volta até à sala, ignorando o roncar do meu estômago. Caminho até ao sofá, retiro os meus saltos. Subo para o sofá, James meche-se dando pela minha presença, mas não abre os olhos. Deito-me a seu lado, os nossos corpos apertados movimentam-se ligeiramente até ficarem confortáveis. Pouso a minha cabeça no seu peito, ele coloca a sua mão por cima de mim, puxando-me mais para perto dele.

“Amo-te.” Sussurro contra o seu pescoço, beijando-o de seguida. James não me responde, mas eu sei que ele ouviu. Nós não precisamos de falar para perceber-mos o que sentimos, isso é o que torna a nossa relação especial.

***

Paro o carro em frente à casa do pai do Niall e buzino. Vejo a porta de casa a ser aberta, mostrando o Niall, este anda até ao meu carro. O pai do meu irmão aparece também à porta trazendo a Lux no seu colo. Esta agita a sua mãozinha dizendo-me ‘olá’. Repito o gesto. Mr. Horan sorri-me, o Niall é igualzinho ao seu pai. Os mesmos olhos azuis, a mesma estatura alta, o mesmo ar brincalhão. Tenho pena que as coisas entre ele e a minha mãe não tenham resultado, ele era um óptimo padrasto. No entanto não o censuro, provavelmente ficou farto de todas as crises, de todas as grandes depressões.

“Bom dia, Ms. April Smith Sheperd.” Niall diz ao entrar no carro, sorrindo-me. Rio.

“Bom dia, Mr. Niall Smith Horan.” Sorrio-lhe, inclinando-me sobre ele e dando-lhe um beijo na bochecha.

“Preparado?” Pergunto-lhe, este assente-me

Antes de arrancar o carro, aceno mais uma vez a Lux e Mr. Horan despedindo-me deles.  

Nem eu, nem o meu irmão nos atrevemos a falar ou a dizer alguma coisa. Ambos escutamos a música que passa no rádio: ‘I´m at a payphone trying to call home, All of my change I spend on you, Where have the times gone, Baby it´s all wrong, Where are the plans we made for two?’

“Como achas que a mãe está?” Niall, quebra o silêncio.

“Não se trata de como eu acho que ela está, mas sim de como eu espero que ela esteja.” Afirmo dando um suspiro alto.

“Não me respondes-te, April…” O meu irmão diz.

“Bem, Niall. Eu acho que ela está bem.” Minto.

Na verdade eu não sei se a minha mãe algum dia irá ficar bem. Se ficar, tenho a certeza que nunca será a cem por cento. A ideia de ter uma mãe doente psiquiátrica já está mais clara na minha mente. É algo a que eu me vou ter que habituar, algo com que eu vou ter que lidar. Se dói?! Mais do que tudo, eu só queria uma mãe ‘normal’, é claro que eu amo a minha, apenas só quero que ela volte a ficar bem. Foi este o caminho que o destino traçou à minha mãe e eu vou apoiá-la até não puder mais, eu nunca a irei deixar sozinha. Nunca! Por mais ‘louca’ que ela seja, eu nunca vou deixar de lutar pela mulher que me deu à luz.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora