Esforço os meus olhos a permanecerem abertos apenas mais um pouco, apenas o tempo suficiente até chegar a casa, sã e salva, sem ter um acidente de carro. Estou completamente estoirada, sinto os músculos das minhas pernas a gritarem por algum descanso, por algum intervalo, começa a ser doloroso pisar o acelerador e o travão enquanto conduzo. O cansaço que eu sinto começa, lentamente, a transformar-se numa pequena enxaqueca, não insuportável, mas incomodativa. Avisto os apartamentos em que habito e fico aliviada... Apresso-me a estacionar o carro num sítio em que não incomodasse o trânsito, mas também onde não me desse muito trabalho a completar a tarefa.
A noite não vai muito avançada, mas o céu já se encontra completamente negro, os faróis dos carros e os candeeiros públicos ajudam-me a ver.
Percorro finalmente o corredor que me leva até à porta da minha casa, abro a mesma e retiro de imediato os meus saltos. Faço uma careta quando sinto os meus pés dormentes e doridos... Apanho o meu cabelo num coque desajeitado e retiro a minha blusa de dentro da minha saia, estou ansiosa por vestir algo mais prático. Caminho até ao meu quarto, mas rapidamente me detenho na porta do mesmo. Aprecio a sua imagem, que há muito não observava, e de repente sinto uma sensação de conforto, um conforto errado, mas mesmo assim algo que me deixava bem... Ele vira-se, detetando depois a minha presença, fica surpreso.
"Decidiste finalmente voltar para casa?" Pergunto largando um longo suspiro.
"Desculpa, pensei que não estarias em casa..." O seu olhar encontra o chão. "Eu... eu vim só buscar umas coisas..."
E depois ele olha-me.... E eu olho-o... E uma sensação agridoce faz-me querer sair dali. Deus... Eu gosto tanto dele, eu importo-me tanto com ele... Eu quero tanto poder amá-lo totalmente, ao invés de parcialmente. É como se me quisesse atirar de um penhasco, mas tivesse uma âncora a prender o meu pé, e essa âncora chama-se Harry Styles. Na verdade, por muito cruel que seja, eu quero muito ver-me livre dessa âncora, porque sei que no fundo do penhasco está o James, está um futuro, mas as correntes da âncora apenas se agarram mais ao meu tornozelo... E eu tento soltar-me, juro que tento, mas âncora puxa-me sempre para ela.
"Eu liguei-te. Muitas vezes. Fui a casa da tua mãe, mas ela nem sabia que estávamos separados." Digo entrando no quarto, quebrando a distância entre nós.
"Deixa-me adivinhar, tomaste a iniciativa de lhe contar o que se passava." Ele diz rude, frio, quase como se não se importasse comigo.
"Oh James, por favor, devias conhecer-me melhor..." Afirmo meio que chateada pela acusação dele.
"Estive em casa do Dan." Esclarece-me, embora eu já o soubesse.
"Por favor, volta para casa..." Quase que suplico. "Desculpa, desculpa por tudo." Os nossos corpos encontram-se a meros centímetros de distância. Ambos queremos acabar com essa distância, mas eu tenho medo de abusar e ele de ceder. "Por favor, James..." Eu sinto tantas saudades, tanta falta.
Harry, adeus... Eu não quero acabar como a querida Julieta, tu não queres acabar como o querido Romeu... O amor matou-os, algo tão irracional e prazeroso acabou com as suas vidas. Nós não podemos morrer, porque é isso que estamos a fazer-nos lentamente, a matar cada célula nossa. Há mundos que simplesmente não estão destinados a juntarem-se, há amores que não estão destinados a ser vividos. Harry, adeus...
A nossa diferença de alturas faz com que eu tenha que olhar ligeiramente para cima, inclinando o meu pescoço. Aproveito este nosso pequeno momento, sem discussões, sem gritos, apenas o nosso olhar. As nossas memórias a voltarem à primeira vez que nos vimos, que nos beijámos, que rimos... Oh James, tu não me mereces. Eu vou tentar, juro que vou tentar e irei levar este segredo escuro até morrer.
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X Justice X || h.s.
FanficApril Sheperd é uma das melhores advogadas de Nova Iorque, com apenas 23 anos já resolveu os casos mais difíceis. Uma jovem trabalhadora que só tem um objectivo - vencer. Dedicasse de alma e corpo a todos os casos que recebe e a palavra 'desistir' n...