X Justice X || h.s.

Capítulo 47

Depois de ter desaparecido por alguns meses, aqui está mais um capítulo. Leiam a nota final.

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April POV

Podia sentir a desilusão de Harry, eu sabia como é que ele se estava a sentir. Eu sabia o efeito que as minhas palavras lhe tinham provocado, e o que mais me surpreendeu era que eu não sentia qualquer tipo de remorso. Não podia negar que o meu coração saltitava nervosamente no meu peito, que as minhas mãos trémulas pareciam ainda mais trémulas, mas também não podia deixar de ouvir aquela vozinha interior que me dizia que tinha feito o correto. Apesar de saber isto, temo que Harry nunca me perdoe, nunca perceba porque é que fiz o que fiz. Sei que um dia ele vai entender, pode não ser num futuro próximo, mas entenderá.

Provavelmente, fui a pessoa mais egoísta à face da terra, mas eu não me importo, desde que ele continue vivo, desde que ele respire. Se manter a pessoa que amo viva significa que ele terá de passar algum tempo num hospital psiquiátrico, então é por isso que vou lutar. Pelo menos por agora... Agora eu só quero evitar o pior caso possível, porque é a única situação irreversível. Agora, eu mantenho o seu coração a bater, depois logo arranjo outra solução. Depois eu tiro-o de lá, nem que isso signifique fugir para um país longínquo.

Agora o que me deixa com receio, é que Harry pense que eu era capaz de deixá-lo lá sozinho... Sem ninguém.... Drogado até mais não... Isso sim, deixa-me apavorada. Eu até posso permitir que ele se sinta traído, enraivecido, mas ele conhece-me, ele sabe que eu era incapaz de deixá-lo... Ele sabe que eu o amo, que vou lutar por ele...

"Muito bem, agora que ouvimos a defesa e a acusação, reverei o caso e tomarei uma decisão... Há mais alguma coisa que queira acrescentar, Mr. Williams?

"Sim, Meritíssimo." Nathan responde e levanta-se, rolo os meus olhos. "Depois de tudo o que foi afirmado pela acusação é bastante claro que Harry Styles é o culpado e deveria ser condenado à morte. O arguido já provou várias vezes ser um perigo para a sociedade, tentou matar o colega de cela, fugiu da prisão e esteve algum tempo em liberdade. Apelo ao seu senso comum, meritíssimo, ninguém lhe garante que Harry Styles não tentará fugir de novo. Penso que a pena de morte é a opção mais justa e viável."

"Muito bem, Ms. Sheperd, algo a acrescentar?"

"Sim, Meritíssimo." Levanto-me, penso que o que quer que vá dizer agora tem que ser muito bom porque será a última vez que o poderei defender... "Harry Styles é inocente e o senhor sabe disso, e mesmo que não tenha a certeza absoluta, se existir uma pequena probabilidade de o arguido ser inocente, então ele não deve ser condenado à morte. Uma vida está a ser retirada, erros não podem ser cometidos. Se chegar à conclusão de que Harry Styles é culpado, faça o que é mais humano, ele não pertence a uma prisão, precisa de tratamento psicológico, tenha isso em conta por favor... Harry Styles não é de todo um perigo para a sociedade..."

"Obrigada, faremos uma pausa de duas horas, e quando voltarmos direi o veredicto. Podem retirar-se."

***

O átrio principal, outrora calmo e silencioso, é agora um sítio movimentado. Os bancos quase todos preenchidos, onde inúmeras pessoas esperam ansiosamente pelo veredicto. Vão ser as duas horas mais longas da minha vida... Não pude falar com Harry, não me pude explicar...

Permaneço estática no meio do átrio, observo as pessoas impacientes a passarem à minha frente. Umas bebem café, outras comem alguma coisa, outras, como eu, estão simplesmente demasiado nervosas e impacientes para fazerem o que quer que seja... a minha mente tenta imaginar o que poderá estar a acontecer neste preciso momento.... Consigo ver o juiz a remexer em diversos papéis, demasiado concentrado nas provas à sua frente para sequer levantar os seus olhos das letras miudinhas. Estremeço, a vida da pessoa que amo está totalmente entregue àquele homem... Uma ligeira revolta apodera-se de mim... Nunca me tinha apercebido do quão injusto isto pode ser... Em todas as vezes que aqui estive, em todos os casos em que já trabalhei nunca, mas nunca tinha visto as coisas desta perspetiva... Como é que é possível um homem ter tanto poder? Não é justo que alguém se arme em Deus, que alguém simplesmente decida quem deve morrer e viver... Pergunto-me se depois disto continuarei a ser a advogada que sou. Pergunto-me se serei uma advogada sequer... Não me sinto a mesma April, não me sinto a mesma advogada. Perdi-me.... Perdi-me completamente...