Capítulo 34

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Harry POV

A estrada que me acompanhava há longas e excessivas horas tornara-se já há muito monótona e interminável. A paisagem, que se mantinha sempre igual, não ajudava o meu estado de espírito... Os meus olhos, pesados, esforçavam-se para se manterem abertos, para não deixarem de prestar atenção, nem por uma milésima de segundo. No entanto, o ardor nos mesmos, começava a tornar-se quase insuportável, assim como a dormência que habitava nos meus pés e pernas. A parte racional e humana que ainda restava de mim dizia-me que deveria parar durante um pouco, antes que a exaustão extrema me levasse à morte. Contudo, o medo instalava-se ao pensar em expor-me ao mundo lá fora... Precisava de comer, de sair daquele maldito carro, mas e se alguém me reconhecesse? Estava decidido a sair do país, sabendo que para isso acontecer, ainda teria muito que conduzir. Tenho andando sempre por pequenas estradas secundárias, estando estas praticamente desertas. Não tenho um mapa, não tenho um GPS, na verdade, não sei para onde conduzo. O meu único objetivo neste momento é afastar-me o máximo que posso de Nova Iorque e porventura, chegar ao Canadá.

A minha indecisão entre manter-me no carro e sair do mesmo é esclarecida assim que me apercebo que o carro está quase na reserva, o ponteiro que me indica a quantidade de gasóleo no depósito está há muito na parte vermelha. Quer queira quer não, irei ter que abastecer o carro. Faço um pequeno desvio quando avisto uma bomba de gasolina, pequena e modesta, tendo ao lado um pequeno bar.

Saio do carro, dirigindo-me ao porta bagagens, procurando uma chave de fendas ou algo do género, caso algo acontecesse e tudo saísse do meu controlo... Grande é a minha surpresa quando vejo o porta bagagens repleto de roupa. Não tenho dúvida nenhuma que isto tenha sido obra do Zayn, ele sempre soube como ajudar. Remorsos e melancolia assaltam o meu corpo no momento em que relembro Zayn. O seu corpo atirado ao chão, ficou ao abandono, a dor que lhe havia provocado, que lhe causara assolava o meu corpo de remorsos. Deixando os pensamentos de lado, sabendo que me tinha que concentrar nesta missão quase impossível, vasculho a roupa, acabando por vestir um casaco preto, colocando o capuz na minha cabeça, tentando passar despercebido. Coloco uma chave inglesa no bolso do casaco, rezando a Deus para que não tenha que utilizá-la.

O estabelecimento é antiquado e pouco convidativo, prateleiras velhas e empoeiradas decoravam o local. Dou passos vagarosos até ao velho carrancudo que se encontrava por trás do balcão, tento não parecer apavorado, tento manter a calma. Não vi nenhum cartaz com a minha cara por perto, talvez devido ao facto de já estar longe de Nova Iorque, mesmo assim, não duvido que as televisões já tenham dado o alerta por todo o país. Ajeito o capuz na minha cabeça e mantenho o olhar baixo.

"Trinta dólares, para a bomba quatro." Digo, direto e curto, querendo acabar com aquilo o mais rápido possível.

O homem limita-se a não dizer nada, apenas mantem o seu ar carrancudo e aceita o dinheiro. Saio o mais rápido dali e apresso-me a colocar o gasóleo. O meu estômago dá sinais de vida, remexendo-se impaciente por um pouco de comida. Fito o pequeno bar, bar esse que me está tão próximo... Talvez se não me demorasse muito, conseguiria ingerir qualquer coisa.

"Fodasse." Resmungo, entrando no carro, mas não para passar mais horas a conduzir, apenas para estaciona-lo no devido sítio. Eu preciso de comer.

O bar não é diferente da bomba de gasolina. A pouca iluminação fazia-me semicerrar os olhos, aquele sítio parecia velho e mais uma vez sujo e empoeirado. Algumas pessoas falavam alto e alegremente nas mesas de madeira, enquanto outras, sentadas ao balcão, pediam mais uma bebida ao barman. Uma música chata e country tocava alto, irritando-me. Avanço até ao balcão e tomo um lugar, não me posso demorar muito.

"O que vai ser?" O homem, com um pano na mão, pergunta-me.

"Uma cerveja e o que quer que tenha para comer." Respondo.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora