Capítulo 7

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Harry POV

Três dias. Passaram-se exactamente três dias. Silêncio. Solidão. Escuro. Continua tudo o mesmo. Nestes três dias o único alimento que me foi fornecido foi uma maça, uma inútil maçã e uma água nojenta para acalmar a minha sede. Perguntam-se como eu consigo saber à quantos dias eu estou aqui se eu não consigo ver nada, é simples todos os dias à meia-noite toca uma estúpida buzina. O som é tão alto e agudo que penetra directamente nos meus tímpanos, as minhas mãos tem que tapar os meus ouvidos para eu não perder a minha audição. Pergunto-me se ela ainda está intacta e se isto não é uma espécie de tortura, na minha opinião é. Eles querem-me levar à loucura e estão a conseguir, sinto que estou num campo de concentração. O meu corpo está sujo e eu sinto-me nojento, o meu macacão laranja está muito molhado devido à minha transpiração. Aqui o ar é extremamente abafado e quente, provavelmente pelo simples facto de não existir uma única janela aqui.

Estou sentado no meio daquela sala, as minhas pernas estão cruzadas e o meu tronco inclina-se para a frente e para trás fazendo um movimento monótono. Levo as mãos aos meus caracóis e puxo-os com tanta força que acho que os vou arrancar. Continuo com os movimentos do meu tronco para a frente e para trás, estou nisto há longas horas. As minhas pálpebras encontram-se fechadas e não digo uma única palavra há dias. E eu chego a uma única conclusão: ‘Estou mentalmente doente.’

April POV

Entro no pequeno quarto do hospital e vejo apenas uma cama onde a minha mãe descansa. Oiço o pequeno ‘bip’ das máquinas e um cheiro a desinfectante entra pelas minhas. A minha mãe encontra-se de olhos fechados e os seus pulsos estão ligados com várias ligaduras, as suas mãos encontram-se amarradas às grades da cama provavelmente para não cometer outra loucura. Aproximo-me dela e sento-me na cadeira ao lado da cama, pego na sua mão e os seus olhos abrem-se.

“Mãe?” Pergunto-lhe esperando alguma reacção dela. “Eu estou aqui, é a April.” Aviso-a e o seu rosto pálido e cansado olha na minha direcção.

“April….” Diz baixo, quase num sussurro.

“Está tudo bem agora, não te preocupes.” Conforto-a, uma lágrima forma-se no canto do meu olho. “Mãe, eu vou ajudar-te.” Faço pequenos círculos com o meu polegar na sua mão.

“Eu não preciso de ajuda…” Diz novamente num tom muito baixo, ela está completamente deprimida.

“Tu lembras-te do que fizeste? Tens noção do que fizeste?” Pergunto calmamente tentando avaliar a sua saúde mental.

“Sim… Eu queria morrer.” Admite agora com o olhar focado nos seus pulsos. Uma lágrima caí do meu olho, não imaginam o quanto custa ouvir a vossa própria mãe dizer que quer morrer.

“Mãe… Eu vou ter que te pôr numa clínica, eles lá podem cuidar de ti, está bem?”

“Não… Eu não quero.” Afirma, mais lágrimas caiem dos meus olhos.

Custa-me tanto deixar a minha mãe numa clínica qualquer mas vou ter que o fazer, eu não a consigo ajudar mais… É o melhor para ela, para ela e para toda a nossa família. Mas a sensação de a abandonar num sítio qualquer não desaparece da minha mente, apenas parece que a vou abandonar num hospício qualquer. Mas eu tenho que ser forte, aliás, eu sou forte. Tenho que me aguentar por esta família, pelos meus irmãos.

“Porque o fizeste? Porquê é que não queres viver mais?” Questiono.

“Não sei Sarah…” Um sorriso aparece no seu rosto cansado.

“Mãe… Não é a Sarah… Sou eu a April…” Soluço. Agora sim cheguei à conclusão que era pior do que eu achava, ela não está nada bem.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora