X Justice X || h.s.

Capítulo 44

O vídeo em anexo representa a entrada do Harry no tribunal, achei que seria melhor coloca-lo para terem uma ideia melhor do que se vai passar. É exatamente igual, por isso tentem imaginar a cara do Harry em vez deste homem

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Inspiro e expiro. Inspiro e expiro outra vez. Tento manter a compostura, tento não me deixar levar por sentimentos inúteis ou que me vão fazer perder o foco. As minhas mãos tremem nervosas, abro-as e fecho-as algumas vezes com o objetivo de parar aquele tremor, que mostra exatamente o que sinto. Olho pela janela do carro, vejo uma multidão parada à frente do tribunal, jornalistas provavelmente. Ainda não me sinto preparada para sair, para enfrentar as perguntas que me vão ser colocadas, para sentir a multidão a sufocar-me.

Sei que a minha presença aqui hoje vai ser completamente inútil, que hoje sairei daqui como uma fracassada, algo que felizmente, me aconteceu poucas vezes na minha vida. Queria não ter saído de casa, queria ter ficado lá até tudo isto ter acabado, no entanto, é requerida a minha presença, tenho uma obrigação a cumprir, um dever, e se não viesse, estaria a quebrar a lei. Agora, depois de saber tudo o que sei, depois do Louis me ter feito o que fez, arrependo-me profundamente de ter exigido a Mr. Brown liderar e representar Harry hoje na audiência.

Não pude falar com ele, não o pude preparar psicologicamente para o dia de hoje. A única coisa que lhe disse, que lhe prometi, era que iria fazer o meu melhor, contudo, sei que dentro dele ainda há uma réstia de esperança. Queria ter sido capaz de lhe retirar aquela réstia de esperança do seu interior, de prepará-lo para a realidade, para o pior. Se tal acontecesse não teria que ver o seu rosto a transbordar desilusão e medo, hoje. Puro medo, medo da morte, de partir com a sua imagem suja, com o seu nome esquecido para o 'violador e assassino'. Aconteça o que acontecer, ou independentemente do que eu sei, prometi-lhe dar o meu melhor, pelo que é isso que vou fazer. Sei o seu destino, ou prevejo, mas isso não me impede de defende-lo até ao último momento, mesmo que não seja levada a sério ou que ninguém acredite em mim. Por isso, hoje, vou tentar ser o mais profissional possível, vou tentar ser April Sheperd a advogada e não April Sheperd a despedaçada por dentro.

Agarro a minha mala que se encontra no lugar do passageiro, olho mais uma vez para o seu interior, verificando que tenho tudo o que preciso, incluindo pastas e ficheiros.

Coloco o meu pé de fora do carro, cerro os olhos durante um segundo, encho o peito de ar e saio do veículo. Não demora muito tempo até observar a multidão a correr de encontro a mim, apenas tenho tempo de trancar o carro, até me sentir encurralada por câmaras, gravadores e microfones. Tento combater a multidão, dar nem que seja um passo, tento chegar à grande escadaria que me fazia chegar até ao tribunal.

"Ms. Sheperd, que expetativas tem para hoje? Harry Styles será mesmo condenado à morte? Vai recorrer de algum acordo?" Uma voz feminina dirige-se a mim.

"Diga-me é verdade o que veio naquela notícia de jornal? Mantém algum tipo de relacionamento com o arguido?" Outra voz diferente.

"Pensa que vai ganhar o caso? O que nos pode adiantar sobre o julgamento? É apenas um julgamento de revisão, mas vão surgir provas novas?"

"Sem comentários!" Meio que grito, tentando afastá-los e mante-los longe.

"Hey! Saiam da frente!" Um braço puxa-me com força, mas com força suficiente para me retirar daquela roda irritante de membros da media.

"Obrigada." Olho para o psiquiatra de olhos castanhos e sorriso adorável.

Estranhei a forma como aquele fato preto lhe assentava no corpo, não por não lhe ficar bem, mas pelo simples facto de ser um substituto da sua bata branca. A camisa azul clara que trazia combinava perfeitamente com a sua gravata cinzenta escura, e se não estivéssemos nas circunstâncias em que estamos hoje, diria que ele estava adorável e sexy. No entanto, o seu rosto demonstrava exatamente o mesmo que o meu, medo, nervosismo, ambos sabíamos que provavelmente hoje, iriamos perder oficialmente alguém que nos é próximo.