Salto alto em meio a grade.

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— Respira, beba um pouco de água.

Já é a quinta vez que Karin diz isso, mas não consigo digerir nada, nem uma gota, ainda estou assustada e tremendo, duas sensações que detesto.

Os homens que estavam no meu quarto, tiraram fotos minhas enquanto eu chorava, não se importavam simplesmente, como se até mesmo estivessem se divertindo com o meu pânico, rindo e me fotografando de toalha com o rosto vermelho. Eu saí do quarto correndo para chamar alguém, e eles não fizeram nada, andaram lentamente atrás de mim, ainda me fotografando como se eu fosse um brinquedo, e eles testavam a pilha do mesmo.

Eu havia ligado para a portaria, quase gritando ao telefone para que Sasori venha de uma vez, e quando veio, ele me assustou com o olhar estranho em minha direção, e precisei gritar mais para que parece de me encarar e tirasse os homens daqui. Por uma mísera fração de segundos, senti que ele queria me fazer mal, e talvez tenha sido o medo e o susto, mas eu senti isso e travei no lugar, agarrando firme o pano da toalha contra meu corpo. Mas ele pediu — educadamente — para que os homens saíssem, e eles saíram como se nada tivesse acontecido, como se não tivessem me assustado e desencadeado traumas antigos.

Liguei para Karin no minuto em que fiquei sozinha, eu não queria ficar nesse apartamento vazio, não até que Sasuke chegasse como havia prometido mais cedo, antes de tudo isso acontecer, não enquanto ainda sinto os olhos de Sasori no meu corpo. Ela veio o mais rápido possível, mas em compensação, trouxe Naruto junto.

— Se não beber água, ficará com a garganta seca, chaton.

Não me importo com os flertes dele, estou imersa em meus próprios medos, trêmula no canto da cama, esperando que o tempo cure tudo, como prometem, esperando que os anos de terapia venha e me inundem com os conhecimentos que tive nesse tempo, apenas esperando o trauma passar, e nada ser desbloqueado.

Essas semanas tem sido difíceis, eles estão atrás de mim como urubus, esperando qualquer coisa, e quando não tem, vão em busca disso, e me ferram profundamente com toda essa obsessão.

— Sakura, não quer tentar dormir um pouco? Tenho um remédio para isso.

Dormir? E então outra pessoa entrar, e dessa vez eu não ter como me proteger? Está tudo um horror, não me sinto confortável aqui, tenho medo de acontecer se novo, e eu estou bem demais pra ter que superar outro trauma. Outra dor no meu peito.

— A gente pode deitar aqui com você, o que acha?

Naruto está sendo gentil e carinhoso, eu me sinto mais confortável com isso, muito melhor do que ouvir suas cantadas baratas. Pensei em concordar, apesar de somente mover minha cabeça já causa uma dor chata no pescoço. Mas não precisei dizer nada, a voz dele veio alta em meus ouvidos, e mais uma vez eu tenho que estar aqui, indefesa, quando não gosto de ser protegida por ninguém, não gosto de trazer o passado ruim para um presente bom, ainda mais quando sinto que tudo vem acontecendo, todo esse assédio, porque sou casada com um Uchiha. Acho que isso é um jogo, uma forma de apostar, onde eles veem qual o lado mais fraco, surgem somente para brincar com os meus sentimentos.

— Sakura?

Ele parece ter corrido, sua voz está estranha, como se tivesse vindo o mais rápido possível. Também não gosto disso, Sasuke estava ocupado, ele deveria ter continuado lá, eu não liguei justamente por isso, entendo bem como são os prazos das peças, e todo esse trabalho técnico no ateliê. E pensando nisso, me lembro que nem ao menos chamei ele, mesmo que, se certa maneira, talvez fosse me acalmar. Mas em compensação a minha desistência em chamá-lo, só pra não atrapalhar, provavelmente Karin pensou que fosse necessário.

My supermodelOnde histórias criam vida. Descubra agora