Capítulo 5

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Harry POV

Sento-me no meu beliche e fito o chão. Com as minhas mãos puxo o meu cabelo para trás, eu não acredito, não acredito que me fui abaixo assim. Parecia um bebé a chorar e a implorar para que me tirassem daqui, eu não posso voltar a fazer aquilo, não posso mesmo. Se mostrar a minha fraqueza vou apodrecer aqui, vou acabar por morrer pelo sofrimento a consumir cada pedaço do meu corpo. Isso não pode acontecer! Eu tenho que ser forte, pela Gemma e pela minha mãe, quando sair daqui vou provar-lhes que sou inocente, vou voltar a ganhar a confiança delas e ser feliz. Estou mentalmente exausto, sinto-me endoidecer a cada segundo que passa… Eu fui tão arrogante com April hoje, sinto-me um porco a dizer aquelas palavras, eu não sou assim, estou arrependido, muito. Mas não posso negar que ela é linda, os seus cabelos ligeiramente ondulados a cair perfeitamente sobre a sua camisa e os seus olhos chocolate a olhar directamente para mim, e a sua voz doce… Embora eu hoje não tenha ouvido essa voz doce, ela foi dura comigo. Quando começou a descrever a morte das raparigas, ela estava estranha, arrogante acho eu. Falou sem qualquer tipo de sentimento, descreveu tudo ao pormenor sem sequer pestanejar, por momentos não parecia ela… Mas assim que eu me fui abaixo e comecei a chorar o seu escudo foi abaixo e eu consegui ver a verdadeira April, os seus olhos voltaram a ter aquele brilho especial.

Arg o que eu estou para aqui a dizer? Eu não a conheço! ‘A verdadeira April?’, eu sei lá quem é a verdadeira April! Nunca a vi fora daqui, nunca a vi sem ser no trabalho.

“Hora da refeição! Refeitório já!!!” Sou interrompido dos meus pensamentos quando oiço um guarda gritar. Vejo Liam descer da parte de cima do beliche e sorrir-me.

Saímos os dois da nossa cela e dirigimo-nos para o refeitório, a caminhada ia ser um pouco longa já que a cantina era no lado oposto do edifício.

“Não era suposto a tua irmã vir visitar-te hoje? Ela não vem todas as terças?” Liam pergunta com ar desconfiado. Eu ainda não lhe contei o que aconteceu, nem pretendo contar, ele não tem nada haver com a minha vida pessoal.

“Acho que a próxima vez que a Gemma me vai ver será quando eu estiver a ser enterrado depois de morrer ou na cadeira eléctrica, ou com a injecção letal ou enforcado. Na verdade ainda não escolhi.” Digo sarcástico enquanto encolho os ombros. Vejo Liam a abanar a cabeça em sinal de negação.

“Não me vais chegar a dizer o que se passou naquele dia, pois não?” Volta a questionar, mas este gajo tem quantas perguntas para me fazer?! Estou a começar a perder a paciência e só estou a falar com ele à meros minutos.

“Não.” Sou directo e seco.

Chegamos ao refeitório e um cheiro nojento entra pelas minhas narinas, infelizmente… Vejo já alguns homens sentados a comer aquela papa nojenta. Eu prefiro passar fome do que comer aquilo. Aquela merda é praticamente uma papa pastosa de pedaços de carne do ano passado com puré de batatas já bolorentas e greladas… Pego num tabuleiro e coloco-me na fila para comer, juntamente com Liam. Chega a minha vez e uma empregada qualquer serve a minha nojenta comida, eu não vou de certeza comer aquela merda, retiro uma maçã do cesto, apesar de já estar um bocado podre é o melhor que posso comer. Pensamentos de quando cortar aquela maçã a meio irei encontrar uma minhoca do caralho lá dentro vagueiam pela minha mente. Com o tabuleiro nas nossas mãos sentamo-nos numa mesa. Vejo Liam colocar uma garfada na boca, quase que me vomito.

“Como consegues comer essa merda?!” Exclamo olhando para o prato de alumínio, sim aqui não à loiça. Consideram-na perigosa porque se se partir podemos esfaquear alguém com um pedaço de vidro… Acho esta regra extremamente estúpida mas por um lado faz sentido pois sei que aqui à mesmo gente capaz de matar alguém com um pedaço de loiça.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora