Capítulo 56

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Um capítulo gigantesco para compensar os meses de desaparecimento... Love you

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Dia 7

April POV

Quando adentro pelas portas giratórias da firma, onde outrora trabalhava, estremeço. Algo naquele ambiente me deixa extremamente incomodada, quase como se as minhas descobertas tivessem alterado todo o ambiente. As palmas das minhas mãos teimavam em não parar de suar, uma dor fraca, mas incomodativa instalava-se ao pé das minhas têmporas. Parei mesmo no meio do átrio principal, olhei em volta, a agitação de mais um dia de trabalho a agitarem o meu interior. O barulho irritante e consecutivo das portas do elevador a abrirem, o murmurinho entre os trabalhadores, a fotocopiadora que não parava. Os meus níveis de stress a atingirem o seu máximo, o coração a querer saltar-me do peito. Cerrei os olhos com força, iludi-me e pensei que tudo não passava de mais um dia de trabalho.

Os meus pensamentos voaram até Harry. Imaginei-o com uma corda atada ao pescoço ou com um cateter no seu braço direito. Imaginei o bip contínuo acompanhado com a linha reta no ecrã que marcava os seus batimentos cardíacos. Fiquei nauseada, uma vontade enorme de expelir o conteúdo do meu estômago. Nestas últimas horas percebi que pior do que não conseguir salvar o Harry é saber que ele é inocente e, não poder fazer nada. Não que tivesse, algum dia, duvidado da sua inocência, se o fiz foi por um breve momento.... O caso era grave, ou eu arrancava uma confissão a Brown até amanhã, ou arranjava algo concreto para o acusar. Se tal não acontecesse, bem podia ver o Harry a dar o seu último suspiro. Tanto eu como Louis, parado ao meu lado, não sabíamos como iriamos proceder... Tinha a obrigação de vir buscar os meus pertences hoje, Louis impediu-me de vir sozinha temendo pela minha segurança. Contudo, nenhum de nós sabia o que fazer. Confrontar Brown? Para além de ser um homem perigoso iria desmentir. Ir à polícia? Não temos nenhuma prova, meras coincidências. Obrigar o meu ex chefe a confessar? O ideal, mas como?

"April!" A voz de Naomi despertou-me do meu transe mental. Aproximei-me do balcão onde se encontrava.

"Bom dia, Naomi." Esbocei-lhe um sorriso verdadeiro.

"Por favor, diz-me que estes papeis que eu tenho aqui à minha frente não são para a April Sheperd que me acabou de dar os bons dias." Preocupação estampada no seu rosto.

"Temo que sim."

"Mas o que aconteceu? Como é que é possível? És uma das melhores advogadas daqui, se não a melhor." A secretária a afirmar o que eu já sabia.

"Por vezes, os melhores também são dispensados." Limitei-me a dizer, suspirando. "Eu vou andando para o escritório para arrumar as minhas coisas, quando puderes passa por lá, não me quero ir embora sem me despedir de ti."

***

Harry POV

A sala extremamente limpa e branca feria-me os olhos. O espaço era acanhado, contudo, imaculado. Ri da ironia. Talvez o facto de me terem mandado, a mim e a mais não sei quantos, para um lugar limpo e bonitinho tivesse como objetivo dar nos um pouco de dignidade antes da morte. Um verdadeiro hotel de cinco estrelas dentro do Centro Prisional de Nova Iorque.

A minha mente parecia vazia, oca. Tudo isto me parecia hilariante, hilariante ao ponto de ser impossível. Querem saber no que um homem pensa nas suas últimas 24 horas de vida? Em absolutamente nada. Nada pelo simples facto de que, como se costuma dizer, a esperança é a última a morrer. Mesmo que se saiba que essa esperança é inexistente e irreal. A mente do ser humano é complexa. Então, não se pensa em nada pelo facto de tudo parecer um sonho, um pesadelo de que sabemos que vamos acordar. Só que desta vez não vou acordar.

X Justice X || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora