A Justiceira {CONCLUÍDA}

01- A Víbora Negra

"Eu não sou o que aconteceu comigo, eu sou o que escolhi me tornar" - Carl Jung 

Agosto de 2018

Eliza Armstrong:

As cordas grossas que suspendiam meus braços começavam a causar uma leve queimadura em meus pulsos, enquanto eu chacoalhava meus pés apenas por diversão pois sabia que isso os incomodava. Quando aceitei essa missão, não estava em meus planos ser capturada — não que isso me cause alguma preocupação — mas o fato de algo não sair como o planejado já é um tanto quanto desesperançoso.

Antes que eu percebesse, um dos homens que estava parado diante de mim acertou um breve soco em meu rosto, fazendo um pequeno grunhido automático fugir de meus lábios. Apenas por drama, balancei a cabeça para o lado a fim de tirar os fios de cabelo que caíram em meu rosto.

— Sabe, você bate muito mal se quer saber a minha opinião! — informei ao homem que me acertou.

Eu tinha a missão de conseguir os dados de um espião russo que estava infiltrado dentro do FBI catalogando informações confidenciais, planos secretos de formação de armas projetadas para serem usadas durante a Guerra Fria, informações essas que não podiam sair do país de maneira nenhuma. A ordem era simples: conseguir os dados roubados sem causar alarme dentro da organização, porém, aparentemente eu subestimei a capacidade dos russos, e o resultado são as minhas atuais circunstâncias.

Estou amarrada em uma espécie de estação de trem abandonada, meus braços estão suspensos por cordas que por sua vez estão atadas à uma barra de ferro enferrujada. Ao meu redor, três homens me encaram, sendo que dois deles estão armados e o último é justamente o maldito espião russo.

— Quando me falavam sobre a famigerada Víbora Negra eu imaginava que ela fosse algo além de um rostinho bonito da HARPIA — falou o russo em seu idioma natural — Imaginava que alguém um pouco mais inteligente!

— Víbora Negra? — perguntei em tom sarcástico — É assim que vocês me chamam? Confesso que gostei! — falei em russo.

— Não importa o que o grandioso EUA faça, a URSS irá erguer-se novamente, desta vez mais forte do que nunca, pronta para colocar esta nação abaixo! — disse o mesmo russo.

— Confesso que é muito interessante ouvir o seu plano maléfico para dominar o mundo, mas eu realmente estou com pressa então ... — o som do meu telefone tocando e vibrando no chão, ao lado da minha jaqueta interrompeu a minha fala, provavelmente seria os meus superiores em busca do resultado da minha missão.

— É uma pena que você não vai conseguir entendê-lo, não é? — o homem de terno à minha frente falou, com um sorriso de lado — É o fim da sua carreira!

— Tem razão! — concordei sorrindo, já tendo em mente o que faria a seguir.

Foi apenas questão de segundos para tudo acontecer. O espião deu a ordem para que seus homens começassem a atirar, e com um grande impulso dado com minhas pernas, consegui quase dar uma volta completa em torno do ferro que me suspendia. Atingindo com um chute uma das armas que o soldado mais próximo segurava, jogando-a para longe.

Em meio a confusão de balas perdidas, uma delas atingiu a corda que prendia o meu braço esquerdo me dando a liberdade que eu precisava para puxar o lado direito, libertando-me completamente da barra de ferro.

Corri em direção ao homem que continuava de pé, enlaçando minhas pernas ao redor de sua cintura, derrubando-o logo em seguida no chão, a tempo de pegar sua arma e mirando bem no peito do seu outro companheiro. Restando apenas o espião russo e eu.

— Isso é impossível! — falou ele, os olhos arregalados, expondo sua surpresa.

— De joelhos soldado! — falei, logo em seguida, acertando um chute certeiro em sua coxa fazendo-o cair ajoelhado — É o fim da sua carreira!

Sem pensar muito, puxei o gatilho da arma, escutando apenas o estouro e logo em seguida, eu estava cercada por três corpos masculinos.

Há não muitos passos de mim, meu telefone ainda tocava — provavelmente, pela terceira vez — e assim que o segurei em mãos, avistei a notificação de uma nova missão na tela. Sem mais delongas, apanhei a jaqueta do chão e caminhei em direção à saída, deixando o estrago para trás.

Próxima parada: sede da HARPIA