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Dahra Guerilla x
Soltei a fumaça do cigarro e suspirei, estava frio e eu estava toda arrepiada com o vento que passava através da minha pele.
As semanas tinham sido agitadas, com muitas organizações e algumas mudanças no plano. Malone queria que fosse perfeito, não poderia cometer nenhum erro.
Quando ele se empenhava em uma coisa, ele dava tudo de si para que aquilo ocorresse da maneira mais organizada possível e esse foi um dos motivos de eu ter pedido para ele liderar a gangue ao meu lado.
Tirando ele, eu não conseguia pensar em mais ninguém naquela casa que liderasse tão bem.
Estava com a cabeça tão cheia que não falei direito com Billie esse tempo todo. Eu tinha um sentimento bom quando estava ao lado dela, mas ultimamente também sentia um medo inexplicável.
Eu nunca fui de acreditar em sentidos a mais ou sonhos proféticos, mas tudo que eu queria era que Billie ficasse aqui, só isso faria esse sentimento passar.
— Pensei que só fumava quando estava nervosa — logo reconheci sua voz rouca.
Estava na varanda do meu quarto, Billie provavelmente entrou e veio direto para cá. Ela tinha essa liberdade, era a única pessoa ali que tinha, na verdade.
— Eu estou nervosa — deixei o cigarro cair no chão da varanda e pisei.
— Por que está tão nervosa? Pensei que já estivesse acostumada com roubos e invasões — eu dei de ombros.
— Estou sentindo uma coisa estranha, não sei explicar — Billie se sentou no meu colo, deitando no meu ombro e suspirando.
Ficamos um tempo em silêncio, até ela quebra-lo.
— Me conte mais sobre a Elena —
— O que você quer saber? — dei um beijo em sua cabeça, sentindo o cheiro típico de seu shampoo.
— Tudo — ela respondeu — Quero saber como ela era, seu jeito —
Suspirei, juntando as melhores palavras para falar sobre a minha mãe.
— Elena era linda, não é porque ela era minha mãe, mas Elena era a mulher mais bonita que eu já tinha visto em minha vida. Meu pai gostou dela assim que a viu, pelo seu jeito doce. Esse jeito dela enganava todos ao redor, porque ninguém imaginava que por trás daquele rostinho tinha a líder da gangue mais famosa da América... —
— Você é igual a ela, então? — Billie me interrompeu. Eu neguei rindo.
— Eu não sou doce. Mas a parte de enganar talvez seja verdade — eu ri continuando — Elena deu a vida por essa gangue, e não porque nós ganhamos dinheiros com roubos e clubes, mas porque ajudamos orfanatos, casas de apoio a mulheres que não têm onde ir, por sofrerem abusos, lgbts que foram expulsos de casa — senti meus olhos arderem — Quando Kiana matou minha mãe, ela não só magoou nós da família, mas milhares de pessoas que a amavam e precisavam dela. Muitos precisavam dela. Eu precisava dela. Eu preciso dela — completei fungando.
