X Justice X || h.s.

Capítulo 49

Sentia-me pacífica. Era quase como se o ar que me faltava não me fizesse qualquer diferença porque na verdade, eu não sentia qualquer tipo de desconforto. Não mexia qualquer tipo de músculo, apenas... ... me deixava estar.

Os meus pensamentos ocupam a minha mente, pressinto uma presença na casa de banho, mas temo estar a sonhar. Uma mão agarra rápido o meu corpo e puxa-me com força. Então aí, aí o desconforto instala-se. Inspiro com força, sinto os meus pulmões a contraírem, tusso e vou-me habituando ao ar a entrar pelas minhas fossas nasais. A minha pele gela com a diferença de temperatura, uma vez que, a água estava alguns graus mais elevada.

"April! Mas que merda?! O que estavas a fazer?" James meio que me pergunta a gritar. Pega numa toalha e rodeia o meu tronco.

"Não é o que parece. Eu estava só a... a... tomar banho e... Coloquei a cabeça de baixo de água."

Pergunto-me se realmente estava só a fazer isso. Tudo me parece estranho agora. Eu digo... Eu não estava a tentar tirar a minha própria vida, ou estava? Pelo menos era essa a intenção antes, certo? Não estou certa de que agora ainda seja a mesma. Eu pergunto-me, é o Harry assim tão poderoso? Onde está a força interior que eu antes achava ter? Porque eu sei que o amo, eu sei que ele me ama, mas eu também sei que ele quereria que vivesse. Penso agora no que estava a fazer, pensei no Niall e na Lux, pensei no quão egoísta eu estava a ser. Não era justo que eu os deixasse aqui a sofrer quando eles não têm culpa de nada, certo? O problema, o grande problema é que eu estou a sofrer, estou a sofrer como nunca sofri e não tenho nenhum ombro amigo onde chorar. Sinto-me presa, quero deitar tudo cá para fora, quero libertar-me e não consigo, é como se algo me estivesse a consumir.

"April, amor, o que se passa?" Preocupação no seu olhar.

Fito a cara de James, analiso cada traço e depois percebo o que já devia ter percebido há muito tempo, há demasiado tempo. Não é justo para ele, James merece mais e melhor, James merece alguém que o ame e que lhe dê o devido valor. Eu amei-o, eu amei cada pedaço dele, mas agora, agora ele parece-me um desconhecido. Qualquer tipo de sentimento que eu nutria por ele dissipou-se, e por muito que me custe a admitir, a culpa é minha. Saio da banheira, adentro no quarto e enrolo-me mais na toalha. Vasculho a minha roupa e visto algo confortável.

"Por favor, responde-me. Amor, eu já não aguento mais, tu já não és tu. Diz-me o que se passa, eu quero ajudar, não percebes? Eu sei que às vezes sou um merdas, mas eu preocupo-me contigo. Porra, April, eu amo-te." Oiço a sua voz e culpo-me por tudo. Tenho a coragem de o encarar.

"James, eu..." Pego na sua mão e levo-o até à beira da cama, faço com ele se sente. Coloco-me de pé à sua frente, não largo a sua mão. Fito-o por vários segundos, percebo o quão bonito é, o quanto me fez feliz. "Desculpa, eu..." Engulo em seco.

"Diz, April. O que se passa?" O seu olhar suplicante para que lhe diga o que me vai na alma. Não o quero magoar...

"Eu... James, eu já não consigo mais... Isto não está a resultar, eu... Eu sempre te amei, eu fui a pessoa mais feliz contigo, mas-

"Tu estás a acabar comigo?" A sua pergunta sai acompanhada de um riso hipócrita. "Tu não estás, pois não?" Ele olha-me com desdém, levantando-se irritado da cama.

"James, ouve-me, tu mereces melhor, tu mereces alguém que te ame como eu te amava." Toco no seu braço mas ele impede-me, enxotando-me bruto. Oiço novamente o seu riso sinistro.

"Como te atreves, April? Como? Tu pediste-me para voltar para casa, meu deus! Tu imploraste-me que voltasse. Porque raio foste fazer isso, então?" James mostra-se confuso e magoado.