Caio de joelhos no chão, inclino o meu corpo para a frente, vou balançando o tronco para a frente e para trás, as lágrimas continuam a escorrer pelo meu rosto. Quando? Quando é que eu me tornei tão frágil? Eu não era assim, depois de perder tudo apenas me tornei num ser completamente perdido, que faria qualquer coisa para parar o sofrimento, até mesmo morrer.
A porta do dormitório é aberta mostrando Liam. Este olha à sua volta, vê a cela que partilhamos completamente destruída, olha para mim indefeso no chão. Ele inspira fundo, sabe que isto é mais uma das muitas crises que já tive, mas cada vez estas crises doem mais e mais.
“Harry, o que aconteceu?” Volta a olhar em redor, completamente perplexo e de boca aberta. Não respondo, limito-me a continuar com os meus movimentos monótonos.
Liam caminha até à minha direcção, ajoelha-se mesmo a meu lado, examina o meu estado. Apercebe-se que nunca estive tão mal como dantes, que nunca estive tão débil como agora.
“Harry… Diz-me o que aconteceu.” Pede, querendo intender o que se está a passar comigo.
“Eu estou a ficar louco! Não aguento mais!” Grito enquanto levo as minhas mãos aos meus caracóis de cor chocolate e os puxo com força.
“O teu braço, a tua mão, Harry!” Diz-me preocupado vendo sangue a escorrer. “Por favor, levanta-te. Precisamos de ir ao posto médico, provavelmente tens a mão partida.”
O meu choro pára, o meu peito sobe e desce de maneira rápida e pesada, a raiva está a voltar, a vontade de me mutilar também. Respira Harry, respira, tenta manter-te calmo. Não estou a ficar mais calmo, muito pelo contrário, uma revolta enorme está a crescer dentro de mim. São demasiados problemas, demasiado sofrimento para ser controlado, demasiada raiva para ser detida. Sem saber muito bem o que estou a fazer, levanto-me num ápice e empurro Liam, continuo a empurra-lo até ouvir as suas costas a baterem contra a parede. O meu companheiro de cela estremece com a dor que lhe causei, as minhas mãos estão na gola do seu macacão, puxo o tecido com força.
“Meu, precisas de te acalmar.” Ele diz baixo para mim, com os olhos esbugalhados de medo, ele sabe que eu não estou em mim. Ele sabe que eu posso cometer uma loucura sem me aperceber.
“Liam, eu não aguento mais, tira-me daqui, ajuda-me a fugir! Eu não aguento nem mais um segundo aqui…” Cuspo as palavras muito rápido, com lágrimas a impedirem o caminho que a minha fala leva.
“Solta-me.” O rapaz responde-me frio, não mostrando qualquer tipo de compaixão.
Não, não! Estas não são as palavras que eu quero ouvir! Eu quero que ele diga que me ajuda! Que me vai tira daqui!!! Não agradado com a sua escolha de palavras, coloco as minhas mãos à volta do seu pescoço. E num ato desesperado aplico força no seu pescoço, vejo Liam a ficar com dificuldades em respirar, os seus lábios a ficarem roxos e gretados.
“Harry…” Ele implora para que o solte com uma voz quase inaudível.
Mas que merda eu estou a fazer?! O que pretendo?! Matá-lo?! A April tem razão, eu sou um monstro! Não tenho salvação. Apercebendo-me do que estou a fazer retiro as mãos de volta do pescoço do Liam, deixando uma marca visível na pele do meu companheiro. Este desliza pela parede e caí no chão. Leva as sus mãos à volta do pescoço e tosse fortemente, tentando recuperar o fôlego.
“Chegaste… longe de… mais.” Fala com dificuldade. De seguida grita alto por ajuda e numa questão de segundos aparecem dois guardas armados e com bastões dentro do dormitório.
O que se passa a seguir é tudo muito rápido para eu poder sequer assimilar. Olho à minha volta, agitação e mais agitação. Vou sofrer agora as consequências dos meus actos. Deus, ajuda-me, eu sei que o que se irá prosseguir vai ser doloroso para mim.
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X Justice X || h.s.
FanfictionApril Sheperd é uma das melhores advogadas de Nova Iorque, com apenas 23 anos já resolveu os casos mais difíceis. Uma jovem trabalhadora que só tem um objectivo - vencer. Dedicasse de alma e corpo a todos os casos que recebe e a palavra 'desistir' n...