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Dahra Guerilla x

Entrei em casa e no mesmo momento, fui surpreendida por vários abraços. Da minha mãe, dos meus primos e da minha irmã.

No começo, eu não entendi o porquê de estarem assim, já que eu não havia ficado tanto tempo na delegacia, depois eu pensei bem. Claro, foram algumas horas de interrogatório, apenas. Mas eles estavam preocupados comigo, com a minha segurança.

— Eu tive tanto medo — minha mãe disse, ela era a única que ainda continuava a me abraçar, mesmo depois de os outros já terem se afastado e estarem secando suas respectivas lágrimas.

— Onde o Finneas está? — Erinn perguntou. Percebi que ela não falava comigo e sim, com Billie. Então, não respondi, deixei que minha namorada fizesse isso por mim.

Deixei as duas conversando, ao ver minha mãe me chamando para a cozinha, a segui, falando com minha família antes.

— Algum problema, mamãe? Algo de errado aconteceu e... —

— Não! — Elena me interrompeu — Graças a Deus não aconteceu nada. Mas, eu queria conversar com você sobre a proposta que fez — franzi o cenho, me sentando na bancada da cozinha e pensando aonde aquela conversa nos levaria.

Elena era assim, ela adorava enrolar, ou fazer suspense sobre certos assuntos, algo me dizia que dessa vez ela não faria suspense, seu rosto a denunciava.

Minha mãe parecia que não tinha parado de chorar desde que a polícia me levou a algumas horas atrás, o que eu acredito ser verdade.

Ela estava com outra roupa, percebi logo que ela tinha tomado um banho para se acalmar, ela sempre fazia isso quando estava muito nervosa.

— Mamãe, não sei sobre o que está falando, não lembro de termos feito nenhuma proposta — Elena se sentou na cadeira ao meu lado, olhando para o anel de casamento que ela ainda usava.

Era uma representação de seu amor por meu pai.

— Me lembro de quando você era apenas uma criança, tinha uns dez anos e implorava para participar das reuniões da gangue. Queria aprender a lutar, a usar uma arma, a matar — ela fez uma pausa, suspirando — Eu nunca quis que você se envolvesse, sempre quis que estudasse, fosse uma adolescente longe dessa vida, que fizesse faculdade, encontrasse alguém e formasse uma família, mas acabou acontecendo e eu não pude fazer nada. Você gastou todo o dinheiro da faculdade naquela lamborghini idiota —

Passei a mão na minha bochecha, secando a pequena lágrima que rolava pela minha bochecha. Eram muitas lembranças. Muitas coisas aconteceram com a gente, era quase impossível não se emocionar ao lembrar.

— Eu só queria um carro. Vocês se recusaram a me dar —

— Você tinha quinze anos! — Mamãe disse alto — Nem ao menos tinha tirado a carteira ainda e só sabia dirigir por insistência do seu pai — ri sem mostrar os dentes lembrando do meu pai.

— Ele me ajudou muito — sussurrei.

— E ele não ia querer que você continuasse nisso. Não é sua luta, Dahra. Nem sua, nem de Silvia, Dina, dos meninos. Vocês não nasceram pra isso. Criamos essa gangue para termos um lugar nessa cidade, para que as pessoas olhassem para gente e nos respeitassem. Já conquistamos esse respeito — Não entendi muito bem aonde mamãe queria chegar com aquela conversa.

A gangue era o que nos movia, o que movia a nossa família.

— Mamãe... —

— Você deve ir — ela me interrompeu — Vá viver com o amor da sua vida em um lugar diferente, longe disso tudo. Vá formar uma família. Você merece, todos merecem — não sabia o que responder, o que dizer.

Holding the gun •Billie Eilish• |✅Onde histórias criam vida. Descubra agora