Juliette POV
Obviamente eu estava triste por estar no paredão, mas essa não era a principal razão do meu humor estar péssimo. O discurso que Fiuk tinha feito é que tinha me incomodado mais. Eu não sabia bem o motivo, mas ele tinha um ranço muito grande de mim e só tinha piorado depois que eu e Sarah começamos a ficar juntas. Eu podia até falar que se tratava de lesbofobia, mas algo dentro de mim dizia que ele tinha interesse na Sarah e como todo macho hétero não aceitava ter perdido ela, especialmente pra uma mulher.
Sarah tentava não demonstrar fragilidade, visto que Gil e eu estávamos no paredão e ela queria nos apoiar, mas eu sabia que ela também estava arrasada com o que tinha acontecido. Ela tinha saído do jardim onde estávamos conversando com Gil, Thais, Camilla, João, Pocah e Viih dizendo que ia ao banheiro, mas já fazia um bom tempo e ela não tinha voltado ainda, então resolvi ir procurá-la.
Entrei no quarto Cordel e vi que ela estava enfiada embaixo do edredom, toda coberta. Estranhei e fui me aproximando. Ao chegar perto pude escutar o choro e meu coração se apertou. Sentei na cama e coloquei a mão sobre as costas dela, sinalizando que eu estava ali. Ela botou a cabeça pra fora do edredom e pude ver a tristeza estampada nos olhos dela.
- Eu não queria que você me visse chorando, mozão.
- E eu não queria que você estivesse chorando, galega. Minha vontade é dar uns tapas na cara de Fiuk pra ele aprender a não falar assim.
Ela segurou meu braço e puxou de leve, como se pedisse pra eu deitar na cama com ela. Tirei os sapatos e deitei de frente pra ela. Dei um selinho e fiquei fazendo carinho no rosto dela.
- Eu tô com tanto medo, Ju.
- Fica calma, Sararah. Vai dar tudo certo! Eu e Gil vamos ficar aqui. E se por acaso eu sair eu vou estar te esperando lá fora.
Ela fechou os olhos e apertou o corpo contra o meu em um abraço antes de falar baixinho.
- Não é só isso.
- O que mais tá te angustiando, galega?
- Eu tô com medo de sair daqui e lá fora ter que lidar com mais gente como ele, Ju. Querendo ou não eu sempre estive em uma posição de privilégio, sabe? Apesar do machismo, sou branca, sempre vivi como hétero... Eu to com muito medo de sofrer preconceito lá fora, eu não sei se eu aguento viver assim.
- Ôô minha linda, eu queria poder falar que não vai acontecer, mas estaria mentindo. Cê sabe como tá o mundo. Não posso prometer que a gente não vai ter que enfrentar muito preconceito porque eu estaria te mentindo, mas eu prometo que eu vou estar do teu lado, segurando a tua mão e te apoiando pra gente passar por isso juntas.
Ela desencostou o rosto do meu pescoço e se afastou um pouquinho pra olhar em meus olhos.
- Promete?
- Prometo, Sararah.
Ainda me encarando ela continuou falando com uma voz de bebê.
- Ju, ele falou que tu só tá comigo por joguinho de fazer casal, que sou tua última opção.
Me irritei e respondi um pouco rude.
- Porra, Sarah. Assim fica difícil. Depois de tudo que a gente passou aqui dentro tem espaço pra ter dúvida sobre o que sinto por você?
- Mas, Ju...
- Pare e deixe eu terminar. Sarah, eu já beijei outras mulheres, já disse isso, mas nunca me relacionei com alguma, então embora eu esteja um pouco mais desencanada e segura que você, isso também é novidade pra mim. Se eu não tivesse sentindo nada eu não ia querer passar por isso aqui dentro, porque tu sabe que não é fácil. São muitas dúvidas, questionamentos, preconceito... e ainda tem o aspecto de ser um jogo e as coisas facilmente se misturarem. Então, se eu tô contigo é porque eu quero estar, porque eu te escolhi... embora o ego desses machos não possa ver uma mulher brincar com eles que acham que são a última bolacha do pacote.
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Be my girl - Sariette
Fiksi PenggemarO confinamento e as emoções do jogo começam a mexer com os sentimentos de duas mulheres até então heterossexuais. Como será o destino de Sarah e Juliette no programa e após o fim do BBB 21? Atenção: essa é uma obra de ficção