“Sou a Barbara.” Apresenta-se com um ar carinhoso. Dou-lhe um sorriso. “Mas estava a dizer-me que queria falar comigo acerca do Harry?” Questiona, o seu olhar está agora triste e vazio. Consigo perceber que ela está bastante abalada. Mas consigo entender, é normal ela estar assim dadas as circunstâncias.
“Sim, ele trabalhava aqui certo?” Pergunto embora saiba que a resposta vai ser positiva.
“Sim, ele trabalhava… Eu gostava bastante dele, era um bom rapaz, eu nunca imaginei que fosse capaz de fazer o que fez.” Barbara solta um suspiro alto. A sua cabeça fica um pouco mais baixo evitando fazer contacto visual comigo. “Ele era como um filho para mim.” Vejo uma lágrima a formar-se no canto do seu olho.
“Como é que ele era? Gostava de trabalhar aqui?” A minha curiosidade vai crescendo dentro de mim a cada minuto que passa. Eu quero tanto descobrir mais sobre este homem tão misterioso que acompanho todos os dias. Eu só quero uma única coisa, eu apenas quero descobrir mais sobre ele, quero perceber quem realmente é…
“Ele era amoroso, chegava todos os dias aqui com um sorriso. Era uma das pessoas mais carinhosas que eu conheci, ajudava-me bastante aqui na padaria. Atendia cada cliente com um sorriso rasgado na sua cara. Ele podia não ganhar muito aqui e sei perfeitamente que este não é o melhor trabalho do mundo, mas ele dava-se por sortudo por ter um trabalho. Acho que nunca o vi com um sorriso na cara. Podia observar as suas covinhas amorosas todos os dias. E céus… Como eu amava aqueles buraquinhos nas suas bochechas.” Relembra os dias do passado com um pequeno sorriso no rosto. “Lembro-me de quando ele varria a padaria e começava a cantarolar umas musiquinhas que passavam na rádio. Às vezes parava de varrer e começava a dançar e fingia que a vassoura era um microfone.” Ela solta um risinho e junto-me a ela a imaginar a situação. “Gostava do som da sua voz, ele cantava bem.”
Barbara referia-se a Harry como se tivesse morrido. Todos os verbos que proferia encontravam-se no passado. Mas provavelmente é o que ela sente, ou quer sentir. Se calhar imaginar o Harry morto é menos doloroso do que pensar nele preso. Aposto que morrer é muito menos sofredor do que passar todos os dias fechado em quatro paredes. Apesar de tudo ainda consigo sentir um certo carinho presente na sua voz enquanto fala do rapaz que amava como se fosse seu filho.
“Queres alguma coisa, minha querida? Um café ou um bolinho?” Ela oferece. Sem eu poder responder ela já se esta a levantar e ir em direcção ao balcão, de onde trás duas chávenas e uma cafeteira. Volta a sentar-se à minha frente e derrama um pouco de café nas duas chávenas, coloca uma à minha frente.
“Obrigada, não era preciso incomodar-se.” Agradeço e recebo um sorriso por parte da senhora carinhosa de meia-idade.
“A menina acha que o Harry era mesmo capaz? Quer dizer eu não o consigo imaginar, de maneira nenhuma, a matar as raparigas. Mas é certo que dizem que ele o fez…” Pergunta levando a sua chávena com café fumegante aos seus lábios.
“Na verdade, D. Barbara, nem eu sei bem se ele é inocente ou não… Mas há várias provas que indicam que foi mesmo ele, que ele é o culpado. Mas eu vou descobrir, não se preocupe, eu vou descobrir se ele é ou não culpado.” Barbara dá-me novamente um sorriso acolhedor.
“Eu preciso de lhe perguntar uma coisa.” Afirmo enquanto retiro da minha mala a fotografia do homem. Disponho-a à frente de Barbara. “A senhora conhece este homem? Ele costuma vir aqui todas as manhãs?” Pergunto de olhos arregalados, preciso de avançar nesta pista. Eu preciso de saber quem é o homem.
A mulher que se encontra à minha frente retira do bolso uns óculos e coloca-os na sua face. Dá um leve sorriso. “Oh, é claro que conheço. É o Mr. O´Brien, é um cliente habitual aqui da padaria, já aqui vem há bastantes anos, um homem muito bem formado.” Os meus olhos ficam extremamente esbugalhados com a informação que me foi dada.
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X Justice X || h.s.
FanfictionApril Sheperd é uma das melhores advogadas de Nova Iorque, com apenas 23 anos já resolveu os casos mais difíceis. Uma jovem trabalhadora que só tem um objectivo - vencer. Dedicasse de alma e corpo a todos os casos que recebe e a palavra 'desistir' n...