001.

781 84 99
                                    

Lana Olivia Matthews

Los Angeles, 19h45

O sol já tinha ido. A brisa fria das noites de LA batia contra meu rosto e bagunçava meus fios encaracolados. Do meu lado, Ashley tinha os olhos vermelhos e entre os dedos um beck. Éramos duas melhores amigas encerrando seu domingo numa praça qualquer da cidade.

Ash e eu crescemos juntas. Nossas bisavós eram amigas. Sim, quais as chances? Muitas, já que todas as gerações à partir da delas se tornaram amigas. Nossas avós, mães e agora nós. Daqui alguns anos, nossas filhas provavelmente.

Eu e minha melhor amiga nunca brigamos. Não de verdade. Aos 9 discutimos por uma boneca, aos 11 pelo primeiro menino. E foi aí que nossa brilhante ideia surgiu: a lista. Nós temos algumas regras as quais devem ser seguidas para evitar conflito dentro da nossa amizade. A maioria delas é boba, já que fizemos essa lista com 12 anos. Lembro como se fosse hoje estar escondida dentro do meu guarda-roupa e Ashley com uma lanterna e uma coroa na cabeça. Fizemos a lista com pressa e colamos atrás da minha porta, lugar aonde ela permanece até hoje. A única regra que me perpetua até hoje, é a regra número quatro. Maldita regra número quatro.

4. CORBYN = PROIBIDO. Isso, o irmão. O irmão é proibido. No mesmo dia em que fizemos essa lista, Corbyn me deu um beijo. Éramos crianças, ele provavelmente nem lembra. Eu 12 e ele 13. Foi meu presente de aniversário especial, como ele mesmo disse. Ash não sabe disso e nem vai saber, já que ela foi bem restrita nessa regra e ainda éramos crianças.

Agora, sobre o proibido... Ele é só um ano mais velho que nós. Estudamos no mesmo colégio, nos vemos todos os dias. Corbyn é o típico adolescente americano. O carro do ano, capitão do time de futebol e muito, mas muito egocêntrico. Ele é tudo o que Ash não é. O moreno me dá nos nervos. Eu não sei se ele lembra do beijo ou se só é chato, mas as provocações e piadinhas são constantes. É atordoante estar na casa de Ashley e vê-lo passeando pelos corredores. Minha mente viaja e meu coração dá piruetas, parecendo que pode sair do meu corpo a qualquer instante. Corbyn me deixa assim. Nervosa, atordoada e culpada. Culpada por desejar o que não posso. Isso seria uma traição para Ashley e com certeza teria resultados horríveis. "Quebre a regra e ele quebra seu coração.", ela diz para mim todo santo dia. É isso. Quebre a regra e ele quebra seu coração, Lana. Vamos continuar com as regras e com o coração intacto.

— Deveríamos ir para casa. — Ashley falou enquanto revirava a pequena bolsa que estava ao seu lado.

— Sim. Falamos que íamos comer... De novo. Essa desculpa não tá colando mais. A gente chega morta de fome. — falei com a voz calma e carregada. Eu estava extremamente chapada.

— Sabe... A gente tinha que começar a falar que vamos na biblioteca. — a morena levantou do banco e eu a segui.

— Sim, porque com toda certeza acreditariam que você está na biblioteca. Eu até vai, mas você? — a encarei e ela revirou os olhos. Eu era uma aluna bem mais aplicada que Ashley. Ela era uma menina muito inteligente, mas preferia se manter na média do que estudar para conseguir mais.

— Eu estou com fome. — verbalizou a morena, com o olhar sério e voz autoritária. — Vamos passar no Mc. Eu tô com muita fome. — ela aumentou a velocidade dos passos e entrou em meu carro.

— Você paga. — gritei de longe, já que ela havia me ultrapassado.

...

Ashley abriu a porta principal da casa e eu entrei logo atrás dela. Fazíamos silêncio e tínhamos passos leves. Queríamos evitar qualquer tipo de pergunta a qual nós com certeza não conseguiríamos responder.

— Ashley chegou. — Corbyn gritou da escada assim que nos viu. Ele estava com uma calça de moletom preta e sem camisa. Seus fios morenos estavam molhados e o cheiro agradável de sabonete estava no ar. Ele tinha acabado de sair do banho.

— Você não entendeu que não queríamos que soubessem que chegamos? — Ashley o seguiu até a cozinha enquanto cochichava. Eu, obviamente, a segui.

— Sabe, quando vocês forem fumar pelo menos tentem dar uma desculpa melhor. — O moreno abriu a geladeira e tirou a garrafa de água dali. — Você é burra, mas ela é inteligente. — com a cabeça, Corbyn apontou para mim.

O meu coração até palpitou. Precisaria de algumas boas horas rezando para me auto perdoar pelos pensamentos que tive.

— Lana? Terra chamando Lana. — Ash estalou os dedos e eu pisquei várias vezes, voltando da minha realidade paralela. — Me defende! — ela falou, quase chorando. Na verdade, era drama pra que Corbyn se sentisse culpado. Essas eram as táticas dela.

— Ela não é burra. — respondi, séria. Corbyn arqueou a sobrancelha e deixou uma risada escapar. — Contei piada? — o encarei.

— Minha irmã é uma porta. — ele debochou. — Mas, tudo bem, vamos relevar e fingir que ela é inteligente. Enfim, só inventem uma desculpa melhor na próxima. Se precisarem de mim, não me chamem. — o moreno disparou e começou a caminhar para sair da cozinha.

— Babaca. — Ash resmungou e foi até a geladeira.

Quando Corbyn passou pelo meu lado, alguns centímetros de distância de mim, ele parou.

La vie est belle. — resmungou após respirar fundo. — Combina com você. — com seu sorriso mais tentador e provocante possível, o moreno deixou a cozinha.

Meu corpo estava frio por fora mas pegando fogo por dentro. Isso precisava parar, ele era a regra que eu definitivamente não poderia quebrar.

i got the rules ✩ corbyn besson.Onde histórias criam vida. Descubra agora