Capítulo 43

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Antes de mais, desculpem pela demora.

Preparem-se mentalmente para este capítulo, porque até me custou a escrever a última parte... Leiam com atenção as últimas linhas, tirem as vossas próprias conclusões. E acima de tudo, desfrutem...

Boa leitura

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Tento descontrair um pouco, aconchego-me no sofá, puxo as mangas da minha camisola de modo a que cubram as minhas mãos, pressiono o botão do comando que faz mudar os canais da televisão. Os meus músculos estavam demasiado cansados, eu estava demasiado cansada, há demasiado tempo... Este último mês pareceu-me durar um ano, sinto-me mentalmente esgotada. Concentro-me agora num programa de culinária na televisão, um programa que não fazia de todo o meu género, um programa que eu na verdade não estava a seguir com muito cuidado. O meu principal objetivo era poder escapar ao mundo real, era poder ser uma pessoa normal durante um pouco. O meu objetivo era fazer o que as pessoas da minha idade fazem, sair do trabalho e apenas descontrair... Desligar... Esquecer... Esperar pelo dia de amanhã...

Acontece que o dia de amanhã, quanto mais tempo demorasse a chegar, melhor... Amanhã era a véspera do julgamento. Amanhã podia ser, ou mais provável, seria, um dos últimos dias da vida de Harry... Pergunto-me porque não estou a trabalhar, a trabalhar exaustivamente no processo dele, a tentar fazer o correto... A minha cabeça dói, estou demasiado dormente. Na verdade, eu apenas estou a fingir que nada disto está a acontecer, e imaginem... ... estou a gostar. Estou a gostar de disfarçar não ser uma advogada cheia de responsabilidades, com uma vida nas mãos, estou a gostar de não ser consumida pelo trabalho.

James não se encontra em casa, dou graças a Deus por isso... Apenas quero estar sozinha, sem problemas, sem conversas, sem ninguém.

Os meus pensamentos são interrompidos pelo som da campainha. Demoro a perceber ser a minha campainha que estava a tocar, estranho, quem seria a esta hora? Resmungo antes de sair do sofá, não estava com vontade de receber visitas inesperadas a esta hora. Espreito pelo buraco na porta, vejo Louis do outro lado da mesma. Estranho a sua presença, mas não êxito em abrir a porta.

"Posso entrar?" Um Louis estranho e diferente pergunta-me.

"Claro." Abro mais a porta, fechando-a logo de seguida. "Está tudo bem?"

"Sim, desculpa vir sem avisar..."

"Não tem problema, sabes que és sempre bem-vindo. Queres sentar-te, beber alguma coisa?" Questiono apontando para o sofá.

"Não, obrigada, mas eu vou ser rápido." Diz apressado, com uma postura nervosa. Sei que se passa algo, conheço-o demasiado bem.

"Louis, o que se passa? Está tudo bem com a Molly? Disseste-me esta manhã que ela estava estável, depois de eu sair do hospital."

"Sim, e está. Mas é por isso que eu vim cá..." O seu olhar teimava em não deixar o chão da minha sala, Louis não era capaz de fazer contacto visual comigo, temi o pior.

Naquele momento, eu sabia que algo de muito mau se passava. Ele estava nervoso, era incapaz de me olhar, de me enfrentar. Quase como se tivesse vergonha de mim, como se sentisse arrependido, como se me tivesse traído. O meu coração começava a palpitar rápido no meu peito, tive medo. Medo que o meu melhor amigo se pudesse estar a afastar, medo de que a única pessoa com quem eu posso contar desaparece-se para sempre. Uma onda de preocupação abalou o meu ser, uma rajada de perguntas apareceu na minha mente. E no entanto, ali estava ele, inerte, com o olhar distante, incapaz de pronunciar uma única palavra.

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