18- Novos inimigos para a conta

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"Não preciso de modelos, não preciso de heróis, eu tenho os meus amigos" - Renato Russo

Eliza Armstrong:

Após nosso retorno ao covil no meio do nada que estávamos usando para agir, eu sentia o olhar de todos queimando minhas costas enquanto eu mesma me livrava da flecha que estava em minha barriga. A flecha não chegou a de fato fazer grandes impactos, então isso me permitia fazer um curativo eu mesma usando um espelho.

Às minhas costas, Dylan cuidava do próprio ferimento no antebraço causado pela adaga, enquanto os dois loiros restantes me encaravam, esperando uma resposta.

Na realidade, eu mesma precisava de uma resposta naquele momento. Eu não esperava vê-lo naquele lugar, pior ainda, eu não esperava que iria reagir daquela maneira. Depois de todos aqueles anos, eu acreditava ter criado uma espécie de "imunidade" — digamos assim — contra os ataques dele.

Me virei de frente para ele, preparada para enfrentar os questionamentos que viriam a seguir, e me deparei com três par de olhos — incluindo Dylan, que já estava ao lado dos amigos — me encarando pacientemente.

— Podem perguntar! — anunciei

— Eu tenho duas perguntas básicas... — começou com Anthony — Primeiro, aquele era o seu pai? E segundo, como ele se move tão rápido?

— E terceiro, ele não tinha morrido? — Dylan completou.

— Eu nunca disse que ele morreu! — respondi, olhando para Dylan — Meu pai é ótimo soldado, treinado por um ótimo soldado que preparou ótimos soldados, é natural que a agilidade quase anormal seja uma de suas características.

— Ele deixou alguma coisa escapar, algo útil? — perguntou Damon.

Dei de ombros, deixando claro a resposta. Ele nunca fala nada, a única maneira dele demonstrar o que está pensando é fazendo o que planeja. Mohamed Al-Makki criou a mulher que futuramente seria uma espiã da HARPIA, então se existia algo em que ele era bom, era arrancar segredos sem sequer abrir a boca.

— Nada útil, apenas o que nós já sabíamos — informei — Ele realmente vai tentar afundar a cidade, mas não sei quando!

Minha fala saía mórbida em um suspiro, quase monótona, eu estava exausta, havia noites que não dormia e claramente não dormiria mais aquela noite, mesmo que o tempo lhe permitisse. Ela sabia o que iria acontecer caso dormisse, era sempre o mesmo filme.

Eu lembro de tudo, surto, perco o controle, pessoas inocentes pagam.

Era sempre assim, nessa respectiva sequência. Fazia bons longos anos que eu não tinha um ataque de pânico, o último foi há mais ou menos cinco anos atrás, logo quando entrei na HARPIA. O medo constante de me descobrirem, assim como a sensação constante de vigilância — nessa época, eles ainda não confiavam em mim, se é que em algum momento confiaram, então colocavam vigilância constante sobre mim.

Da última vez, matei cerca de cinco pessoas, no mínimo. Durante a crise, a única coisa que conseguia ver era o rosto dele, e o único sentimento que lembro, era o alívio de por um instante ter me livrado dele. Mas, o alívio era passageiro, pois quando a ilusão acabava, eu me encontrava cercada por corpos mergulhados em poças de sangue, assim como minhas mãos.

— E agora, o que a gente faz? — Anthony perguntou.

— Não sei! — assumi, seguido de um suspiro cansado.

Eu certamente estava em meu pior estado físico. Havia indícios de algumas olheiras que surgiam aos poucos abaixo de meus olhos, novas cicatrizes surgiam em novas partes do meu corpo. Essa certamente está sendo a missão mais demorada e mais consumidora de toda a minha vida.

A Justiceira {CONCLUÍDA}Onde histórias criam vida. Descubra agora