Capítulo 48

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"Todos de pé." Uma voz ordena.

Tento desesperadamente acalmar o meu coração, sinto-me nauseada, temo que o pouco que ingeri hoje teime em não permanecer no meu estômago. Olhei para Harry várias vezes, tentei que ele me fitasse, contudo, ele nunca o fez. Podia sentir a frieza que emanava do seu corpo, podia sentir o desprezo que ele tinha por mim naquela altura... Por mim, e por Zayn.... Continuo a repetir para mim mesma que o que fiz vai valer a pena, que o facto de ter acusado o Harry de ser um indivíduo sem sanidade mental, será o melhor para ele.

Vejo o juiz entrar com a sua toga, sustenho a respiração. Vejo todas as pessoas a meu redor sentarem-se e eu sento-me também num ato mecanizado. A voz do juiz parece-me abafada, quase como se os meus ouvidos estivessem a recusar-se ouvirem o que quer que fosse. Acalmo o turbilhão de pensamentos, para me poder concentrar na voz do juiz. A memória de ver Harry pela primeira vez naquela sala de interrogatório paira pela minha mente. A amizade que tinha, ou tenho, com Louis teimam em não deixar o meu cérebro... Louis... Talvez se a Molly tivesse testemunhado. Neste momento, terei que viver sempre com o "e se" na minha cabeça.

Harry POV

Dormência... Sonolência... Indiferença... Vazio... Cansaço...

Julieta... Romeu...

Esforço-me para não a olhar. Sinto-me magoado, traído, contudo, o amor que sinto por ela é demasiado grande para simplesmente a conseguir ignorar. Tudo o que me passou pela cabeça outrora, já não está mais presente. Outrora, ponderei que April fosse egoísta, fria... Perguntei-me o porquê de ela ter feito o que fez, de ter constatado perante todos que eu talvez fosse um lunático com ideias homicidas. Agora percebo o porquê de o ter feito. Puro desespero. Puro desespero de não me poder ver mais, de não me puder tocar mais... April sabia que eu não tinha hipóteses, ela própria me tinha preparado para isso. Então, num momento ela achou que esta era a única maneira de me manter vivo. Contudo, a ideia de poder vir a viver para o resto da minha vida num manicómio aterroriza-me. De uma coisa eu tenho a certeza, faria de tudo para que a pudesse continuar a ver. Talvez fosse o melhor... Eu e ela jamais poderíamos ficar juntos, se eu fosse para um manicómio, mais tarde ou mais cedo, ela teria que seguir com a sua vida em frente. Tenho medo.... Medo de a perder... Medo de morrer.... Já não me sinto dormente, mas sim aterrorizado.

O meu subconsciente disse-me para olhá-la, então, eu rodei a minha cabeça e lá estava ela, lá estavam aqueles olhos avelã a fitarem-me. Nenhum de nós ousou dizer uma palavra, nem sequer mexer os lábios na tentativa de proferir uma em silêncio. Eu vi a sua expressão corporal, eu vi o quão aflita e nervosa estava. Eu vi-a pedir-me perdão com o olhar, e ela viu-me aceitar o perdão com as minhas esmeraldas verdes.

Seja o que o destino tem para nós...

"Depois destas horas a refletir na pena, eu e o júri, finalmente chegamos a uma decisão. Esta decisão não foi tomada de ânimo leve, revi todo o caso e voltei a analisar todas as provas." Ele começa por proferir.... O veredicto estava perto. "Sem mais demoras, comecemos. Ouvi tanto Ms. Sheperd como a acusação, achei que ambos tinham pontos de vista pertinentes. Contudo, eu tenho que tomar a minha decisão baseada nas provas que tenho. Cheguei à conclusão que as provas de acusação eram muito mais fortes do que as de defesa. Por este motivo, declaro Harry Edward Styles culpado pelo homicídio e violação de Nola May, Megan Alexandra Kepner e Olivia Hunt, e condeno-o com a pena máxima. Harry Styles será condenado à morte daqui a uma semana, tendo o direito de escolher entre enforcamento, cadeira elétrica ou injeção letal. Este é o veredicto final, e não há possibilidade de recorrer a recurso, nem de colocar o arguido numa instituição psiquiátrica." O barulho do martelo ouve-se, assim como o ruído de fundo.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora