Capítulo 28

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Harry POV

Os meus dedos batem compassados na mesa da sala de convívio, o meu pé vai batendo no chão a um ritmo nervoso, fazendo-me lembrar a batida de uma música acelerada. Molho os lábios com a minha língua húmida. Rodo a cabeça, o meu pescoço imite estalidos, tento manter-me calmo... Liam está a demorar demasiado tempo, mas na verdade, as horas e os minutos neste sítio parecem ridiculamente maiores do que o normal.

A sua figura alta e bem constituída passa pela porta, as mãos algemadas à sua frente, como sempre. Hoje, envergava uma t-shirt toda branca, um pouco gasta e suja, e umas calças laranja vivo, a típica roupa de recluso. Ele senta-se à minha frente, sério, poucas palavras, frio...

Sento-me melhor na minha cadeira, olho-o confiante, como se de alguma forma tivesse conquistado o mundo. Eu tinha que me impor, inclino-me, ficando mais perto de Liam.

"Tens 20 mil euros na tua conta, os restantes 80 mil serão pagos em pequenas quantias mensais quando fizeres a tua parte." Por fora transbordo confiança, por dentro sinto-me apavorado por ele não aceitar a proposta.

"Não Styles, de maneira nenhuma. Estás longe da metade da quantia, muito longe." Ele abana a sua cabeça em negação, o meu coração palpita com mais rapidez. Calma Harry, ainda podes dar-lhe a volta, isto tudo não passa de um jogo psicológico.

"Diz-me uma coisa Liam, tu queres o dinheiro para ajudar a tua família, não é? Acredita, para quem não tem nada, 20 mil euros são uma grande ajuda. Não estarás a pedir demais? Eu garanto-te que irei pagar todo o dinheiro, tens que confiar em mim.... Então, o que me dizes? Temos acordo?" Olho para ele, parece pensativo, talvez estivesse a fazer contas à vida, a pensar no que aqueles 20 mil euros podiam fazer.

"E o restante? Tu falas te em quantias mensais, estamos a falar de quanto?"

"Depois verás, nada inferior a mil euros. No entanto, a quantia ainda não é certa. Liam, é melhor que nada, é pegar ou largar." Ele assente-me, e eu pergunto-me o que aquele gesto com a sua cabeça significará. Decerto que concordou comigo, que o acordo o satisfez, mas de Liam nunca sei bem o que esperar. Desde que o tentei matar, não de propósito obviamente, ele deixou de ser aquele companheiro que eu tinha, aquele que estava lá para tudo. Algo compreensível.

"Muito bem." Ele diz, uma euforia pouco saudável preenche-me. "Tens algum plano?"

"Esperava que me pudesses ajudar com isso." Meio que lhe sorrio.

Tomo atenção ao guarda no fundo da sala, perto da porta. Ele olha atentamente para todos aqui presentes, ele jamais pode sonhar o tema de conversa que estou a ter com Liam. Ele retira o bastão do seu cinto, memórias dolorosas daquele objeto a embater no meu corpo são reavivadas, não, não faz parte dos meus planos voltar a sentir aquela dor agoniante.

"Ouve, isto vai ser complicado, esta prisão é uma das mais vigiladas do país. Esta merda está coberta de câmaras de vigilância por toda a parte. Regra número um de um fugitivo: arranjar uma maneira de apagar todas as câmaras de vigilância." O meu cúmplice alerta-me, penso que ele sabe muito mais do assunto do que eu. Provavelmente porque está cá há mais tempo e também não devo ser o primeiro recluso a pensar fugir.

"Ok, compreendo. Mas como pretendes que eu faça isso?" Pergunto-lhe arqueando a sobrancelha.

"Estás a ver aquele guarda atrás de mim? Aquele junto à porta." Ele faz um gesto com a cabeça, sem nunca olhar para o sujeito, fazendo-me olhar para o guarda que há pouco fitava. "Repara no cinto dele."

Os meus olhos percorrem a sua cintura à procura de uma resposta, vejo a sua identificação, um cartão azul com a sua foto e o seu nome, preso por uma espécie de mola ao cinto. Os meus olhos captam também a sua arma, mas é então que os meus olhos se arregalam, é então que eu as vejo.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora