Capítulo 29 - Parte I

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Pergunto-me se deveria estar aqui, se isto não seria um passo demasiado ousado. É claro que eu já estou a passar das marcas há muito tempo mas talvez isto seja demais... Estou quase a dar meia volta e a meter-me dentro do meu carro quando me lembro que o Harry pode morrer devido à minha cobardia... Estamos a falar de acabar com a vida de um inocente, e eu tenho que fazer tudo o que está ao meu alcance. Pior do que viver com o facto dele ter morrido é saber que não fiz tudo o que podia para tentar evitar o acontecimento.

Choco os nós dos dedos na superfície rugosa de madeira, esperando impaciente que alguém abrisse a porta. Os meus sapatos de salto alto magoam os meus calcanhares, receio que uma bolha se comece a formar nos mesmos. Não sei muito bem há quanto tempo bati à porta, mas suspeito já terem passado alguns minutos. Sinto-me impaciente, nervosa também, muito nervosa.

Um homem, com cerca de 45 anos abre a porta, a sua cara abatida e enrugada, aparentando ter mais idade do que realmente tinha. A barba rala por fazer, parecia ser um homem simples, tal como a casa onde ele habitava.

"Mr. May?" Eu pergunto.

"Sim?" Ele questiona, querendo saber quem sou e o que raio estou ali a fazer.

"April Sheperd, será que podíamos falar um pouco?" Não digo quem realmente sou, temendo que não fosse muito bem-recebida.

"O que quer?" Um homem aparentemente não muito simpático.

"Eu... eu bem..." Tento pensar numa maneira de dizer o que tenho para dizer delicadamente, mas acho que não há uma. "Mr. May, eu sou a advogada de Mr. Styles, peço desculpa incomodá-lo, mas será que podia dar-me um pouco do seu tempo?" Minto, Mr. May pisca os olhos consecutivamente, ele cerra os punhos ao longo do seu corpo e respira fundo.

"A não ser que me venha dar a noticia de que esse filho da puta finalmente vai ser executado, é melhor sair daqui." Ele fala num tom de voz alto e agressivo, fazendo-me estremecer por dentro. Eu sabia que não era uma boa ideia vir aqui, nem sei o porquê do Louis me ter convencido a fazer isto.

"Oiça, eu peço desculpa, eu sei que última coisa que quer fazer agora é falar comigo, e eu não o incomodaria se isto não fosse mesmo importante..." Peço, insistindo mais um pouco.

"Como se atreve?!" Ele grita-me. "Como se atreve vir a minha casa e falar-me nesse homem?! Ele matou a minha menina, como é capaz de defender alguém assim?" Fala com desdém, com os olhos a lacrimejar. "Eu só quero que ele morra o mais rápido possível! Se eu pudesse, fá-lo-ia com as minhas próprias mãos, iria olhá-lo nos olhos e perguntar-lhe porquê, porquê a Nola?"

"Mr. May, e se eu lhe dissesse que o homem que fez isso à sua filha ainda pode andar por aí, que pode nunca ser punido pelo que fez?" A sua sobrancelha levanta, e a raiva parece acumular-se ainda mais dentro dele.

"Do que está a falar?! Por amor de Deus, vá embora!!!" Ele aproxima-se de mim, gritando enquanto aponta o seu indicador na minha direção.

"Joseph? Quem é?" Uma voz feminina grita do interior da casa. Uma senhora excessivamente magra e desgastada aparece à porta passados alguns segundos. Tem, igualmente como o marido, um ar cansado. "Quem é esta senhora?" A mulher questiona.

"Ninguém querida, vai para casa, eu já lá vou ter." Ele sorri-lhe.

"Joseph, diz-me, quem é ela." A mulher insiste sabendo que o marido lhe está a mentir.

"Mary, esta senhora quer fazer perguntas sobre a Nola..." Mr. May responde a Mrs. May.

"Deixa-a entrar..." A mãe de Nola diz, na verdade não sei muito bem porquê, fazendo com que o marido arqueasse a sobrancelha, estando desagradado com a decisão da mulher.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora